Depois da Dani me salvar da Katia aquele dia, eu decidi dar uma parada na minha saga de garotas malucas.
Meu pai foi morar no andar debaixo. Não! Ele não morreu, só casou com a Ciça, e fiquei com o andar de cima todo pra mim. O fato é que apesar de eles estarem logo ali, era bom ter um espaço só meu. Normal isso, apenas nem sempre compreendido quando se tem dezesseis anos.
Apesar de ser legal, eu me sentia meio sozinha. Eu e a Dani tínhamos nos tornado grandes amigas. Estudávamos na mesma escola e fazíamos muitas coisas juntas.
Eu nunca havia tido alguém como a Dani na minha vida. Eu tive a Denise que era uma amiga incrível, e até a Linda, que também foi minha melhor amiga antes da gente namorar, mas com a Dani era diferente. Eu podia contar qualquer coisa pra ela, ela me conhecia, me conheceu no momento mais merda da minha vida, e acho que isso facilitava ser natural quando eu estava com ela.
A campainha tocou, e eu abri a porta. Combinamos de estudar pras provas na minha casa, e Dani chegou com um fardo de cerveja Long neck.
--Tô vendo que você trouxe o material! – Ri e mostrei a ela uma garrafa de vinho. –Também estou preparada pra estudar! – Já imaginam que a gente nem pegou em livros, e lá pelas dez já estávamos meio fora da casinha. Estávamos vendo um filme quando eu me revoltei. Joguei o controle remoto no tapete.
--Ah não dá! Acho que a gente devia sair e fazer alguma loucura! – A Dani me olhou, já tão bêbada quanto eu.
--Loucura? Como assim?
--Ah sei lá! Nunca faço nada maluco! – Ela começou a rir.
--Assim disse a garota que eu salvei de casar com o diabo no mês passado!– Joguei uma almofada nela rindo também.
--Sua idiota! Eu não ia casar com o diabo!
--Sei, só com a filha dele! – Ela continuava a gargalhar da minha cara.
--Ah Dani, o que sei é que não dá pra gente ficar trancada aqui vendo esse filme velho! – Ela fez uma cara um pouco mais séria, mas ainda mantinha um sorriso embriagado, e arrastava um pouco as palavras.
--Você respeita o Trinity garota! Não é porque o nome dele é ninguém que você vai desrespeitar o Trinity. Aliás pode casar com ele, que ele é a mão direita do diabo! – E voltou a rir. – Além disso, eu sou louca, sou muito louca, e posso ser mesmo muito louca e fazer várias coisas de loucos! – Eu ri dela.
--Certo, certo senhora louca! Mas eu acho que você é só uma santinha, e que eu posso ser muito mais louca que você! – Ela me olhou um instante.
--Ah é? – levantou e foi até a sacada, e jogou uma das garrafas vazias de cerveja lá embaixo. Eu vinha atrás dela, e joguei minha TV. Mas isso não está nem perto de acabar.
Quase amanhecendo, minhas botas jaziam penduradas no fio do poste, Eu havia arrancado o assento do vaso sanitário e pendurado na porta do síndico, a Dani tinha roubado o gato do vizinho, enchido as caixas do correio do prédio com uma mangueira, e tinha um borrão azul no braço tatuado à tinta de caneta e agulha de costura que ela jurava ser um Smurf.
Neste momento estávamos muito bêbadas caídas no chão da sala. Ela fez um esforço gigante pra levantar a cabeça e disse.
-- Ei amadora! Isso não acaba aqui! – e não acabava mesmo.
No outro dia na escola a Dani sumiu. Não à vi no recreio, e na verdade, eu só pensava em uma coisa bem louca pra fazer, algo muito louco pra provar que era melhor que ela naquilo, mas nada me ocorreu.
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Ataque das Ex Namoradas Zumbí (não ficção)
RomanceAcompanhe Penélope e suas ex namoradas, que não são realmente zumbis, mas quando ela acreditava que estavam "mortas e enterradas" reapareceram querendo lhe devorar. Pepê nos conduzirá por horas de diversão entre seus relacionamentos mal resolvidos...