Capítulo 3_Cara, cadê meu carro?

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Então, depois do dia péssimo que eu estava vivendo, agora estava toda ralada, minha camisa branca estava cheia de barro e sangue, e eu ainda tinha um monte de fotos pra fazer pelo resto do dia. De repente duas mãos me cobriram os olhos. Aquela brincadeira "adivinha quem é".

Mãos suaves, quentes, e aquele perfume, eu conhecia aquele perfume! Me virei ansiosa, já sorrindo, e quando eu vi aqueles olhos castanhos, e aquela boca pequena sorrindo pra mim, pulei nos braços da Dani num abraço cheio de lágrimas. Enfiei meu rosto no pescoço dela e me escondi daquele dia pavoroso que eu estava vivendo. Como era bom aquele abraço, o calor da pele dela era aconchegante, e meu coração batia estranho, acelerado. Com os lábios próximo à minha orelha, ela sussurrava que estava tudo bem, e me dizia feliz aniversário. Nos afastamos e eu perguntei com uma cara meio abobada:

-- Você aqui? -- Ela me olhou de cima abaixo, secou minhas lágrimas de leve com as pontas dos polegares, e me perguntou, enquanto arrumava meus cabelos:

-- É, eu acabei de chegar. Meu celular pifou e o seu ninguém atendia, estava preocupada, então liguei pro Alcio do orelhão do aeroporto, e ele me disse que você estava aqui. Vim te pegar pra gente almoçar juntas, mas o que te aconteceu? Porque tá deste estado? -- Não sei por que, mas me irritei só de ouvir o nome do maldito do Alcio. Do jeito que tava meu dia tudo que eu não precisava era ouvir falar de Alcio! Como ela me olhava esperando resposta, afastei um pouco dela, e dei de ombros:

-- Nada não Dani, só meu dia que tá uma droga. Não vai dar pra gente almoçar, tenho um ensaio agora, e mais um monte de coisas pra tarde. -- Ela me olhou com uma carinha decepcionada:

-- Mas é seu aniversário, e eu tenho algo pra você, além disso você tá machucada, e toda suja! Não mesmo, não vou te deixar aqui assim! Vem, eu te levo em casa, a gente almoça, e depois eu te trago! -- Ela já ia me puxando pela mão, mas eu neguei:

-- Não Dani, não dá mesmo. Eu cheguei atrasada, e tenho um monte de compromisso. -- Ela só me olhou, e balançou a cabeça em gesto negativo. Tirou a jaqueta que ela usava e vestiu sobre os meus ombros, me deu um beijo, me olhou mais uma vez, e disse:

-- Também tenho um contrato pra redigir agora à tarde, mas quero te ver mais tarde, tenho uma surpresa. -- Me beijou mais uma vez -- Te cuida!

Fiquei ali olhando a Dani se afastar pela rua, até virar a esquina e sumir de vista. Mais esta agora! Irritada com minha melhor amiga. Normal que ela chegasse de viagem e ligasse pro namorado dela, que eu detesto. Normal que ela falasse no namorado. Se era tão normal, porque eu estava parada no meio da rua irritada com ela?

Entrei no estúdio e dei de cara com dois olhos verdes receptivos e alegres:

-- Minha Nora! Feliz aniversário menina! -- E me abraçou apertado. Lúcia era minha ex sogra e uma grande amiga. Eu namorei a Patricinha, a filha mais nova dela durante uns dois meses, e por incrível que pareça, namorei a Jane, a outra filha dela quase um ano depois sem saber que eram irmãs.

É que quando namorei a Patricinha não conheci a família dela, e quando fui conhecer a família da Jane, lá estava a Patricinha. O resultado é que as duas irmãs armaram uma guerra, e eu e a Lúcia ficamos a rir no meio da sala. Ela porque estava achando aquela coincidência muito engraçada, e eu de nervoso mesmo.

Desde este dia ganhei duas ex namoradas que me odeiam de morte, apesar de sempre tentarem me seduzir para provar que uma pode mais que a outra, e ganhei também a Lúcia, que é uma amigona e até hoje me chama de Nora, e eu chamo ela de Sogra. Este estúdio de fotografia era do marido da Lúcia, que era daqueles antigos "retratistas". Ele faleceu faz alguns anos, e deixou o estúdio. Eu dei um empurrãozinho pra que o Leonel usasse o estúdio, assim melhorou o faturamento.

Ataque das Ex Namoradas Zumbí (não ficção)Onde histórias criam vida. Descubra agora