Capítulo 37

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Uma semana havia se passado, estar ali era um verdadeiro tédio, pelo menos consegui alguns livros para ler e eram eles que me mantinham entretida a maioria do tempo.

- O burguesinha maluca, você tem visitas. - Disse uma das agentes penitenciário. E Burguesinha maluca foi o apelido "carinhoso" que os policiais me deram ali dentro.

Quando cheguei na sala de visitas tentei fazer a volta para retornar a minha cela.

- Onde pensa que vai, princesinha?

- Eu não quero conversar com aquela pessoa, prefiro voltar.

- Aqui você não tem escolha, agora vai lá, senta essa bunda magra na cadeira e para de me dar trabalho. - Disse me empurrando.

Contragosto caminhei até a mesa e me sentei.

- O que você quer, Julieta?

- Nada minha querida, apenas lhe fazer uma visita oras. Te trouxe uns biscoitinhos. - Disse e colocou uma vasilha na minha frente.

- Obrigada, mas não estou a fim de me envenenar hoje.

- Abra.

Eu a encarei desconfiada, mas abri o pote. Entre os biscoitos havia uma cartela de remédio.

- Que porra é essa? - Perguntei.

- É um remédio que vai tirar esse bastardo que você tem no ventre.

- O que? Você ficou maluca? Eu não vou tomar essa porcaria. Como conseguiu entrar aqui com isso?

- Eu tenho dinheiro, posso fazer qualquer coisa. E eu te recomendo tomar logo isso, eu vou conseguir acabar com esse bebê de um jeito ou de outro, então vamos optar pela maneira mais indolor, o que acha?

- Eu não vou tomar isso velha maldita, e eu acho bom você não tentar nada comigo nem com meu filho. Eu posso estar trancada aqui nesse presídio, mas não se esqueça eu ainda sou Maite Perroni e não pensarei duas vezes antes de mandarem acabar com a sua vida.

- Faça isso mesmo, e então não ficará aqui por 8 anos, mas sim a vida toda. - Disse sorrindo.

- Eu não me importo.

- Você sabe que essa criança virá ao mundo apenas para sofrer, não sabe? Ela ficará com William, que mora na minha casa. Eu vou fazer de tudo para destruir a vida dela, vou fazer com que seja tão infeliz quanto você é.

- William não permitiria isso.

- Você realmente acredita que meu filho vai continuar se importando com você ou com esse bastardo? Ele veio te visitar algum dia?

E a resposta era não, William realmente parecia não se importar.

- Ele está mais preocupado em reencontrar os amigos, rever as ficantes. Ele é novo, tem toda uma vida pela frente, nunca que ele escolheria esperar por uma criminosa fracassada. É questão de tempo para você falir, sua mãe estava a muito tempo longe dos negócios, as pessoas estão recusando a compar a cerveja da marca Perroni's. Se você consegue ainda manter o mínimo de dignidade aqui dentro é por causa do dinheiro que sabem que você tem, mas quando ele acabar... - Riu - Ai você não passará de mais uma presa imunda, será torturada, humilhada, abusada, sabe o que vai acontecer? Sua infância voltará a tona, e nós sabemos que você não vai suportar.
Então querida, se você se livrar dessa criança por bem terá minha proteção aqui dentro, senão já sabe como será seu belíssimo futuro.

- Eu já passei por muita coisa Julieta, coisas pela qual você sempre soube e nunca denunciou. E tem mais, se eu me recusar a tomar esse comprimidinho vai fazer o que comigo? Me levar a uma clínica clandestina e mandarem realizar o aborto sem meu consentimento como fez com a Jéssica?

Nesse momento seus olhos se arregalaram.

- Pois é "querida", eu também sei muitas coisas sobre você, coisas que fariam até mesmo o mais duro dos juízes a vomitar no tribunal de tanto asco.

- E que provas você tem, hein? Será sua palavra contra a minha.

- Quer tentar a sorte? Tenho registros que estão muito bem guardados e não é na minha casa não. Se você se acha tão esperta, aconselho que abaixe sua bola. Agora se me da licença quero voltar a ler meu livro. - Me virei para partir, mas acabei voltando. - Ah já estava me esquecendo, mande um beijo para seu filho, diga que estou morrendo de saudades. - Falei sorrindo cínica.

Enquanto novamente eu caminhava para minha cela meu coração batia acelerado, não nego que Julieta era a única pessoa nesse mundo que me fazia sentir medo, mas jamais demonstraria isso para ela.

"Apenas duas coisas fazem uma pessoa enfrentar o seu medo: a intromissão de um medo maior ou a expectativa de uma recompensa."

Henrique Fendrich.

Louca ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora