Dos Ricos Para os Pobres

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Contra todas as probabilidades, a jovem Branca de Neve se tornara uma mulher valente, determinada, e com um aguçado senso de justiça. À medida que a amargura do Rei se intensificava, ele se tornava mais mesquinho, egoísta e cruel, oprimindo o povo, e exigindo impostos cada vez mais pesados para alimentar sua ganância insaciável. Em oposição ao próprio pai, Branca de Neve saía pelo reino, ajudando aos mais necessitados, defendendo os oprimidos e socorrendo os pobres. A Princesa lançava mão até dos mantimentos da cozinha do castelo, e do dinheiro dos impostos de que conseguia se apoderar para ajudar as pessoas. E agindo assim, naturalmente, a moça conquistava a simpatia de todo o Reino, por não ser a tradicional Princesa desconhecida, escondida detrás dos muros do castelo, alheia aos problemas do povo. Branca de Neve se tornara uma voz ativa, enfrentando frequentemente o próprio pai e seus mais leais defensores, tentando reduzir as opressões do povo.

A própria Rainha, secretamente, admirava a energia da enteada.

E Branca de Neve não era a única a lutar contra os desmandos do Rei. Um bando de ladrões frequentemente se colocava nas margens das estradas, aguardando a passagem dos nobres que visitavam o reino, e, principalmente, da carruagem dos coletores de impostos, prontos a detê-los e evitar que engordassem os cofres do Rei.

Uma vez recuperado, o dinheiro era imediatamente restituído ao povo, a começar pelos mais necessitados. Por sua filosofia de roubar dos ricos para socorrer os pobres, esses homens conquistaram a simpatia e a proteção do povo, que tinha muito prazer em ludibriar os soldados do Rei, para evitar que perseguissem os bandidos.

Depois de terem sido assaltados três vezes em pontos diferentes do caminho, os homens do Rei precisaram usar de um ardil para evitar os ladrões: enquanto a carruagem seguia pelo caminho habitual, dois guardas disfarçados de monges franciscanos levavam o dinheiro a pé por um atalho da floresta. Este disfarce funcionou apenas uma vez. Depois de terem assaltado a carruagem vazia, os ladrões também puseram espias pela cidade, para descobrir por onde os coletores desviaram o dinheiro recolhido, e um deles pôde ver quando um dos homens entregou o dinheiro num saco ao franciscano.

Rapidamente, o bando se reorganizou: enquanto um pequeno contingente se colocava na estrada, como de costume, para assaltar a carruagem, a fim de que os coletores não suspeitassem de que haviam sido descobertos, outros membros do grupo cobriam os atalhos, prontos a deter os falsos monges.

Fez-se noite alta, e nada de os guardas franciscanos chegarem ao castelo. O Rei ordenou que os procurassem por todas as trilhas da floresta, mas não encontraram o mais remoto vestígio da dupla.

Foi um choque para todos, inclusive para o Rei, quando ao alvorecer, correu a notícia de que dois franciscanos haviam sido amarrados a um poste na praça principal do povoado durante a noite, vestindo somente as roupas de baixo. Os hábitos de peregrino tremulavam como bandeiras no topo do mastro, e ao pescoço dos homens fora pendurada uma placa: A verdade desnudada.

O dinheiro, mais uma vez, fora interceptado pelo bando, para fúria do Rei, que mandou reunir imediatamente os guardas.

– Há uma corda na forca com o nome de cada membro deste vil bando que assombra nossas estradas, e eu não quero que elas fiquem vazias.

– Majestade, nós estamos fazendo o possível para capturá-los, mas esses homens são ligeiros como o vento, e se escondem como sombras pela floresta. Parece até que eles se transformam em árvores!

– Então cortem cada árvore desta floresta, mas agarrem esse bando maldito – ordenou o Rei –, e tragam para mim a cabeça do seu líder!

– Esse é que é o diabo! Ninguém consegue colocar as mãos nele.

– Uma recompensa sobre sua cabeça resolverá o caso. Espalhem por toda parte, convoquem cada mercenário do reino, e digam que eu pagarei cem moedas de ouro a quem me trouxer a cabeça de Robin Hood!

Branca de Neve e a Rainha das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora