Casa...

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Guinevere

(Cheguei em casa, a tv da sala estava ligada mas não havia ninguém, mas como sempre a luz da cozinha estava acesa, então com certeza era lá onde eu tinha que ir).
--- Mãe??
(Lá estava ela, encostada na pia, quase que de frente para mim, junto àquele crápula).
--- Porque saiu sem avisar nada? -Perguntou ela franzindo a testa.
--- Mãe...
(Antes que eu conseguisse responder, fui interrompida...).
--- Fiquei preocupado Guinevere, você me tratou mal, saiu batendo a porta, e ficou até agora na rua, sem dar um telefonema... Tive que ligar pra sua mãe, vir logo. -Disse ele.
(Que cretino! Então é por isso que minha mãe está brava).
--- Responda Guinevere! -Falou ela em um tom grosseiro.
--- Eu sai com a Carolina, e esqueci de avisar a senhora...
--- Então porque não avisou ao Camilo, sendo que ele estava aqui. Ele me ligou muito preocupado, depois da discussão que tiveram...
--- Discussão?!
(Era nítido em meu rosto, a indignação de estar ouvindo aquilo).
--- Sinceramente, eu queria entender porque você o trata desse jeito... Ele só quer o seu bem, filha.
--- É mentira dele! (Exclamei).
--- Que falta de educação, ainda por cima me chama de mentiroso. Que coisa feia Guinevere. -Falou franzindo a testa, um tanto debochado.
--- Mãe, não acredite nele... Ele mente!
--- Não fala assim do Camilo! Chega dessa sua birra boba com ele, você tem que respeitá-lo Guinevere. - Falou firme.
(Não pude conter algumas lágrimas que escorreram de raiva).
--- Está vendo Olívia, precisa educar mais a sua filha.
(Senti a adrenalina subir a minha cabeça, minha raiva era imensa que mal pude conter minha palavra...).
--- Cretino!
--- Guinevere?! - Indagou minha mãe, espantada com o que eu acabará de dizer.
--- Você me chamou do que? -Perguntou ele dando um passo na minha direção.
(Sua expressão de deboche, mudou na mesma hora... Era como se eu não estivesse em mim, aquela palavra saiu como um ato de defesa, coragem... Mas lá no fundo eu sabia que não devia ter feito isso. Camilo é um sádico, e eu acabei de dar a brecha que ele queria).
--- Repete, Guinevere... Do que você me chamou? -Deu mais um passo.
(Minha respiração começou a ficar ofegante... Ele estava com aquela mesma expressão daquele dia horrendo, a veia de sua testa saltada, parecia que ia explodir a qualquer momento...).
--- Peça desculpas ao Camilo, agora! - Ordenou ela.
(A bravura e a coragem foram embora assim que o Camilo começou a me devorar com olhos, como se quisesse esquecer que minha mãe estava ali, e voar em cima de mim...).
--- Como você teve a audácia de me chamar de cretino... HEIN? -Gritou ele. --- Logo eu, que sempre fiz tudo por essa família.
(O medo chegou novamente, a sensação era de que ele ia me bater ali mesmo na frente da minha mãe).
--- Eu... Eu... (Mal conseguia falar... Apenas tremia).
--- Chega, Guinevere. -Falou minha mãe apreensiva.
--- Não, Olívia, deixa! Quero ver o que ela tem mais pra falar... Até onde chega a valentia dela. -Disse ele querendo me provocar.
--- Chega você também Camilo, não fica dando corda. -Disse ela respirando fundo.
--- Presta bastante atenção no que eu vou lhe falar Guinevere... Nunca mais se atreva a me chamar de cretino. -Falou apontando-me o dedo.
(Ali eu não tinha mais volta. Da última vez que o enfrentei assim, eu fiquei com uma luxação no braço e hematomas no corpo inteiro; falou pra todo mundo que eu havia caído da escada... Passei anos tentando não confrontá-lo diretamente, mas foi em vão, cai no jogo dele).
--- Parem de brigar vocês dois! E você Guinevere, como pôde falar desse jeito com o Camilo? Olha o que causou!
(Ela ainda o defende, será que ela não percebeu que mais um pouco ele viria pra cima de mim).
--- Mãe... (Falei em um tom de suspiro).
--- CHEGA GUINEV... -Parou de falar.
(Percebi que estava um tanto ofegante).
--- Chega de brigas... -Ela respirou fundo.
(Seu semblante havia mudado, estava pálida).
--- Acho que eu não estou me sentindo bem! -Disse fechando os olhos.
(Á olhamos... E vimos em quase desmaio).
--- MÃE? (Gritei).
--- Olívia? -Falou ele, a aparando com a mão.
(Fui em sua direção).
--- Mãe você está bem? Está sentindo alguma coisa? (Falei desesperada, eu não queria deixá-la assim, é tudo culpa minha).
--- Olívia se acalma... -Disse ele a colocando sentada.
--- Mãe?? (Minha voz saia tremida, por causa do desespero).
--- Estou bem... (Respirou fundo). Foi apenas uma tontura, uma queda de pressão. -Disse ela levando a mão á testa
--- Viu só o que você fez Guinevere! -Esbravejou ele.
(Comecei a chorar).
--- Já falei pra vocês pararem de brigar, por favor, se não por mim, pelo menos, que seja pelo bebê.
(Naquele momento a única coisa que me importava era a saúde da minha mãe e do bebê, por eles, apenas por eles, que eu não ia brigar mais).

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