CORO DE MULHERES - (Canto.) Tapeçarias e brocados, túnicas, bordadas e camisolas finas como o ar, ornamentos de ouro, serviços de prata, tudo que é meu é de vocês, eu ofereço a todos de todo coração. Levem o que precisarem ou desejarem, para o filho, para a esposa e para a filha virgem que espera o prometido. Não há, aqui, nada tão bem fechado que não possa ser aberto com facilidade, para vocês tirarem de dentro o que entenderem ou botarem lá dentro o que quiserem. Se, por acaso, a algum de vocês falta o grão com o que aumentar o escravo, a mulher, o filho, não esperem, levem os cereais desta despensa. Os mais pobres tragam bolsas e sacos, meus escravos encherão uns e outros, do melhor que haja. Aqui tudo é de vocês. Apenas uma coisa - cuidado com o cachorro! (Outro Magistrado entra e começa a bater na porta da Acrópole.)
SEGUNDO MAGISTRADO - Vocês aí, abram a porta! (À Coriféia.)
Abre a porta, anda! Vamos. (Às mulheres que se sentam em frente à porta.) E vocês, que é que pretendem? Ah, já sei, querem ser tostadas pela minha tocha. Que sem-vergonhice! Não, não queimarei nenhuma de vocês a não ser que seja absolutamente necessário. (Pára, espera.)
UMA ATENIENSE - Precisa de ajuda? (Maneja a tocha que tem na mão e o coro de mulheres sai.)
SEGUNDO MAGISTRADO - (Ao coro de velhos.) Fora, fora, vocês também, ou eu lhes arranco esses restos de cabelos brancos. Deixem o caminho livre para os espartanos! Eles vêm vindo da festa da Paz. (Os velhos se retiram.) (Imediatamente saem, como já tendo terminado o banquete ateniense.)
MAGISTRADO - Jamais na vida vi banquete igual. Os espartanos são encantadores. Então, depois que eles bebem e depois que nós bebemos, nós ficamos mais encantados com eles e eles mais encantadores pra nós. Que encanto são esses lacedemônios! É apenas natural da natureza; sóbrios somos todos tolos. Se os senadores aceitassem meus conselhos, Atenas só enviaria às outras cidades embaixadores bêbados. Chegamos em Esparta. A ordem é não beber. E o que acontece? Na primeira discussão, entramos em conflito. Não compreendemos o que eles nos dizem, imaginamos uma porção de coisas que eles não disseram, respondemos grosso, sem a boa vontade que a bebida traz e, pronto!, já lá se vai uma embaixada. Mas olha, vê como hoje é diferente! Tudo que acontece é bom, é divertido. Podem até arrotar na hora de nossos cantos sagrados, que não achamos má educação. Um perjúrio ou dois durante uma boa refeição entre amigos, algum deus vai lá ligar pra isso? (Os dois coros voltam.)
Mas voltaram de novo? Querem ir embora daqui antes que os ponha pra fora da cidade a pontapés? (Os coros saem novamente.)
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Lisístrata
HumorLisístrata ou A Greve do Sexo, é uma comédia escrita por Aristófanes no século 411 a.C.. A história fala sobre um conjunto de mulheres que, cansadas da guerra que seus maridos, amantes ou amigos lutavam, entraram em abstinência de sexo, com o intuit...