48- Nunca subestime a capacidade das pessoas de te decepcionar.

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Sina Deinert

Minha visão neste momento se limitava a mulher de madeixas escuras segurando uma barra de ferro não muito grande, mas o suficiente para fazer todo o meu corpo arrepiar e meu coração entrar num compasso desritmado.

— Graças a Deus você está viva.—Ela disse e pisquei diversas vezes para ver se não era uma cilada bem bolada que minha mente havia inventado.

Quando constatei que era real, meu coração se encheu de alegria. Se Jeky estava aqui é porque me acharam. Depois de tantos pensamentos
desesperados, finalmente eu podia ver uma pequena luz no final do túnel.

Noah estava aqui.

— Eu deveria adivinhar que era você. —Jason surgiu atrás de Jeky e ela deu  passos involuntários até mim enquanto as sua mãos tremiam de forma incontrolável.

— Me desculpe, Sina.—Noto lágrimas em seus olhos e sinto meu coração ser esmagado pela dedução de que algo não vai bem.— Por favor, me desculpe.

— Cale a boca—Jason entrou no quarto. — Não adianta chorar pelo leite derramado, Jeky.

Senti um arrepio subir por meu corpo.

Eles se conheciam?

— Você está confusa não é, meu amor? —Eu vacilei quando Jason estendeu a mão e acariciou minha mandíbula.— Tirem ela daí.—Ele ordenou.

O corpulento desenrolou com brusquidão as amarras de meus pulsos e pernas, me provocando uma careta ao ter minha circulação solta novamente. Depois desamarrou a mordaça e removeu.

Engoli em seco a saliva sangrenta que se reuniu na minha boca. Meu peito arfava enquanto eu ofegava e me deleitava com o ar fresco que enchia meus pulmões.

— Me desculpe—Jeky disse novamente. Lágrimas escorreram de seus olhos e sua boca comprimiu nos cantos.— Eu estou tão arrependida. —Ela fungou e limpou o nariz com as costas da mão.

— Jeky, o que está acontecendo?—Perguntei em um sussurro rouco.— Eu não estou te entendendo.

Eu tentei sentar-me e gemi.

—Deixe-me ajudá-la.—Ela ajudou até que eu estava encostada contra uma cabeceira de ferro retorcido.

— Tão linda, mas tão tola —Jason desdenhou— Você nunca percebeu as semelhanças?

Com confusão perfurando meu cérebro, eu olhei para Jeky em busca de respostas. Ela desviou os olhos e assumiu uma postura rígida.

Era visível que ela estava incomodada em confessar seja lá o que fosse.

Logo o silêncio aterrador começou a se situar no espaço, deixando apenas um  ruído de fundo atordoante, como se estivessem esfregando pedaços de vidro dentro dos meus ouvidos.

Malditos ratos de esgotos.

— Jeky, se você tem algo para me falar, então fale. Ainda não aprendi a ler mentes — Eu estava irritada pela falta de respostas e ela sabia disso pois me encarou com dor estampada nos olhos.

— Me perdoe —Suas mãos tremiam de forma que não deveria ser humana e sua pele estava mais pálida que o normal.—Eu sou um lixo de ser humano.—Ela funga e tenta secar as lágrimas que não param de descer.

— Quanto drama —Jason suspirou e sacudiu a cabeça— Me diga, querida. Park te lembra algo?

— Não—Eu disse asperamente.

— Tem certeza? Tente lembrar.—Insistiu

Eu queria dar um pause, precisava processar esse sobrenome em minha mente, vasculhar a memória à procura de pistas.

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