Min Yoongi?
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— Podemos começar? O senhor está confortável?
Eu não estava.
A luz que vinha do segundo poste iluminador machucava meus olhos, mas eu não poderia reclamar já que fui eu que decidi trocar meus óculos por lentes de contato da noite para o dia.
— Com medo da minha espinha na testa ficar muito visível na internet, mas sim, estou bem. — A entrevistadora sorriu, cruzando as pernas com meias escuras esticando elas.
Levei meu dedo até o rosto, na mania de ajeitar meus óculos, mas eles não estavam lá.
— Então, como o senhor está lidando com a turnê mundial? Foram quantos países até agora?
— Apenas cinco.
Apenas. Ela sorriu do outro lado.
— E como está sendo? É um livro de grande sucesso e eu sei que o senhor deve ter ficado contente com a recepção de pessoas de vários lugares por conta dele.
— Surpreso, eu diria... — Me remexi no assento, olhando para baixo. De frente ao espelho, eu ensaiei as respostas, mas elas nunca saem como eu queria. — Não achei que venderia sequer uma cópia no meu próprio país, quem dirá em outros.
Sorrisos juntos. A entrevistadora balança a cabeça em descrença e é sempre estranho ver as pessoas discordando de mim quando digo que meu potencial é fraco.
— Um livro de suspense minucioso e bem trabalhado ganharia notoriedade, mesmo que não estivesse esperando por isso. Não há muitos coreanos investindo nessa narrativa que é alvo de muitas críticas. Mas nos conte como tudo isso começou; como um simples hobby parou em uma grande carreira como escritor.
Simples hobby.
Essa parte me dá vontade de sorrir, porque claramente é mentira.
Não a parte de escrever pela primeira vez, mas a parte de ser um hobby.
Não foi uma atividade para passar o tempo.
Foi uma necessidade.
— Eu sempre digo que estava entediado e juntei o meu amor por filmes e livros do gênero para criar algo meio embaçado na minha mente. Nunca foi intencional que virasse o que virou. Eu apenas segui meu instinto e continuei a escrever.
— E quem te incentivou a publicar?
Coço o rosto, desviando o olhar.
— Minha irmã. — A entrevistadora sorri.
— Ela é muito popular também com seus vídeos sobre crimes reais no YouTube. Certo? Não só no YouTube como também nas mídias sociais por conta de sua nova marca de tintas de cabelo. O senhor já quis pintar o seu? — A leveza da entrevista é confortável, eu admito. A mulher na minha frente sabe o que está fazendo, diferente de qualquer outra entrevista que ia direto para as facadas.
— Nunca me interessei, mas Sorran sempre manteve o cabelo vermelho e eu achava bonito. Até me esqueci uma época que não era sua cor natural. — Sorrimos de novo.
Eu forçado, e ela leve.
— Bem, acho que o senhor deveria tentar. Loiro cairia bem.
— Eu vou ficar devendo essa. — Dou de ombros.
Há mais risadas na sala fria. Abaixo os ombros, tentar relaxar. Odeio essas entrevistas, odeio essas turnês e odeio onde tudo chegou.
Mas faço o melhor para fingir.

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Paranoid | namkook
Fanfiction[Concluída] "Um dia, seremos só nós dois... " Simples palavras e uma inocente promessa. Namjoon se sentia observado; paranóico nas rachaduras da venda que cobriam seus olhos. Ou era mesmo verdade, que ele estava sendo perseguido? Mas por quem? Há d...