Ana
Todos esperavam a comida ficar pronta em silêncio, me sinto em um enterro.
De repente, uma ideia brilhante brota em minha mente.
- Tracy, posso colocar uma música para animar? - pergunto receosa.
- Claro que pode! - ela responde animada.
Vou no meu Spotify e escolho a mais tradicional playlist brasileira de churrasco, agora sim vamos fazer um churrasco do jeito certo.
No primeiro toque da música me arrepio, a quanto tempo não escuto um sambinha...
Sem conseguir resistir coloco para jogo todos os meus dotes como sambista.
Tracy foi a primeira a notar minha alegria, logo todos olhavam para mim, me senti em um sambódromo como uma rainha de bateria, mesmo estando um pouco enferrujada.
Julieta tenta acompanhar meus passos, porém depois de três tentativas falhas me pede ajuda, quando vi estava ensinando Tracy, Julieta e até o Albert a sambar.
A música acaba e resolvo me sentar, afinal para quem não dançava a séculos aquilo foi de mais.
- Então é verdade que toda brasileira sabe sambar? - Albert me indaga com um sorriso.
- E se eu te disser que eu só finjo que sei, não chego nem aos pés de quem samba de verdade...
- Disso eu duvido - fala Tracy. - aliás, eu estou amando essas músicas do Brasil, tem mais?
- Tem sim! - respondo empolgada. Coloco "Bem querer" do MC Livinho, mesmo sendo um funk antigo, é um dos meus preferidos.
- Como que dança essa? - Tracy me pergunta.
Fico um pouco envergonhada, afinal ela poderia achar vulgar. Timidamente ensino-a a fazer quadradinho, só não imaginava que minutos depois estaríamos dançando juntas.
É a primeira vez em meses que me sinto confortável com os meus patrões, é como se eu estivesse em família.
Olho para o lado e noto Thomas nos observando, automaticamente paro de dançar e vou em sua direção.
- Tá curtindo? - pergunto curiosa.
- Bastante...
- As músicas brasileiras são as melhores. - falo convencida.
- Ah, você estava falando das músicas? É, são boas mesmo.
- Ué, do que você achou que...
- Sinto que a tradução da letra não é muito apropriada, estou certo? - ele pergunta interrompendo-me.
- Talvez, mas isso não importa - respondo fazendo ele rir - e se eu fosse você prestava mais atenção nos próprios afazeres, a carne está queimada. - falo e vejo Thomas desesperado, pois eu realmente estava certa.
O almoço não poderia ser melhor, todos em harmonia, escutando músicas boas e conversando sobre diversos assuntos.
Pude perceber que Albert e Thomas finalmente estavam se dando bem.
Fui colocar os pratos na pia quando meu celular começou a tocar, era a minha mãe.
Me distancio e vou a um lugar silencioso para poder atender.
- Oii, mãe.
- Ana, quanto tempo não escuto sua voz, que saudades... está ocupada?
- Não, acabamos de almoçar, está tudo bem?
- Sim, só bateu uma vontade enorme de falar com você, como está indo aí? Já foi na praia?
- Aqui é realmente muito bonito, se eu conseguir mando fotos da casa, sobre a praia, ainda não fui... - Suspiro ao lembrar de quem irá me levar mais tarde.
- Por que essa falta de ânimo? Você amava ir a praia.
- Ah, mãe. Aquela mesma história, o Thomas que vai me levar, aqui será mais difícil de fugir dele já que o mesmo não desgruda do meu pé.
- E você acha isso ruim?
- Se os pais deles desconfiarem de algo eu estou ferrada...
- Não é isso que eu estou perguntando, quero saber se você acha ruim o Thomas estar caidinho por você.
- Ele não está caidinho por mim. O Thomas é um mulherengo, mãe.
- Filha, mas vocês já se beijaram e ele continua indo atrás de você, pelas coisas que você me fala tenho certeza de que ele está afim sim.
- Se ele me comer tenho certeza que essa cavalheirice toda acaba.
- Ana! - ela me repreende.
- Desculpa, mas é a verdade.
- Dá uma chance, filha. Até para se divertir um pouco...
- Dona Alice, eu vim aqui a trabalho, e se for pra ficar falando do meu relacionamento inexistente com Thomas eu vou desligar.
- Tudo bem, você quem sabe, mas vê se não perde a oportunidade, não é todo dia que alguém gosta assim da gente...
- Mãe.
- Ta bom, agora eu parei. - Ela fala rindo me fazendo rir também. - ...mas me manda uma foto dele? Só para eu ver se o prejuízo vale apena.
- Tchau, mãe. Beijos, te amo. - Desligo a chamada sorrindo, a minha mãe consegue ser divertida até nos momentos de confusão...
- Que sorrisinho bobo é esse? - olho para o lado e vejo Thomas me olhando curioso.
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O Irmão Mais Velho
RomanceQuando os meus problemas já estavam me sufocando recebo uma proposta de emprego para trabalhar como babá em uma casa de família nos Estados Unidos, porém não contava que teria que lidar com o irmão mais velho da criança. #1 em romance