Nós - Brittana

6. Inspira | Ação

Era uma quarta-feira, e haviam se passado quatro dias desde o último sábado. Sim, aquele em que Santana recebeu dinheiro de uma desconhecia e que a desconhecida em questão, vulgo Brittany S. Pierce, pediu um tempo de sua namorada, logo após a visita nada agradável de seus pais, etc e tal. Mas, agora era um novo dia para todos. Ou melhor, um novíssimo dia e os problemas de sempre. Noventa e poucas horas, porventura, fosse pouco tempo para tudo o que estava acontecendo.

— Rach, talvez seja melhor nós não fazermos isso.

— Ai, Kurt... Vai dar pra trás logo agora? — A baixinha sussurrou, descontente. — É pelo bem da San. Ela pode não entender, mas é absurdo o tanto de hora extra que ela vem pegando nas últimas semanas. Como se já não bastasse isso, pretende trancar a faculdade pra pegar mais horas ainda, você ouviu! A Santana precisa ter pelo menos um dia de descanso na semana, né... Ninguém é de ferro. Sem falar que aquela prova de ontem deixou ela super tensa, era a última que faltava pra acabar o semestre. Nunca a vi chorando tanto.

— Eu sei, eu sei. Entendo totalmente, Rachel... Só que ela vai nos matar quando acordar e perceber a falta do celular. E possivelmente, vai ser pior pro humor dela. Quem sabe se não temos mais chance, se tentarmos convencê-la na conversa... Sempre há alguma luz no fim do túnel, né?

A ideia dos amigos a princípio era: entrar no quarto da Lopez de fininho, sequestrar seu smartphone e desabilitar todos os alarmes da latina. Arrancando a bateria do aparelho mesmo. E, mantendo-o bem longe daquele quarto. Orquestraram todos os detalhes na última noite. Não era um plano lá muito bom, eles sabiam. Mas, ainda assim, tinha mais chances de funcionar do que uma conversa. Mesmo o Hummel sabia disso... A prima da Berry era um poço de teimosia, só fazia o que dava na telha e ponto final.

O problema é que "sabotar" a grávida, daquela maneira, talvez fosse o caminho errado também. Santana não iria perdoá-los nunca, caso perdesse um dia de trabalho dessa forma, e, mais que isso, não seria nem um pingo honesto da parte deles, por mais nobre que a intenção fosse. Fora todo o estresse que tal ação a resultaria de brinde, para somar ao mar que ela já carregava nas costas. Nenhuma opção era a ideal, mas de uma coisa eles sabiam, tinham que respeitar a escolha da morena. Era o mínimo que poderiam fazer, antes de qualquer outra coisa.

— Certo... — A Berry suspirou, dando-se por vencida. — Você tem razão. Vamos esperar ela acordar.

— Fechou.

(...)

Já arrumada, Santana deixou seu quarto encontrando Rachel e Kurt à mesa da cozinha, os olhos pidões de ambos os jovens pro seu lado. Não estava gostando daquilo. Franziu o cenho de maneira desconfiada, enquanto era recebida com uma refeição matinal visualmente fabulosa e muito, muito cheirosa. A dupla de universitários parecia um tanto quanto inspirada aquela manhã. Quer dizer, mais que o normal. Quanto a Lopez? Não precisava de mais pistas para saber o que eles queriam dela.

— Não, eu não vou tirar folga tão cedo. Nem adianta, pessoal... — Ela esclareceu, cortando a animação dos amigos logo de cara. — Em todo caso, agradeço pelo café.

— Considere ficar em casa hoje, por favorzinho... — Sua prima tentou, enquanto ela dava a primeira garfada em seu prato. — Por nós?

— Não posso.

— Vai, Tana. — O Hummel buscou ajudar na missão, com a voz suave de sempre. — Apenas um dia na semana, é só o que pedimos.

— É, San... Um dia de nada.

— Pro seu bem.

— Precisa descansar um pouco.

— Rachel, Kurt... Isso tá totalmente fora de cogitação. Já falei. — A latina bufou, soltando brevemente o garfo que segurava até então. — Por favor, parem.