19- Do que adianta chorar pelo leite derramado?

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Noah Urrea Pov's

O arrependimento é uma merda. Ele é como a porra de uma pedra presa no seu sapato. Um sapato apertado. Ou até pior, como cacos de vidro no sapato. E eu odiava isso. Odiava a vozinha na minha cabeça, me dizendo o quão imbecil eu fui. Eu quero dar um soco na vozinha por insistir nesse fato, mas quando chego ao quarto e vejo aqueles grandes olhos verdes olhando para mim com um olhar de mágoa, eu sei que a voz está certa. Sina não merecedora do tratamento de merda que eu lhe dei.

— Podemos conversar? —Arrisquei, mantendo-me a uma distância segura.

— Não, eu não quero sua pena.—Ela afirmou remexendo em algo dentro de uma bolsa.

Provavelmente para não ter que me encarar.

— Sei que fui muito grosseiro, Sina. Estou aqui para me desculpar.—Digo e seus olhos levantaram para me encarar.

Eles estão queimando brilhantes com raiva. Mas há alguma coisa por baixo.

Algo que não posso compreender.

— Eu não deveria ter reagido daquela maneira.

— Um pouco tarde para se arrepender, não acha?  — Seu tom foi frio, imitando o meu.

— Eu não quis dizer o que eu disse.—Afirmei e seu rosto ficou vermelho e ela recusou-se a desviar os olhos.

— Não. Você quis, você pensa isso.Só está com essa ladainha porque não quer que eu acabe com seu circo. Mas não se preocupe, eu cumpro  meus compromissos.

— Isso não é verdade, Sina.

Sua coluna se esticou toda e eu soube que estava a ponto de explodir.

—Eu disse aquilo  no calor do momento. —Continuei— Você havia acabado de protagonizar uma cena ridícula de ciúmes. Achei certo acabar o quanto antes com a sua ilusão romântica.

Respirei devagar.

— Todas as mulheres com quem me envolvo sabem bem o que esperar. Conhecem as regras, Sina. — Concluí mantendo seus olhos presos.

Ela empalideceu um pouco, mas piscou e se empertigou de novo.

— Você deve se achar a última Coca-Cola do deserto, não? — Despejou com os olhos incríveis refletindo todo o seu desprezo. — Tenho novidades para você, Noah Urrea! Sei exatamente que espécie de homem você é. Portanto, não. Definitivamente não. Jamais desenvolveria qualquer ilusão romântica a seu respeito, pode ter certeza.

— E que espécie de homem eu sou?

— Um completo idiota. — Ela disse sem alterar a voz.— Posso parecer uma romântica de carteirinha e algumas vezes ajo como, admito. Mas sei perfeitamente que desejo físico nem sempre vem junto com amor.—Disse entre dentes. Seus olhos exóticos fuzilando-me. — Acha mesmo que eu me apaixonaria por você?

Torceu os lábios num sorriso desdenhoso.

— A ideia é tão atrativa quanto pular de uma ponte.

— Ótimo —Digo enfurecido— É melhor assim, pois não tenho a menor disposição para aguentar mulheres deslumbradas e pegajosas, que sonham em andar comigo ao pôr do sol. Eu apenas fodo e vou embora. Sempre. Eu posso até desejar, como te desejo, mas, no fim, realmente vou querer que se dane para bem longe de mim!

Seu rosto empalideceu, depois ficou vermelho e ela piscou várias vezes.

— Eu...

Sua  boca se abriu, fechou, abriu de novo. Seu, corpo ficou rígido.

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