Guinevere
(Confesso, que estou um pouco sem graça, achei que seria normal estar na presença dele, mas estou tímida... Ver o Arthur aqui bem na minha frente, me olhando nos olhos, com esse sorriso em nervosismo, me deixa inquieta... Mas ele está lindo.).
--- Sente-se Gui. -Disse puxando a cadeira.
(Me sentei a sua frente).
--- É tão bom revê-la.
--- Digo o mesmo. (A voz quase não saiu).
--- E pela primeira vez, sem desastres. Já podemos considerar um encontro oficial.
--- Sim... (Sorri).
(Vou confessar que estou me sentindo envergonhada, nunca tivemos um encontro oficial, foi sempre aos prantos, ou às pressas... Essa é a primeira vez que consigo analisá-lo com calma, sem pressa... O seu olhar, seu rosto, os seus cabelos, seus ombros, o seu corpo... Ele está estonteante).
--- Você está linda Gui!
(Havia um certo brilho em seu olhar quando me elogiou).
--- Obrigada... (Oras... Como estou sem jeito! Está difícil agir com naturalidade).
--- Bem... Gui, estou um pouco nervoso, então não repare se sem querer eu derramar o suco em mim, ou se eu engasgar com a comida. (Risos).
--- Está tudo bem, faço das suas palavras as minhas. (Risos).
---- Então vamos fazer assim, vamos começar do começo. -Disse ele se ajeitando na cadeira.
--- Ahn? (Falei sem entender).
--- Assim... Olá, meu nome é Arthur. E o seu?
(O olhei de uma forma que eu não sabia que existia).
--- Meu nome é Guinevere. Mas pode me chamar de Gui. (Risos).Horas depois
Arthur
(Que tarde maravilhosa que estou vivendo hoje, que momento único. Como você é linda Guinevere, meus olhos se enchem ao ver você falando, sorrindo, me olhando... Como pode tal coisa acontecer assim? O seu rosto de menina, mas o seu corpo e jeito de mulher, sua simpatia, e sua leveza com as palavras, mechem comigo. É curioso lhe ver assim, pois nossos encontros sempre foram em momentos que você estava triste, ou chorando, ou com raiva... Lhe ver da forma que estou vendo agora esta sendo incrível. Quero saber de você, quero saber tudo de você!).
--- Me diga, e você Gui, me fale mais sobre você, sua vida...
(E de repente um silencio reinou... O seu semblante havia mudado, quando lhe fiz essa pergunta... Percebi um pouco de nervosismo quando tomou um gole do suco).
--- Está tudo bem, Gui? (Perguntei em um tom de preocupação).
--- Está sim, só me senti com sede. -Deu um sorriso tímido.
--- Falei algo que não devia? (Perguntei novamente).
--- Não, não é nada disso...
(Senti que havia parado de me olhar nos olhos... Respirou fundo).
--- Bem... A minha vida... A minha vida é um tanto complicada, como você já acompanhou um pouco dela (sorriu), não tenho mais namorado, não trabalho mais, minha está grávida e...
--- OPA, perai... Você vai ter um irmãozinho?
--- Sim. (Deu um sorriso de lado).
--- Que legal, parabéns, Gui.
--- Obrigada... Bem... Não sabemos ainda se é menino ou menina, mas estão todos contentes.
--- Que bom Gui, fico feliz por você. E os estudos? Tem pensado?
--- Sim, cheguei a pensar, mas no momento não, como a gravidez da minha mãe é de risco, eu fico para ajudá-la.
--- Ah sim... Entendo.
(Não me aprofundei no assunto pois percebi que tomara mais um gole de seu suco, com um ar de alivio).Guinevere
(Eu me sinto um tanto desconfortável quando falo da minha vida, não pela minha mãe, mas pelas situações que ocorrem, mas como falar isso? Como falar para o Arthur sobre o Camilo? Como falar que não durmo direito com medo dele entrar no meu quarto, como já fez muitas vezes. Como falar que quando ouço e percebo que ele chegou em casa primeiro que minha mãe, eu me tranco no banheiro... Ou até simplesmente falar que eu durmo com o abajur ligado porque tenho medo do escuro?).
--- Gui? Você está bem mesmo? -Perguntou o Arthur me tirando do transi.
--- Arthur... Acho melhor eu ir...
--- O que há?
(Me olhou preocupado).
--- Nada... Só esta ficando tarde, e não quero preocupar a minha mãe.
--- Bem... Eu lhe dou uma carona até em casa.
--- Não precisa, irei caminhando...
--- Gui, por favor, irei lhe acompanhar.
--- Bem...
--- Fique tranquila, eu serei discreto.
--- Está bem.
--- Irei acertar a conta, só um instante.
(Assim que levantou, sua carteira que provavelmente estava no bolso de trás caiu, assim que notei, me estiquei para apanhá-la .)
--- Arthur, sua cart... Carteira... (E um choque tomou conta do meu corpo quando eu olhei o emblema que estava em sua carteira).
--- Ah, obrigado, preciso amarrá-la com uma corrente. (Sorriu).
