29. Hora de dormir

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Sem desmanchar aquele abraço outrora iniciado no sofá do apartamento da Pierce, as namoradas não se atreveram a mexer um músculo sequer do lugar e resolveram aproveitar um pouco mais daquele pequeno momento de intimidade, enquanto ainda podiam. Nenhuma delas tinha coragem de ser a primeira a desfazer o contato, era nítido. Só voltariam a se ver no fim da tarde do dia seguinte, caso o fizessem.

Brittany havia falado que levaria Santana para casa alguns minutos antes e, desde lá, nada mais foi dito. A verdade é que a morena queria muito ficar apesar do medo, e a Pierce também queria muito que ela ficasse, mas entendia totalmente seu ponto de vista. E o que diabos fazer em situações como essa? Quer dizer, deus, só precisava confiar mais em si mesma e na loira também. Essa era a resposta! Eram seres racionais. Como era idiota... Realmente, precisava de uma boa noite de sono. Estava perdendo a cabeça.

— Talvez... — A Lopez começou. — Eu não precise ir embora, Britt-Britt.

— T-tem certeza? — Brittany abriu os olhos surpresa, seus braços ainda na cintura da outra. — Não quero que se sinta pressionada só porque eu fiquei pedindo... Juro que tá tudo bem você ir pra casa, eu não me incomodo não. Sério. Eu não imaginava que se sentiria desconfortável.

— Eu sei e tudo bem. Eu quero ficar. Não é como se fôssemos duas ninfomaníacas descontroladas também... Eu hein, desculpa. Não sei o que eu tava pensando. — Santana riu e se afastou apenas o suficiente para dar um selinho na outra. — É estranho, mas sei lá... Tô me sentindo bem mais leve agora. Achei que só fosse me sentir assim depois de conversar com a médica, mas não... Parecia muito pior, antes de eu dizer em voz alta pra você. Isso me fez bem.

— Mesmo?

— Mesmo.

— Ah, então talvez você só precise se abrir mais comigo! Gostei, gostei... Não vou mentir. — Brittany comentou risonha e devolveu outro selinho. — Ai, Sannie... Não precisa pedir desculpa, eu não tô ofendida. De verdade. É normal ter pensamentos neuróticos às vezes, eu por exemplo vivo tendo. E você tava certa em se preocupar, não tinha como ler meus pensamentos. Tô feliz que me contou.

— Também tô, Britt. — Ela sorriu e passou a beijar a desenhista uma outra vez, intercalando a ação com suas próximas falas. — Seguindo... A sua... Sugestão... É melhor a gente... Ir buscar logo umas roupas pra mim lá em casa... Né?

Santana parou o beijo a fim de encarar olhos azuis e Brittany assentiu, muda.

— Engraçado. Vou te contar... Se eu não tivesse grávida pegaria as suas roupas e é isso aí, mas, como não é o caso, a história se complica um pouquinho.

— Se você não tivesse grávida nem roupa estaria usando agora...

— Q-que isso? — Santana riu, meio tímida e tampou os olhos da namorada com a palma da mão. — Brittany, Brittany... Tô começando a achar que eu não tava tão neurótica assim. Talvez, seja melhor eu reconsiderar minha estadia aqui.

— Não, não! Eu só tava brincando, San-shine! — Ela se defendeu às pressas, acompanhando o tom de brincadeira da morena e pegou na mão dela, tirando de cima de seus olhos para beijá-la. — Prometo ser mais respeitosa daqui pra frente. Me perdoa?

— É... Pode ser. — A Lopez se fez de difícil, tentando segurar um riso. — Mas, ainda não sei se eu fico.

— Justo. No caminho você me avisa, então. — A Pierce deu risada e se ergueu do sofá, ajudando a namorada a fazer o mesmo. — Fechou?

— Uhum.

Elas deixaram o apartamento, desceram o prédio todo até a saída e depois adentraram o carro de Brittany. Rádio ligado, cintos colocados, era hora de ir buscar as coisas de Santana. A desenhista estava um pouco inquieta durante o trajeto, muito por culpa da felicidade que não conseguia esconder.

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