7. what I am?

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🥀

Jungkook.

Algum tempo antes.

A capital de Seul tinha um ar diferenciado. E não só pelo aglomeração de pessoas, ou a fumaça sufocante de transportes que pairavam ali, e nem mesmo pelo cheiro ruim de entulho em cada canto de esquina. Era um ar que fazia você ansiar por liberdade.

É o que te deixa vivo e te mata ao mesmo tempo.

Eu gosto dessa sensação de falsa liberdade.

Encaro o relógio em meu pulso, vendo marcar onze horas da manhã. Fumo o último trago de cigarro em minha mão e o jogo longe, sentindo a ansiedade me tomar assim que me livro da única coisa que minha mente insiste em concluir que cessa a minha falta de paciência.

Sem querer esperar mais, eu entro no estabelecimento pequeno e calmo, afim de querer me distrair até a hora certa.

Vou até a mesa distinta que se localiza em frente à parede perto dos banheiros, onde ninguém gosta de ficar.

O lugar tem um cheiro bom, mas é extremamente irritante ao meu ver, assim como a cara do dono que me encara sorrindo, vindo em minha direção.

— Bom dia. Você vai querer o de sempre? — Sinto meu estômago embrulhar ao ver o sorriso sórdido do velho infeliz.

Mas, como ele, eu também mostro o meu sorriso presunçoso.

— Sim, por favor. — Ele se afasta, mancando em uma perna e eu me pego pensando em como fazer ele mancar com a outra, o mais rápido possível. Até ele não poder mais andar.

O café forte me desperta. O bolo de cenoura não me é agradável, mas eu como, pois assim me distraio.

O lugar vai tendo movimento, ao que indica a hora do almoço e eu sinto a ansiedade me tomar.

Mas logo a causa dela aparece em minha frente.

Sinto o arrepio que sempre me mantém desperto, se destacar por minha pele. Ele veste as mesma roupas surradas de ontem e seu cabelo bagunçado dá a impressão que ele acabou de acordar. — Ou sequer dormiu.

Eu me agarro à xícara quente de café, que por um instante parece ter desaparecido, assim como tudo ao meu redor.

— Namjoon! Você está atrasado! Olha o tanto de gente. Eu vou ter que descontar do seu salário de novo. — Leio o que o homem baixo e insolente diz, através de seus lábios hediondos. Meu corpo esquenta, mas sou capaz de me conter, observando os olhos cansados de meu amado.

Ele se curva, sem ao menos se defender. Seu andado cansado se arrasta até os fundos, onde ele passa uma parte do seu tempo.

Levo o pulso até a minha visão, observando que são exatamente onze e quarenta e ele não está atrasado, o enorme relógio da parede do estabelecimento que está adiantando.

E ele sabe disso. Mas não é capaz de contestar. Tem medo de perder o que tem.

Bato os dedos na mesa, esperando ele aparecer novamente, e ele vem, depois de algum tempo. Ao passar do balcão, eu vejo seu sorriso abatido se formar ao se dirigir até uma mesa que contém adolescentes sentados nela. Levanto o boné e me ponho a observar.

Nada é meramente comparado ao estado de transe que me encontro ao encará-lo.

A fragilidade em seus olhos me quebra, assim como seu sorriso que nunca dura o bastante em seus lábios.

Eu quero me levantar e trazê-lo até mim. Fazer com que ele saiba que tudo ficará bem em breve, mas tenho que esperar. Mesmo que me torture vê-lo quebrantar pela vida dura que é obrigado a ter.

Paranoid | namkookOnde histórias criam vida. Descubra agora