15. inevitable

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— Dizem que o verdadeiro nome do amor é cativeiro. Mas você levou isso a sério demais.

Mina não é rancorosa, dá para ver como seus olhos tentam não me julgar, ao mesmo tempo que encara o ex marido com certa pena.

A repulsa também não a amedronta.

Seu rosto perfeitamente embalado num arco de calmaria, não mostra surpresa; raiva, desgosto, horror.

Isso me deixa mais aflito.

Sua mão sequer se move para chamar a polícia — coisa que eu estava esperando ela fazer, pois está nítido o estado indulgente de Taehyung: entorpecido.

A porra escorrendo em suas bochechas também revelam o sinal de abuso sem o conscientemento dele.

Mas ela não faz nada além de suspirar e arrumar os cabelos, enquanto sou eu quem choro.

De novo e de novo.

— Dê um jeito de leve ele frente ao tribunal para assinar isso. — Ela me entrega o papel quando meu soluço rompe o ambiente.

Meu corpo encolhe dentro do roupão — vergonha.

Mas seguro o papel com as mãos tremendo — medo.

Eu sempre tive pesadelos em saber como Mina me olharia em momentos assim. Caso um dia ela chegasse mais cedo do trabalho e visse Taehyung me obrigando a vestir uma de suas camisolas de seda para deitar em sua cama com ele.

Sempre tive pavor em imaginar como a decepção desmancharia seu batom cor de pêssego.

Com esse gosto agora no paladar, tudo que eu quero novamente é me ajoelhar em seus pés e implorar por perdão.

— Jimin? Você me entendeu? — Nem seu tom muda, não há repreensão. É como se ela estivesse falando com uma criança, lhe ensinando seu dever.

Talvez isso seja pior.

Se ela me batesse, me arranhasse, gritasse o que eu sou, bastasse.

Mas Mina...

Por que, Mina?

— N-não sei se c-consigo levar ele... — Meu rosto é inundação de chuva ácida; queima a cada pingo que desce por meus olhos que são nuvens escuras, carregadas de podridão.

— Jimin-ah — Ela chama, com mais calmaria que deveria, e meu coração pulsa em todo o meu corpo quando ela se aproxima. — Faça o que fez na cafeteria, não sei como. Mas eu preciso do divórcio. É tudo que eu mais quero na vida.

Ela sorri ao final, tocando meu pulso enquanto meu rosto despenca sem entendimento.

— Ele pode ser seu. Você pode... você fazer o que quiser, mas eu não aguento mais.

Minha compreensão é puro devaneio. Não entendo.

Ela o amava tanto quanto eu.

— N-não aguenta mais? — Eu murmuro junto, sabendo que meu maior desejo é olhar para Taehyung e sussurrar sem peso nos ombros: eu não aguento mais.

Só que ela não me dá uma resposta, mas seus olhos decifram o enigma escondido ali.

— O problema de se chegar numa armadilha cabível para você, é que nada te tira dela. — Ela aperta mais meu pulso, seu perfume é mais feroz em meu olfato. — Eu nunca o amei como pensas. Mas fui obrigada a este contrato.

Pisco, deixando mais chuva ácida cair. Uma lágrima pinga em sua mão delicada que não solta em meu pulso.

— Obrigada?

Paranoid | namkookOnde histórias criam vida. Descubra agora