🥀
O gosto ácido de álcool na língua, um buquê de rosas vermelhas ao lado da garrafa vazia, um arrepio e pensamentos cruéis na mente.
Vulnerável. É como me sinto.
Morto. É como eu deveria estar.
Quanto mais o vinho entra no meu organismo, mais o medo cresce junto ao efeito do pecado.
Mas não há muito o que se fazer além de tremer, chorar e velar. Esperar.
Poderia dizer que estou vivendo o inferno nesse exato momento — eu me trouxe para cá. Porém, tudo fica pior, se possível, quando um grunhido rouco e grosseiro ecoa até os meus ouvidos.
Olho para a cama grande que é ocupada pela silhueta deitada e presa de forma indefesa.
O tilintar das algemas infernizam meus ouvidos que estão aguçados por conta do silêncio que me acompanhava até alguns segundos atrás.
Soluço quando ouço sua voz sonolenta.
— Hmm... O que...?
Viro o vinho, desejando que fosse um veneno; desejando uma morte súbita.
Mas quando nada acontece, aceito que a covardia vai me matar lentamente, e eu não quero isso.
Quero que seja rápido, indolor. Porque eu não aguento mais.
— Jimin?
Meus olhos encaram o rosto distorcido sobre a cama. Há apenas confusão.
Eu limpo o meu rosto, deixando tudo imparcial e inexpressivo.
Uma farsa. Como toda a minha vida.
— Você dormiu muito. — digo, limpo.
Ele se remexe mais, tomando consciência que está preso. Seus olhos se voltam para mim e para as algemas. Inúmeras coisas inundam seu rosto, mas a promiscuidade é a mais presente.
Ele sorri, lascivo.
Sinto a raiva começar a me esquentar, junto ao efeito do álcool.
No entanto, ele não sustenta o puxar dos lábios, porque pisca rapidamente, franzindo a testa em seguida quando algo parece lhe incomodar.
— O que aconteceu? — pergunta, mas essa não parece a questão maior. — Porra! Minha cabeça tá doendo demais.
Ele tenta colocar os dedos nos olhos, mas é impedido pelas algemas que prendem seus pulsos. Sua expressão aperta mais, agoniado, e eu me remexo junto.
Olho para o lado, mas a garrafa de vinho está seca. Minha cabeça processa isso de forma agressiva, também fazendo doer, também desesperada.
— Que dor do caralho... — grunhe — me solta daqui. — Ele tenta se levantar, conseguindo o feito com hostilidade, balbuciando a dor em sua têmpora que parece incomodar mais do que tudo.
Eu apenas observo, sentado na cadeira, batendo meu pé contra o chão frio. Minhas pálpebras pesam pela noite mal dormida, o álcool desacelera minha racionalidade, mas eu ainda sinto tudo demais. A raiva opressora me mantém parcialmente são, mas a culpa chicoteia meu rosto, mostrando que eu sempre estarei vivo por causa dela.
— Se lembra de alguma coisa? — pergunto, vendo-o se remexer mais. Os olhos espremendo em agonia.
— Não? Me solta, Jimin. Depois eu deixo você me amarrar de novo... caralho! Que dor! — ele se agita, revolto. A força que tenta se soltar das algemas, parece sobressaltar suas veias. — O que eu bebi ontem?!

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Paranoid | namkook
Fanfiction[Concluída] "Um dia, seremos só nós dois... " Simples palavras e uma inocente promessa. Namjoon se sentia observado; paranóico nas rachaduras da venda que cobriam seus olhos. Ou era mesmo verdade, que ele estava sendo perseguido? Mas por quem? Há d...