Guinevere
--- Gui, ouvi vozes, estava conversando com alguém? -Perguntou minha mãe, ao adentrar o meu quarto.
(Que susto!).
--- Não. Foi a TV, acabei de desligá-la.
(Não que eu não quisesse contar para a minha mãe sobre o Arthur… Muito pelo contrário, eu queria contar a ela, mas algo me impedia).
--- Ah sim… -Falou sem dar muita atenção.
--- Mas, o que a senhora faz acordada tão cedo?
--- Acordei com umas cólicas.
--- Porque? O que houve? A senhora não está se sentindo bem?
(Me preocupei).
--- Estou bem, Gui, o médico havia falado que é normal, eu ainda sentir cólica… Daí, como não consegui dormir mais, resolvi levantar para adiantar o café. Mas já que está acordada também, quero que me ajude…
--- Sim, claro! Eu lhe ajudo.
(Nunca neguei de ajudar a minha mãe, em nada! E agora nesse estado que ela está, me vejo na obrigação… Terminei de me aprontar enquanto minha mãe me esperava para descermos).Já na cozinha
--- Enquanto eu faço o café; adoce o chá para o Camilo, mas não ponha muito açúcar, ele não gosta.
(Depois que falou isso, despejei o açucareiro todo).
--- Gui! Me ouviu falar para não por muito açúcar no chá, sabe que faz mal.
--- Não estou pondo muito! (Dei-me de desentendida).
--- Não, imagina... Apenas virou a lata toda… Para de implicar com o Camilo. - Falou com um tom autoritário.
--- Mãe, não estou implicando, apenas estou fazendo como sei.
(Percebi que havia balançado a cabeça em negação… Mal acordarmos e já estamos falando de Camilo! {Respirei fundo}. Bem, não quero que isso estrague o meu dia, pois finalmente eu consegui marcar um encontro com o Arthur, só de pensar, lembrar na nossa conversa, por mais que tenha sido rápida, me deixa radiante… Não ia falar dele pra minha mãe, porém tenho que avisar que irei sair).
--- Mãe… Eu estava pensando em sair mais tarde.
--- Sair?
--- Sim… Dar uma volta.
--- Hummm… Vejo que gostou de sair ontem com a Carolina, te animou!
--- Sim, eu gostei.
--- Irá sair com ela novamente? -Perguntou com um tom de curiosidade.
(Pensa, pensa, pensa…).
--- Não! Apenas, irei tomar um ar, fazer uma caminhada, comer algo, apenas isso.
--- E que horas você vai?
--- No comecinho da tarde…
--- Entendi… Bem, então vá. Mas não chegue muito tarde.
--- Pode deixar.
(Pronto, agora só esperar dar a hora de encontrá-lo… Não sei ao certo explicar, mas sinto algo diferente).Arthur
--- Preciso ver algo pra vestir.
--- Mas que horas vocês irão se encontrar?
--- As 15…
--- Ué, e já vai preparar o que vai vestir?!
--- Sim, não quero deixar nada para última hora. Quero que a Gui chegue, e já me encontre lá.
--- Entendi. (Sorriu). Vocês vão ficar pela padaria, ou vão ir para mais algum lugar?
--- Bem… Eu não sei, mas se ela quiser.
--- Vocês poderiam ir para um lugar mais reservado. Padaria é muito movimentada.
--- Nem tanto, a que fomos é bem tranquila.
--- Você entendeu Arthur! -Falou em um tom malicioso.
--- Não vai rolar! Henrique.
--- Ué… Vai me dizer que não pensou nisso? (Sorriu).
--- Sim, mas não quero ser entrão, ou descarado.
--- Isso não é ser entrão ou descarado… São apenas vontades. E pra falar a verdade, faz tempo que não lhe vejo com mulher nenhuma.
(Além do tom malicioso que havia usado antes, senti uma grosseria no ar).
--- Não está achando, que vou sair com a Gui, só para me aproveitar dela, né?
--- Não disse isso Arthur, mas lhe conheço, e não entendo porque não está sendo objetivo. Há tempos me fala dessa moça, que já se conhecem, já conversaram, até na casa dela você já foi! Qual o problema de já ir para o que interessa?!
