19. ouroboros.

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— Ele tem irmãos. — Com muita preguiça, a voz arrastada chegou até mim. — Namjoon tem irmãos. Não são valiosos para Jungkook de uma forma convencional, mas ainda são alguma coisa. Ele os vigia desde que começamos com Namjoon... Então, você sabe, comece do começo, deixe o meio desfigurado e faça do fim um espetáculo. Aqueles da Pixar que tem uma lição de moral no fundo, que eu nunca entendo.

Ele coloca os óculos de volta no rosto, deixando o sol da tarde dar cor e "paz" para aquela pele tão branca.

E eu... eu sorrio.

Sorrio para não vomitar.

— Você é a coisa mais nojenta que eu já vi na minha vida. — Chuto sua perna, jogando o cigarro aceso dentro da piscina.

Do outro lado, minha mãe levanta os braços, com auxílio da enfermeira para pegar uma flor do jardim.

Mas não tem flores. Não tem um "jardim" apropriado. A casa está caindo aos pedaços. Não tem vida.

Sora era quem cuidava de tudo.

Até das flores, indicando a direção para as abelhas pousarem nelas. A piscina não tinha bitucas de cigarros boiando, ou água verde podre.

E minha mãe não tinha uma enfermeira porque começou a ficar louca pela filha desaparecida.

Morta.

Morta sem qualquer culpa.

— Sabe qual o problema da vingança? — Yoongi se espreguiçou, ainda sem vergonha de estar com um short tão curto na casa da minha família para pegar sol. A cor verde da piscina parecia boa o bastante para descer por sua garganta e encher seus pulmões. Uma nota para mais tarde. — É rápida. "Bum!" E acabou. A libertação... você já usou ecstasy? Claro que já, você é um maldito médico. O alívio é mais rápido que o efeito do ecstasy. Passa como um vento soprando os cabelos. Você gosta do meu cabelo grande? — Ele espera uma resposta e eu reviro os olhos. É sempre um inferno conversar com ele. — Vou entender como um sim. Então... tire Namjoon dele. Certo, despedace ele antes de finalmente dar o golpe final. Mas isso duraria o quê... uns 30 minutos? Talvez 1 hora? Tedioso! O alívio vai durar menos que isso. Vai passar raspando pela sua cabeça. E sua irmã vai continuar morta.

Chuto de novo sua perna, dessa vez forte o bastante para sua pele clara ganhar um vergão roxo rápido. Espero um grunhido, mas ele não tem reação.

É uma anomalia.

— Me bata o quanto quiser, mas saia da frente do meu solzinho. Tô branco igual um palmito.

Um parasita, para ser mais exato.

Porque é verdade. Eu já pensei nisso. Noites e noites. Dias sem fim. Desde o momento que eu soube do desaparecimento dela.

Da morte dela.

Coisa de irmãos, ou só intuição masculina.

Por que masculina? Porque Sora era uma mulher forte. Chamava a atenção.

Ou talvez seja porque ela era só uma mulher mesmo, e isso já fosse o suficiente nesse mundo maldito para uma mulher morrer em nome de nada.

Depois de ir à polícia, eu entendi que a justiça é uma consciência coletiva feita para homens.

Sora "havia" deixado uma carta com o que parecia ser sua letra legível, se despedindo — fugido sem qualquer motivo sólido. Bastou isso para convencer a má reputação administrativa policial.

Paranoid | namkookOnde histórias criam vida. Descubra agora