(Era doloroso para mim lembrar, como tudo começou, a dor não era só física, era na alma também, senti-lo era horrível... Há sete anos atrás, eu tive a minha maior aflição, dor e desespero da minha vida é uma das que eu mais quero esquecer).
(Eu tinha 11 anos quando tudo começou... Era uma manhã de inverno, estava muito frio naquele dia... Eu já estava no período de férias... E fazia apenas alguns meses que minha mãe havia se casado; ela e o Camilo não tiveram uma lua de mel, pois ele dizia que tinha pendências para resolver, e que não tinha tempo para viajar, por isso eles adiaram... Me levantei bem cedo da cama naquela manhã, fui ao banheiro, e precisava passar pela sala para chegar a cozinha).
--- Mãe??
--- Bom dia Guinevere, sua mãe não está. -Disse o Camilo.
(Lembro-me perfeitamente dessa cena, na hora que eu adentrei a sala, e chamei pela minha mãe, ele estava sentado no sofá mexendo em seu notebook, me respondeu com um olhar fixo e um sorriso... O Camilo sempre teve um olhar estranho quando se voltava para mim. Mas nunca que eu iria imaginar, que ele fosse capaz de tamanha crueldade...).
--- Bom dia... Sabe onde ela foi?
--- Não... Mas acho que não vai demorar.
(Em nenhum momento eu havia percebido que tudo aquilo era uma encenação... Passei por ele, e senti seus olhos me fitarem... Finalizei o que eu tinha para fazer na cozinha, e voltei para o quarto... Naquela época minha mãe já estava trabalhando na fábrica de cristais, e o Camilo já tinha a transportadora, a única diferença, era que morávamos em uma outra casa, mas como ele havia pegado um tempo de "férias" para fazer suas coisas, estava em casa todos os dias... Aquele dia parecia comum como todos os outros... Até que ouço baterem na minha porta, e ela se abrir).
--- Gui? Posso falar com você?
(Eu devia ter estranhado aí, pois naquele meio tempo de convivência, ele nunca foi disso. Mas...).
--- Pode... O que há? (Perguntei me ajeitando sob a cama, e colocando o meu livro ao lado no criado-mudo).
--- Bem... Desde que vim morar com você e sua mãe, nós nunca tivemos uma conversa longa para nos conhecermos melhor... Pra falar a verdade, nós nunca tivemos qualquer tipo de conversa. (Sorriu).
--- Ahh, sim... É que... Eu não tenho muito o que falar... (Era notável a minha timidez).
--- Claro que tem, podemos falar de qualquer coisa para nos familiarizarmos, por exemplo, do que você gosta de comer, ou de fazer; se bem que, pelo o que eu estou vendo, tem bastante livros, você deve gostar muito de ler né?! -Perguntou ele olhando para as prateleiras que haviam no meu quarto.
(Tudo aquilo era apenas uma distração, enquanto eu pensava nas respostas, ele havia se sentado sob a minha cama, e se aproximava lentamente, eram uns movimentos tão disfarçados que eu não havia percebido).
--- Ahh sim, gosto de vários tipos de livros, sempre gostei de ler... Acho que puxei isso do meu pai, ele também gostava. (Sorri).
--- Seu pai?
(Sua feição mudou no mesmo momento em que eu havia mencionado o meu pai, seu rosto começou a se repuxar, era notável a veia saltada em sua testa, seus olhos começaram a me encarar firmemente, ele parecia ter raiva, muita raiva).
--- Camilo? (O chamei tentando o tirar do transe, mas foi em vão... O clima começou a ficar pesado, então ameacei descer da cama...).
--- Espera Guinevere...
(Senti um arrepio, meus olhos arregalaram, suas mãos estavam em meus cabelos).
--- Seu cabelo é tão macio Gui.
(Eu não estava entendendo nada, mas sabia que o outro gesto era errado, sua outra mão, vinha de encontro com o meu corpo, se aparando em minha barriga e descendo lentamente... Me afastei às pressas).
--- O que você está fazendo? (A minha ingenuidade era gritante).
--- Gui, relaxa... Eu só estava te admirando... Olha... Somos uma família agora, e precisamos nos conhecer melhor... Se quiser serei praticamente como um pai pra você. -Falou se aproximando novamente.
--- Não preciso de outro, eu já tenho um pai. (Me levantei e dei as costas, senti um puxão que me jogará de volta a cama).
--- Que falta de educação me dar as costas Guinevere, eu não havia terminado de falar... Parece que o seu pai não soube te educar...
(Ele havia subido em cima de mim, me cobrindo com o seu corpo. Seu peso era sufocante).
--- Me larga, o que você está fazendo? (Minha voz saía em tom de desespero, comecei a me debater, mas era em vão, seu corpo era gigantesco perto do meu, apenas com uma de suas mãos, segurou meus braços).
--- Olha... Eu prometo ser rápido, basta você colaborar... Gui.
