12. psychotic

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🥀

Yoongi.

Jeon Jungkook é psicótico.

Talvez seja uma frase clichê desse enredo, mas ela precisa ser lembrada a cada segundo.

Mastigo meu chocolate em lentidão, pregando meus olhos naqueles grandes, que se espremem numa dor persistente e enfadonha.

Ele geme enquanto continua a se martirizar, e eu me pergunto o porquê.

Por quê alguém faz exercícios físicos?

Qual a lógica idealista para tal feito?

Saúde? Não, muito clichê.

Boa aparência física? Razoável.

Liberar endorfina no cérebro através dos movimentos? Isso nem existe.

Eu chamo apenas de psicopatia.

E é somente isso que eu associo a ele: loucura.

Tudo piora quando estremeço pelo sentimento lógico do medo, quando ele se levanta e segura um haltere, arremessando-o contra a parede, emergindo um grito de descontentamento quando seu peito sobe e desce.

Ele está em agonia.

A parede de gesso quebrada enfeita o loft clareado que nos encontramos hospedados há alguns dias — cortesia de Jimin. Ele xinga mais em fúria, tirando a roupa enquanto sai pela sala, protestando como uma criança mimada que lhe foi tirado algo.

Abstinência, raiva e querência. É tudo que lhe cega nesse momento.

Jungkook é instável. É apenas um menino. Um átomo vivendo como poeira nesse vasto universo que está cagando para a sua existência que ele cogita fielmente se ligar ao amor.

Amor esse mentiroso.

O "amor" é apenas uma reação química que obriga os animais a procriar. Nada além disso. É o que mantém os humanos claramente extasiados pelo propósito de não ter noção que suas vidas não são uma perda de tempo.

Isso, e o capitalismo.

Mas o capitalismo, eu respeito.

Me ajeito no sofá, colocando a minha bunda confortavelmente enquanto procuro algum filme pornô amador o qual suprima um dos meus vícios particulares, pouco me importando para a sua cena de raiva.

Não é como se eu fosse isento a essa merda de me agarrar a algo que me faça ter a gratidão de estar vivo. Todos nós precisamos disso. Nem que seja um pouco. Mesmo eu; uma casca vazia vagando como um andarilho sem rumo.

As barras de chocolate de diversos sabores e a gama de revistas sobre astrologia, espalhadas pela namoradeira ao lado do sofá, me confortam.

Aqui é o meu canto; meu lazer. Meu prazer pessoal é regido a partir dos meus gostos internos que precisam ser como decorativos para que eu possa me sentir em casa.

Mesmo que eu nunca tenha tido um lar.

Foco no filme pornô espalhafatoso e mal feito, composto por um tema curioso e fugaz: alienígenas.

Estou sempre querendo desfrutar o que a mente humana tem para me providênciar com conteúdos desse tipo.

Não me abstenho de nada.

E eu jamais pedirei perdão por isso.

Encaro a televisão sem piscar, vendo a mulher, que protagoniza o filme, de joelhos perante dois homens. Eu não me importo com os rostos deles, somente o dela, tentando desvendar se existe algum prazer no que ela está fazendo. Quando ela chupa o primeiro, há um brilho singelo em seus olhos. Ela, assim como eu, deve estar presa na fantasia que o homem veste: uma roupa piegas de astronauta feita à mão, com um capacete de papelão. O segundo acaricia ela, colocando sua mão pintada de verde em seus cabelos para trazê-la para o seu pau — que também é verde.

Paranoid | namkookOnde histórias criam vida. Descubra agora