Já teve aquele dia em que tudo deu errado na sua vida? Não, não estou falando do dia em que você está de mau humor e pequenas tragédias parecem o fim do mundo, estou falando de tudo dar errado mesmo, catástrofe das piores em todos os sentidos e setores da sua vida.
Eu achava que já tinha tido dias péssimos, mas depois do dia de hoje, descobri que tudo sempre pode piorar infinitamente, até sua vida tornar o inferno um lugar tentador pra se viver. Acha que eu tô exagerando né? Então deixa eu contar um pouco do meu dia, e das piores vinte e quatro horas que já vivi.
Acordei me espreguiçando na cama, espichando as pernas e os braços pra tudo que é lado, e olhei pro meu celular: 11:15 da manhã:
– Onze? Que inferno! -- Levantei num pulo e olhei pro radio relógio, que me mostrava aquele onze e quinze em números brilhantes, tranquilamente, depois de ter me traído ao não despertar.
-- Tá me mostrando que é onze e quinze porque em ô infeliz! Devia ter berrado na minha orelha as sete, as sete como todo dia coisa imprestável! -- Ele apenas se dignou a dar uma piscadinha e mudar pra onze e dezesseis. Dei um urro de ódio e corri vestir uma roupa qualquer. É, eu ia sair fedendo mesmo, não dava tempo pra banho, mal passei no banheiro, e saí correndo pela porta. Tá, fedendo fedendo eu não estava, mas também não estava maravilhosa de banho tomado como devia ser.
Esperei o elevador, mas quando ele parou estava subindo. Desci correndo nove andares de escada, quando estava passando pelo quinto, encontrei a vizinha do 705. Enquanto ela subia a escada linda num traje de ginástica, eu corria escada abaixo, escabelada, amassada, escovando os dentes, espumando pela boca igual um cão com raiva. Ai que mico! Pior que ela é muito gatinha, e me olhou como se eu fosse uma criatura desses filmes de monstros. Três meses mandando charme pra vizinha no elevador, na quadra do condomínio, um trabalhão pra ela me dizer que se chamava Ive e me dar seu telefone, e foi tudo por agua abaixo com aquela cena de maluca com a boca cheia de creme dental.
Entrei no carro na garagem do prédio, e me senti com sorte, porque nas ultimas semanas tinha um maluco me trancando na vaga com a sua moto, e desta vez ela não estava lá. Saí da garagem e andei uns dois quilômetros, sem trânsito, até pensei que apesar de atrasadíssima, as coisas estavam melhorando, liguei o rádio e ecoou o trecho de uma música, "dias melhores pra sempre..." E depois de uma engasgada, três enguiços e um barulho que parecia até tosse, meu carro parou de funcionar!
Parei no acostamento, e desci. Não precisava nem abrir o capô pra ver que a coisa tava feia, pois a fumaceira que saía dali era quase motivo pra chamar os bombeiros. Coloquei as mãos na cabeça, e falei pra mim mesma:
-- O Leonel vai me matar! -- Deve estar se perguntado, quem diabos é Leonel? Quem? Leonel é meu chefe, um insuportável arrogante que fez faculdade comigo, tinha notas muito inferiores às minhas e é meu chefe. Ele trapaceou? Não, apenas ele tem grana, abriu uma agência assim que se formou, a pior agência da cidade, talvez a pior da galáxia, e me chamou pra trabalhar com ele.
Tenho absoluta certeza que ele fez tudo isso só pra poder mandar em mim, aquele mala! Porque eu aceitei? Porque ao contrário do Leonel, eu não tenho grana sobrando, e estava toda ferrada, cheia de conta pra pagar. Pobre né, sempre cheia de conta pra pagar!
Eu sou fotógrafa, e o que eu faço basicamente na "Agência Merda LTDA" são panfletos de publicidade. Não, o nome da agência na verdade é "Leonel Masters Publicidade", o que dá no mesmo, sei lá porque o Masters, porque o sobrenome do Leonel é Rego, e ele tem cara de rego, rego cabeludo, aqueles que sobram pra fora da calça do borracheiro quando ele se abaixa pra consertar o pneu.
Enfim, o que eu faço basicamente é tirar foto de fogão, geladeira, toalha de mesa, aquelas pessoas de pijama com cara de comercial de margarina, modelos desconhecidos vestindo as promoções da loja em liquidação, sempre umas lojas fuleiras, porque ninguém que tem um bom negócio e um cérebro ia contratar uma agência de merda como a que o Leonel abriu, pra nada importante.
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Ataque das Ex Namoradas Zumbí (não ficção)
RomanceAcompanhe Penélope e suas ex namoradas, que não são realmente zumbis, mas quando ela acreditava que estavam "mortas e enterradas" reapareceram querendo lhe devorar. Pepê nos conduzirá por horas de diversão entre seus relacionamentos mal resolvidos...