Capítulo 13 - Ensina-me a viver

84 10 3
                                    


Depois de roubar a noiva do casamento caipira, eu estava radiante, pilotava sorrindo com suas mãos coladas ao meu corpo. Confesso que as pessoas na rua olhavam um pouco intrigadas quando passávamos. Rumei pra uma praça no alto da cidade, que eu gostava bastante por ser um local abandonado e bastante calmo. Descemos da Mobilete e sentamos em um tronco olhando a paisagem, mas logo nos olhamos, sorrimos, e nossos lábios mais uma vez buscaram-se em um beijo cheio de emoções. Então, lentamente, nos separamos do beijo, e eu disse:

-- Eu também. – Ela me olhou intrigada ainda sorrindo.

-- Também? O que? – Segurei suas mãos, olhei para o chão, envergonhada por um momento, e voltei a olhá-la nos olhos.

-- Também te amo faz tempo! Também achei que nunca ia ter coragem de dizer nada! Mas eu não podia simplesmente te perder e ... – Ela me interrompeu com um beijo, estávamos abraçadas, coladas, e meu corpo apresentava-me sensações maravilhosas e desconhecidas, desviei de seus lábios e lentamente beijei seu pescoço. Os lábios dela entreabertos deixaram escapar um leve gemido, quase imperceptível, e algo próximo à minha virilha vibrou forte fazendo som de sinos! Era meu celular no bolso da calça! Me assustei por um momento e rimos da interrupção. Olhei no visor e era a Denise. Decidida a não atender recusei a ligação e informei:

-- É a Denise. – Quando eu ia guardar o celular no bolso ela segurou-o em minhas mãos e olhou o visor.

-- Nossa, olha a hora! A festa já deve ter acabado! Lembra que você tinha combinado que depois da festa todos nossos amigos acampariam no seu jardim? Você lembra não é? – Eu tinha esquecido completamente, mas as barracas da galera já estavam num canto da garagem desde antes da minha festa de aniversário, e não havia problema de manter o compromisso. O telefone tocou novamente. Denise mais uma vez. Atendi.

-- Fala.

-- Oi maluca sequestradora! Tudo bem por aí? – "Uhum" respondi. – Tá de pé o acampamento no seu jardim? – "Uhum" respondi novamente, enquanto linda acariciava minhas mãos com as pontas dos dedos. – Então estamos indo todos pra sua casa! Até mais!

Depois de mais alguns beijos, fomos para minha casa encontrar o pessoal. Ainda em clima de festa junina, estavam todos no meu gramado, os garotos com vestidos floridos, e as meninas com bigodes falsos e chapéus de palha.

Enquanto tomávamos quentão que o Bites, novo ficante da Denise havia trazido em um galão térmico, armávamos as barracas.

Armei a minha em baixo da minha árvore favorita, para mim e a Linda. Denise, depois de se enrolar toda na montagem de sua barraca, e desistir obrigando o Bites a cumprir esta tarefa, aproximou-se da varanda da casa e me chamou discretamente:

-- EI SUA MALUCA! VEM AQUI, QUERO FALAR COM VOCÊ! – Discreta no nível Denise de ser! Me aproximei. Ela me puxou pra mais perto.

-- Então, contou pra ela? Deu tudo certo? Estão juntas?

-- Sim, tá tudo bem agora. – Eu disse sorrindo, e ao olhar pra cara da Denise sabia que ela tinha algo a ver com aquilo. – Ei, isso tem dedo seu! O que você aprontou?! – Ela sorriu debochada.

-- Só arrumei alguém pra você sentir ciúme oras, o Pedro não tá doente nada, mas me devia um favor, ele tá até aqui com a namorada que eu apresentei pra ele, e o cara do clube de teatro é meu primo!

-- Poxa Denise que vacilo! Você me deixou maluca! – Ela continuava sorrindo.

-- Mas serviu pra você tomar uma atitude não serviu? – Nos abraçamos.

-- Valeu Denise, você é uma amiga do cacete! – E era mesmo, não tinha quem conhecesse a Denise e não ficasse amigo dela automaticamente.

Barracas espalhadas, uma fogueira no jardim, o Sombra tocando violão, aquela noite estava perfeita.

Ataque das Ex Namoradas Zumbí (não ficção)Onde histórias criam vida. Descubra agora