(Parei de fazer o que estava fazendo para encará-lo).
--- Minha objeção é ela! O que me interessa, é ela também. Não irei ser grosseiro, ou fazer qualquer algo do tipo que a deixe ofendida. Se ela quiser, eu quero! Se não quiser, está tudo certo! E é assim que funciona.
--- Fique calmo! Foi apenas um comentário.
(E de repente um silêncio reinou).
--- Sabe… Isso está me lembrando a época da mocidade, quando éramos rodeados por brotos… Tudo parecia ser tão mais fácil. (Sorriu para puxar assunto).
--- Bem… Na verdade, você sempre foi o galã das meninas. (Respondi sem dar muita trela).
--- Eu nada… Você que sempre foi o Rei… O grande rei Arthur.Guinevere
--- Hummm… Que cheirinho maravilhoso de café. -Falou Camilo enquanto adentrava a cozinha.
--- Bom dia meu amor, eu e a Gui estamos preparando. -Respondeu minha mãe sorridente.
--- Que cena mais agradável, ver as duas mulheres da minha vida, logo de manhã.
(Como minha mãe não percebe esse tom de ironia dele?!).
--- Que bom que está de bom humor. -Disse minha mãe se aproximando e o beijando.
--- Mãe, já está tudo pronto, irei me retirar.
--- Não irá nos acompanhar Guinevere? -Perguntou Camilo, direcionando o seu olhar para mim. (Mas não o respondi, continuei caminhando em direção para fora da cozinha).
--- Gui, o Camilo lhe fez uma pergunta.
--- Estou sem fome! (Respondi, e saí sem olhar para trás… Subi para o meu quarto, e fiquei lá até que saíssem para trabalhar. Olhei no relógio e comecei a perceber que a hora de encontrar o Arthur estava se aproximando… Não me lembro de ter sentido isso, mas a cada minuto que passava eu sentia um frio na barriga, um nervosismo diferente. Não sei porque estou assim, não é a primeira vez que nos vemos).Arthur
Às 14:00
--- Henrique… Como estou?
--- Uau. (Suspirou ironicamente).
--- Fala sério!
--- Oras, o que quer que eu diga?! "Ain que lindão que você está". (Risos).
--- Cala a boca…
--- Está jovial Arthur. (Sorriu).
--- Obrigado, melhor assim.
(Que estranho, não era para eu estar sentindo isso, esse frio na barriga, essa vontade louca de vê-la, é impressão minha ou minhas mãos estão suando?!… {Suspirei}... Parece até que é mais fácil encontrar a Gui por acaso do que algo marcado).
--- Bem eu já vou indo.
--- Está bem, qualquer coisa me ligue.
--- Pode deixar mamãe. (Risos).Na padaria
(Eu realmente cheguei primeiro, a padaria estava como eu havia imaginado, quase vazia… Havia uma casal no balcão tomando uma cerveja e conversando, havia um outro rapaz mexendo no celular sentado na outra ponta do balcão, um trio de adolescentes comprando cupcakes, e eu já sentado à mesa em um canto bem discreto, um pouco mais afastado dos outros, apenas ouvindo o ambiente, e analisando as pessoas… Até que em uma vista e outra, avistei ela … A pessoa quem os meus olhos tanto procurava, a pessoa que já fazia parte dos meus pensamentos, a pessoa que eu quero para mim… Ela está linda, a luz em sua pele morena realça o seu brilho, os pelinhos de seus braços dourados reluzente, seus cabelos soltos envolvidos no vento que passava, seu olhar á me procurar, até me achar escondido naquele canto, o sorriso tímido que deu, e suas passadas vindo em minha direção… Eu não sei o que estava havendo comigo, mas minhas mãos não paravam de suar, comecei a ficar um tanto ofegante e trêmulo, boca seca, inquieto… Espero que não seja um infarto!).
--- Gui …
--- Arthur.
(E o início de algo começa aqui!).
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Triângulo
RomanceComo pode... Três pessoas serem tão diferentes, corações diferentes, e de repente são tão iguais, é como se tivessem vividos na mesma época, como se tivessem partilhado do mesmo prato, do mesmo sentimento... Como pode?! São épocas diferentes; ela te...