• Tw: sonofilia não-consensual, abuso sexual e menção de sangue.
🥀
Estou com fome.
Tanta fome que vejo a loucura abrir a porta para os meus instintos primitivos saírem.
Há dez anos estou passando essa fome, e na minha frente está o único alimento que pode saciar-me.
Meu corpo é uma planta carnívora insana, pronta para cravar os dentes no excesso de carne que está se oferecendo como um banquete para mim. Kim Namjoon é a refeição que quero devorar com um ranger de dentes que ameaçaria partir minha mandíbula ao meio.
Só ele poderia matar isso em mim.
Mas eu preciso ter calma.
É o que repito para mim em uma repreensão feroz que machuca minha garganta: tenha calma.
Entretanto, a irracionalidade junto à fome são atributos que estão me levando à insensatez.
Não sei quanto tempo posso me segurar.
Estou em pé, parado em frente ao seu corpo que ressona um ronco calmo, passivo. Ele está totalmente alheio à minha agonia, a qual eu aperto os punhos para conter o ser bestial que habita em mim, como uma fera selvagem vendo a primeira refeição em eras.
Minhas pernas doem, paradas no mesmo lugar que horas atrás, quando eu coloquei seu corpo sobre a cama.
A realidade pesa; esmaga meu consciente ao gritar que ele é meu. Está na minha frente respirando calmamente, inconsciente de tudo ao redor, à mercê das minhas vontades.
Quantas coisas eu poderia fazer agora?
Essa é a parte que tento matar em mim enquanto faço os meus lábios sangrarem pela punição própria que me dou como uma forma de contenção.
Mas...
Eu poderia ter ele em meus braços como eu quisesse. Poderia devorar cada parte do seu corpo; ver suas lágrimas involuntárias rolarem enquanto eu as limpo com a minha língua, desfrutando de como seu corpo reage a mim; de como me quer também sem saber. Poderia dar-lhe prazer. Poderia matar minha fome.
A onda rompante de loucura me atinge novamente como uma espada afiada quando ele se remexe sob os lençóis bagunçados, franzindo a sobrancelha em um sinal que está tendo algum incômodo, mas logo suaviza as linhas de expressões, voltando ao estado natural de paz que me inferniza por dentro.
Lembro-me que já estive nessa mesma situação antes, mas havia sido mais fácil, dada as circunstâncias. Ele morava em outro prédio, onde a habitação era uma carcaça mal cuidada e sonegada. Eu entrei em seu quarto uma noite, pulando a janela como se fosse um inseto de longas patas. Velei o seu sono naquela penumbra; satisfeito em olhar como ele parecia em paz estando daquele jeito. Foi fácil estar em sua presença, apesar de quase ter morrido naquele mesmo dia por escalar janelas altas demais em um bairro esquecido de Seul. Mas foi bom, tanto que repeti o ato perigoso como um ritual a partir dali.
Agora, obviamente, é diferente. Eu o tenho em um conforto propriamente programado. Tenho um plano, uma cena para criar e para isso, tenho que tocar nele, ficar ao seu lado enquanto está adormecido e entregue a qualquer lobo que queira consumir sua carne.
Estou verdadeiramente em pânico.
— Porra! — Cuspo o palavrão enquanto arranco meus pés do chão, caminhando até a cozinha.
Tudo queima como brasa dentro de mim. E ao beber água da torneira, eu me enjoo pelo gosto do sangue que agora pinga na pia, resultado da agressão em meus lábios, língua e bochecha. Tanto faz. Só sei que isso é uma merda!

VOCÊ ESTÁ LENDO
Paranoid | namkook
Fanfiction[Concluída] "Um dia, seremos só nós dois... " Simples palavras e uma inocente promessa. Namjoon se sentia observado; paranóico nas rachaduras da venda que cobriam seus olhos. Ou era mesmo verdade, que ele estava sendo perseguido? Mas por quem? Há d...