--- Você... É ... Policial? (E de repente o meu coração começou a acelerar).
--- Sim... Eu achei que havia lhe falado, eu sou policial civil.
(O meu corpo estava querendo estremecer... Como eu não percebi?! Como não notei?! A única coisa que passava na minha cabeça era se o Camilo descobrisse sobre o Arthur... Ele poderia fazer algo contra a minha mãe, ou até mesmo com o Arthur! Mas essa também poderia ser a minha chance de falar! Falar tudo que eu passo desde a infância, falar tudo que o Camilo faz comigo, eu me veria livre finalmente... Mas... E minha mãe? Minha mãe está com uma gravidez de risco não pode passar por fortes emoções... O que eu faço? O que eu faço agora?).
--- Arthur... (Meus olhos se encheram de água... Eu queria contar... Ahh como eu queria contar e me livrar de toda essa dor, essa angústia...).
--- O que foi Gui? Não está se sentindo bem? -Perguntou se virando para mim, e segurando em meu braço.
--- Me desculpe, foi apenas um mal estar passageiro. (Respirei fundo).
--- O que está sentindo? Sente-se aqui.
--- Não precisa... Vai passar....
--- Gui, agora estou preocupado! -Falou olhando em meus olhos.
--- Não fique! Estou melhorando... É que eu havia me levantado muito rápido, deve ter me dado uma vertigem. (Me olhou sem acreditar muito) - Apenas... Vamos...
--- Tem certeza?!
--- Sim...
--- Está bem...
(Não quis ser indelicada ou preocupá-lo ainda mais).
Arthur*No carro*
--- Ficarei por aqui...
--- Mas está a um quarteirão.
--- Eu sei... Irei tomando um ar.
--- Guinevere olhe pra mim... O que há? (Falei parando o carro e me virando para ela, a fitei nos olhos).
--- Não é nada, não se preocupe. -Disse me dando uma leve olhada.
--- Já estou preocupado... Estávamos bem na padaria, estou achando que foi algo que falei que lhe deixou assim.
--- Não... É que... Já está ficando tarde... E o meu padrasto... Ele é muito protetor, e se me ver com alguém, ficará bravo.
(Senti um certo receio em sua voz quando falou isso).
--- Ah... Me desculpe... Eu acabei esticando a conversa que nem reparei nas horas... Bem, eu o entendo, praticamente sou um estranho. (Sorri sem graça).
--- Arthur... -Falou o meu nome em um tom suave.
(A olhei, e notei que sua expressão estava tranquila. Se aproximou... Pude sentir o meu coração acelerado e minha respiração ficar ofegante, ela se aproximou até encostar os seus lábios no meu rosto, pude sentir o cheiro do seu perfume suave, mas encantador, eu podia sentir algo me consumindo, se afastou um pouco e olhou em meus olhos, foi tudo tão rápido, mas tão intenso, que pude sentir o tremor do seu coração, se aproximou novamente e me deu um beijo! Eu me perdi naquele beijo, minha vontade era de abraçá-la, apertá-la, levá-la dali, mas não tive reação, a não ser retribuir. A maciez de seus lábios, a suavidade, a sintonia, o mundo poderia acabar agora, que eu não me importaria, morreria aqui agora em seus braços...).Guinevere
(Assim que percebi o que eu acabará de fazer...).
--- Me desculpe!
(Me afastei... Levando a minha mão em direção a porta do carro).
--- Gui, espere! -Segurou-a
--- Me desculpe eu não sei o que me deu.
(Minha respiração estava ofegante, estou um pouco confusa).
--- Não se desculpe, está tudo bem... (Segurou em minhas mãos). Eu quero também.
(O que está acontecendo comigo, estou sentindo o meu corpo ficar quente, meu coração acelerar... Não parávamos de nos olhar... Pude sentir sua mão vindo de encontro com o meu rosto, e indo até os meus cabelos de encontro com a minha nuca... Os meus pensamentos estavam bagunçados, eu não conseguia manter a concentração... Ele se aproximou beijando o meu rosto, e encostando cuidadosamente os seus lábios nos meus... A sensação térmica de nossos corpos estavam subindo cada vez mais, trouxera o seu corpo mais junto do meu... Tudo estava acontecendo tão natural... Mas a realidade e a razão foram mais firmes!).
--- Não! Eu não posso. (Falei me afastando).
--- Fui inconveniente? -Perguntou com um tom preocupado.
--- Não, Arthur... Só não posso, me desculpe.
(Sai as pressas do carro, e apertei o passo sem olhar para trás... Quase correndo).
--- Não acredito que o beijei... Oras o que deu em mim. (Falei para mim mesma enquanto percebia umas lágrimas saírem sorrateiras).
VOCÊ ESTÁ LENDO
Triângulo
Storie d'amoreComo pode... Três pessoas serem tão diferentes, corações diferentes, e de repente são tão iguais, é como se tivessem vividos na mesma época, como se tivessem partilhado do mesmo prato, do mesmo sentimento... Como pode?! São épocas diferentes; ela te...