8. Lavender and velvet

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O que mais me chama atenção nas obras de Nietzsche, as quais eu comecei a consumir, achando útil para mim ter a mente preenchida por algo que não tivesse minha obsessão por Namjoon, sendo ligada diretamente a ele, era o fato de como ele defendia a moral em um ponto de vista não metafísico, ou sequer valoroso, perante a sociedade atual. O que de fato, seria o bem e o mal, ante os olhos dos homens.

Ainda que fosse suja, repugnante e anticristã, a moral é imparcial, pois os valores que carrego em mim, homem nenhum pode refutar.

Talvez este meu amor, possessivo, imoral e sujo, seja a única forma que eu consiga demonstrar o que tenho de tão sublime em mim. — Que tenho todos os requerimentos para se estar no céu, ao lado do Deus que ordenou que amássemos o próximo.

Se me chamas de doente, eu o refuto perguntando quem lhe ensinou que a minha forma de ver as coisas são erradas.

Nietzsche diz que aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.

Contudo, ao abaixar a taça de champanhe dos meus lábios, eu sorrio pela forma articulada e ensaiada que penso aquilo, como um intuito de me fazer acreditar em mim mesmo.

Mas não o faço. Seria como admitir que Jiyong estava certo. — Que era valorosa a forma que dizia me amar, quando tudo que minha vida conhecia era o sofrer.

Todavia, mesmo não acreditando fielmente na minha moral questionável, eu sou bom o bastante para fazer os outros acreditarem.

Esse é o meu trunfo.

— Ele está preocupado. — O soar do mastigar ao meu lado aumenta ao passar dos segundos. Yoongi tem um grande e desprezível apreço pelo açúcar e coisas que remetem a isso. Já eu, prefiro o amargo, como o do champanhe caro que tomo.

— É Hoseok. Ele está pensando nele. — Tomo o último gole da bebida sem tirar os olhos do dono das minhas transgressões à frente.

Ele está aflito. Mira o melhor amigo com culpa, enquanto tenta trabalhar ao mesmo tempo.

— Ele é um idiota. — Yoongi murmura e eu solto a taça, virando levemente em sua direção, colocando minha mão em sua nuca, acariciando seu cabelo grande que cresce ali.

Aperto o local, vendo ele me encarar, mas logo desviando os olhos dos meus para a minha boca.

— Vá até Jimin e mande ele fazer Namjoon subir.

Ele pisca, lambendo a boca suja da pasta cremosa de morango, de algum doce o qual comia.

— Guarde para mim. — Ele me entrega a bandeja grande e prata que contém os seus aperitivos e se levanta, indo em direção a Jimin, que conversa com os seus convidados, fingindo que a comemoração daquela encenação é sua.

Esse sim é digno de pena.

Ou melhor, de desprezo constante.

Volto meus olhos para Namjoon, vendo apenas a silhueta de seu quadril vestido por uma calça social escura, abaixada atrás do balcão.

Meu ventre se contorce quando ele levanta e eu percebo a pequena amostra da pele de sua barriga se revelar, por causa do tamanho da veste que não parece ser a sua.

Ele, assim como todos os garçons do local, vestem um conjunto de uniformes sociais, compostas por uma blusa branca, um colete azul escuro e uma calça do mesmo tom, deixando-os inteiramente à mercê do conhecimento que eles estão ali para nos servir.

E eu não poderia estar mais em júbilo com os trajes de meu amado.

A roupa é apertada em seu corpo, mas lhe cai imensamente bem, me deixando desnorteado quando eu o vi. Jimin sorriu em meu pescoço ao presenciar meu estado catatônico de espanto e prazer em vê-lo naqueles trajes. E foi a primeira vez que o agradeci verdadeiramente, por algo que ele me fez.

Paranoid | namkookOnde histórias criam vida. Descubra agora