(O seu sorriso sarcástico fizeram minhas lágrimas escorrerem involuntariamente, meus pedidos saiam em forma de soluços, eu estava em choque, imóvel, não tinha forças nem para gritar... Começou a se aproximar do meu rosto, e então eu senti, seus lábios tocarem os meus... Minha última reação de luta, foi a de morde-lo...).
--- Aaah... Você me mordeu?! -Esbravejou ele passando a mão nos lábios para ver se estavam sangrando. --- Eu aqui querendo te encher de carinho, e você faz uma coisa dessas... Eu devia apertar esse seu pescocinho até você ficar roxa... -Falou levando as mãos ao meu pescoço e o apertando...
(Mal conseguia enxergar a expressão dele, minha vista estava embaçada devido as lágrimas. O ar estava escapando de mim, por conta do sufocamento. Achei que fosse meu último suspiro quando disse...).
--- Por favor Camilo... Me... Me solta... Estou sem... Ar...
--- Está?! Que engraçado. (Sorriu) Você não pensou nisso quando me mordeu... Eu ia fazer tudo certinho, ia ser cuidadoso... Mas já que você gosta de selvageria, por mim tudo bem. Só não grite.
(Soltou o meu pescoço, me fazendo engasgar com o ar que voltava com tudo para mim... Enquanto me segurava, sua outra mão ia me tocando, sua boca suja estava em meu pescoço. Com apenas um puxão, ele estourou todos os botões do meu pijama, meu shorts virou um trapo, o que era uma calcinha, ele fez de corda e amarrou meus pulsos... No momento em que me deixou nua e amarrada, começou a tirar a sua roupa. Ainda fechados, apertei os meus olhos tentando acordar daquele pesadelo).
--- Como você é linda Gui.
(A cada toque eu sentia frio, medo, ânsia, vergonha... Suas mãos conseguiram fechar a minha cintura me trazendo então para a beira da cama, percebi que havia se ajoelhado para ficar na mesma altura... Em meus pensamentos eu suplicava para que minha mãe chegasse ou para que qualquer outra pessoa chegasse e batesse a porta... Mas foi tudo em vão, ninguém apareceu).
--- Por favor, me solta... (Eu estava em choque, chorava muito).
--- Eu vou soltar você... Assim que eu acabar. (Sorriu).
(Se encaixou no meio das minhas pernas, e em um único movimento brusco, eu senti a pior dor da minha vida, meu grito saiu em uma forma estrondosa...).
--- Shiiii...(Sorriu) Eu disse para não gritar. Ninguém pode nos ouvir Gui, quer que a diversão acabe? -Falou ele rindo e tapando minha boca com a mão.
(Seu membro estava me rasgando, minha alma estava sendo dilacerada... Porque? Porque isso estava acontecendo? O que eu fiz de errado? Essas perguntas estavam por toda a parte... A cada invadida brutal, eu sentia todos os meus órgãos se repuxando... Seus gemidos, suas palavras, suas risadas, me davam náuseas, ele se divertia com aquilo, ver o meu sofrimento, era satisfatório para ele).
--- Ahh Guinevere...
(Depois de longos minutos que pareciam anos infernais, seus gemidos saíram como sussurros... Assim que a tortura acabou, eu não conseguia me mexer, meu corpo inteiro doía, sentia muito frio, e uma vontade enorme de vomitar, por alguns instantes eu achei que havia morrido... Até ouvi-lo...).
--- Está vendo como você está mais calma! (Sorriu). Nada como uma boa educação... Agora preste bem atenção, porque eu só vou falar uma vez... -Alertou ele chegando bem perto do meu ouvido. --- Isso ficará entre nós, se eu souber que você contou para sua mãe, ou para qualquer outra pessoa, darei um fim em sua mãe, e farei coisa muito pior do que isso com você... Estamos entendidos?
(Não tinha forças nem para respondê-lo).
--- RESPONDA... -Gritou ele.
--- Si... Sim. (Falei com muito esforço).
--- Ótimo... Não esqueça de tirar esse lençol e limpar o chão. -Falou se retirando e levando consigo suas roupas.
(Depois de alguns minutos naquele estado, consegui me recompor, me levantei ainda bamba, estava suja e com muita tontura, havia sangue no lençol e no chão... Era a cena mais assombrosa que eu havia vivenciado. Fui ao banheiro, tomei banho com uma esponja áspera pra tirar todos os resíduos do corpo dele que haviam em mim, já nem tinha mais lágrimas para chorar, assim que terminei fui trocar o lençol, joguei o fora junto com o restante das roupas, limpei o chão, e finalizei... Me sentei sob a cama e comecei a me perguntar... Por que?).
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Triângulo
RomanceComo pode... Três pessoas serem tão diferentes, corações diferentes, e de repente são tão iguais, é como se tivessem vividos na mesma época, como se tivessem partilhado do mesmo prato, do mesmo sentimento... Como pode?! São épocas diferentes; ela te...