Paranoid | namkook

4. pale skin

Hoseok está me evitando.

Ele treme as mãos como se estivesse em um choque profundo e eu me preocupo com isso, já que sou o causador de seu estresse.

Estamos dentro do metrô, indo para o trabalho que ele tanto bateu o pé dizendo que não deveríamos ir.

Eu sei onde deveríamos estar. Mas como eu tanto lhe expliquei, isso tudo parece irreal demais para ir até a polícia e soar convincente para eles.

Mas tirando toda a tensão da história, eu estou ridiculamente aliviado por meu amigo ter acreditado em mim. Eu não sei o que eu estava esperando, mas não era essa reação dele. Apesar de que, claramente, eu trouxe o caos para a sua vida pacata com os meus problemas. De novo.

Mordo meus lábios já machucados e olho em volta tentando encontrar algum assunto diferente para abordamos e esquecermos disso por um segundo ao menos. Eu não suporto como Hoseok não consegue soar transparente e todas as suas emoções se instalam em sua feição. Ele está com medo, mas mais do que isso, ele está com raiva.

Raiva de mim.

— Eu achei ele interessante. Tipo, eu não sabia que você realmente estava envolvido com alguém de verdade, já que você sempre fala de pessoas que parecem diferentes para mim. Ele é diferente do tipo de pessoa que eu imagino você estando, mas você parece... bem com isso. — Digo franzindo a sobrancelha pensando sobre isso. Há muito o que se analisar sobre Seokjin. Não que seja da minha conta, mas eu estou incomodado.

Ou apenas paranóico.

— Sabe o que eu acho engraçado? É que eu sempre te conto tudo. Eu falei sobre Seokjin para você mais vezes do que posso me lembrar. Falei sobre como o conheci, como nós ficamos pela primeira vez. Falei sobre tudo! Porque eu sempre falo tudo para você! Minha família, minha rotina, minha faculdade... meus medos, inseguranças, o que me deixa feliz e o que não me deixa. Eu sempre estou tagarelando sobre tudo, mas você não parece ouvir quando falo, e o pior é que você acha que não deve fazer o mesmo. Mas eu sei, Namjoon! Eu sei que você tenta. Sei que faz o melhor para ser um bom amigo. Mas no fim, eu não sei nada... nada sobre você. E para mim estava tudo bem, porque você é reservado. Até quando me contou sobre Sora eu fiquei espantado com aquilo, porque eu sequer sabia que você estava com alguém. Mas agora, eu vejo que talvez eu não seja tão relevante na sua vida para saber dela. — Engulo a seco tentando processar tudo que ele disse. Não parece certo. Eu nunca ouvi ele falando de Seokjin e eu sempre ouço o que ele me tem para dizer. Ele é tudo que eu tenho aqui. Tudo.

— Não é verdade! — Altero a voz dentro do vagão e sinto os olhares em mim. Droga. — Hoseok... — Tento o tocar, mas ele se afasta. — Eu não gosto de incomodar, você sabe que é só isso... E...

Me calo, pois sei que ele não quer ouvir.

Minha relação com Hoseok é independente demais. Costumo ser uma pessoa que como já dito mil vezes antes: não gosta de incomodar, mas também há o fato de Hoseok ser inconveniente demais sobre os assuntos.

Quando passei por tudo aquilo ano passado, eu me vi vulnerável e cedi à fraqueza de correr para os braços do meu amigo para me apoiar quando alguém havia tirado meu chão. Não me lembro da época sobre sua reação no assunto, mas pouco me importei porque dias depois eu havia me arrependido de ter o contado.

Porra, eu tenho razão nisso. Ele usou essa história de diversas formas para abordar assuntos que eu queria enterrar, trazendo à tona que tinha que haver um fim.

Hoseok é um bom amigo, mas também um ótimo fofoqueiro. Se é essa a palavra que devo usar.

Inconveniente também parece válido.