6. hyung!

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Normalmente, como todas as pessoas em sua grande maioria, eu odeio hospitais.

Mas não é um ódio comum. É quase como uma fobia.

O cheiro massacrante de produtos de limpeza, junto ao ar gelado passando pelo meu corpo, me faz estremecer e querer sair correndo dali.

Mas não posso.

Não posso fazer nada além de fechar o zíper do moletom e colocar o capuz sobre minha cabeça, enquanto... espero.

Se me dissessem que eu sou uma pessoa amaldiçoada, eu acreditaria, pois olhando em volta, eu não sei o que fiz para merecer tudo isso.

Não que eu acredite em um ser divino que rege tudo em volta, mas se existisse, por que ele me odeia tanto?

Inflamo o ar carrasco que parece queimar meus pulmões, ao inalar aquele cheiro fúnebre, fechando os olhos e perguntando se além de amaldiçoado, eu também sou dramático e... covarde.

Mas, eu tenho o direito de reclamar. Eu tenho direito de estar com medo.

Não consigo sequer piscar, olhando para o chão branco. A minha cabeça vagueia por cenas que são distintas, fantasias criadas para me deixar bem, pois como citado, eu sou covarde. Eu não quero pensar em Hoseok, mesmo que tudo ao redor me implique isso. Eu só quero pensar em... nada. Como se minha vida não fosse minha e sim de outra pessoa, a qual eu observo miseravelmente.

— Senhor...? — Levanto a cabeça conforme a silhueta de alguém vai tampando a luz que batia em meu rosto e eu me envergonho pelo olhar que a mulher me dá. — O senhor pode vê-lo agora, mas eu preciso de alguns contatos preenchidos na recepção.

Limpo o rosto depressa, me levantando e seguindo a mulher de branco que me guia até a recepção.

— E-ele está bem? — Há tanto medo em minha voz que eu sinto que eu quem deveria ser atendido agora. Levado e sedado para ficar bem.

— Está sim. Foi apenas uma concussão, mas ele terá que ficar em observação por enquanto. — Aceno a cabeça e ela me entrega a prancheta a qual estava escrevendo. — Eu preciso saber o que de fato aconteceu. Como ele se machucou?

Desvio o olhar.

Tenho medo. Muito medo.

E sei que sou o maior dos covardes.

— Ele caiu enquanto tentava subir na parte de cima da beliche. — Não é natural, não é certo, mas por que sinto alívio ao mentir?

— Certo. Preencha o formulário com os contatos de emergência dele e com seus dados pessoais. — Aceno com a cabeça, ficando satisfeito em estar sozinho novamente.

Torço o nariz com desgosto quando olho para o papel, onde pergunta qual o contato de seus parentes. Eu convivi mais de um ano com o seu irmão e não sei o telefone dele, nem ao menos me lembro de como ele era.

É estranho e quase preocupante...

— ... Jung Hoseok. Isso... Ele está aqui? — Ouço uma voz familiar junto ao nome do meu amigo e me viro, vendo uma pessoa que eu não queria.

Ele está com os cabelos bagunçados e seus olhos parecem aflitos. Eu me sinto culpado de imediato quando o vejo. Mas não é para menos, eu deveria me sentir mais culpado do que medroso nesse momento. Mas não posso porque nem para isso sou homem o suficiente.

— Namjoon?! Mas que merda aconteceu? Onde ele está? — Suspiro, tentando manter a calma.

Seokjin dá medo. Seus olhos são ambíguos, quase maníacos para mim e eu dou um passo para trás, instantaneamente.

Paranoid | namkookOnde histórias criam vida. Descubra agora