Na delegacia...

202 19 2
                                    

Arthur

(Ótimo cheguei! Só que agora eu não me lembro se estacionei o carro na vaga certa… Enfim, meu cotovelo está doendo pra caramba, mas pelo menos o ralado está pouco notável).
--- Boa noite, Silvia. (Falei adentrando o espaço).
--- Boa noite, Arthur…
(Percebi o seu olhar em direção ao meu braço).
--- Nossa, o que houve com o seu cotovelo? -Perguntou, o olhando atentamente.
--- Ahh, não foi nada demais, apenas caí de bicicleta.
--- Sério? - Indagou ela.
--- Sim.
--- Nossa, você devia ter ido ao médico para ele ver se não foi nada grave... - Disse ela em um tom preocupado.
--- Que nada. Não foi pra tanto.
--- Deve ter doído muito né?!
--- Pra cacete! E ainda está doendo… Mas… Vou sobreviver.
(Não queria entrar em muitos detalhes, de como ocorreu a queda, e sei também, que ela não vai perguntar).
--- Ah sim. Entendi! Mas de qualquer forma, é melhor cuidar disso para que não fique pior.
--- Sim, já passei uns antissépticos, lavei com soro; enfim, está tudo certo.
--- Então tá né… Está de plantão hoje?
--- Sim. Hoje e depois de amanhã…
--- Hummm.
--- Está tudo tranquilo por aqui?
--- Por enquanto está!
(Aquele "por enquanto" meia-boca)
--- Isso é bom… Veremos até mais tarde.
--- Pois é. (Risos). E de resto Arthur?! Me diga, está tudo bem? Depois que nossas escalas mudaram ficou mais difícil da gente se esbarrar nos corredores… -Disse ela, se levantando e apanhando sua bolsa.
--- Ah… Está indo tudo bem, muito corrido, muitas contas, muito trabalho...
--- Muitos amores?! -Perguntou arqueando a sobrancelha.
(Mas é claro que ela ia perguntar isso… Silvia é uma mulher incrível, tem lá os seus 40 anos, e é charmosa, talentosa, mas as vezes é um tanto grosseira... Já saímos algumas vezes, mas nada sério, e nem comprometedor, era apenas curtição nossa… Mas já foi! Ela está na delegacia, há muito mais tempo que eu, já passou por várias áreas, e está agora como investigadora).
--- Humm… Talvez… (Deixei no ar).
--- Aí… Arthur, você e os seus mistérios, (Sorriu). Mas, já que não quer falar, então tá, eu já vou indo, se não vai ficar muito tarde. Boa noite, e bom serviço… -Falou já indo em direção a porta pela qual eu havia entrado.
--- Obrigado. (Agradeci, me virando e entrando em minha sala que ficava ao lado).
--- Enfim… A sós, eu e os meus B.Os. (Suspirei, me ajeitando em minha cadeira… Estava tudo tranquilo, tirando a parte que eu já não estava conseguindo dobrar, e nem esticar o braço, estava tudo em seus conformes).

{Alguns minutos depois}
~~ TOC TOC ~~
--- Pode entrar…
--- Arthur... Passei pela Silvia, e ela comentou que você tinha machucado o braço…
(Como fui tolo, em achar que o meu ralado seria "pouco notável").
--- Boa noite pra você também Henrique… Não é bem um machucado, foi apenas um arranhão, um tanto profundo, mas foi… É que eu caí de bicicleta hoje mais cedo. (Suspirei).
--- Nossa, e deve ter sido uma queda e tanto, para o seu cotovelo ter ficado assim. - Falou ele, puxando a cadeira em frente a minha mesa e se sentando.
--- E foi, havia um pedregulho imenso na minha frente e eu não vi…
--- Ué, se era imenso, como foi que não viu? Não estava olhando pra frente? -Perguntou ele, me encarando.
--- Estava! (Tentei dá uma de desentendido).
--- Arthur…
(Mas o Henrique me conhecia muito bem, afinal, são quase 30 anos de amizade, nos conhecemos na adolescência, nossos pais eram amigos, e consequentemente viramos amigos também, estudamos na mesma escola, mesma sala, depois nos reencontramos de novo na faculdade, só que fizemos cursos diferentes, ele queria ser bombeiro civil, e chegou a ser… Mas por ironia do destino, prestamos o concurso para polícia civil, e aqui estamos até hoje).
--- Não estava…
--- E o que foi que tirou sua atenção? (Risos).
--- Uma moça… (Suspirei). Uma moça que tem tirado a minha atenção desde o primeiro dia em que a vi. (Percebi sua cara de espanto).
--- Arthur Tolemac… Como assim?! Está querendo me dizer que finalmente encontrou a metade da sua laranja? Cara… Eu já estava desacreditando.
--- Cala a boca. (Risos).
(Henrique, era dois anos mais velho que eu, já havia se casado 3 vezes, e estava namorando a sua futura "quarta" esposa; tinha 5 filhos, e 1 neto… Isso era uma matemática bem louca, mas nunca foi o que eu queria pra mim… Quero dizer, na época da mocidade gostava de uma farra, de uma esbórnia, mas nunca me casei, já tive uns relacionamentos, mas nunca foram adiante… Vontade de ser pai, já tive, mas nunca foi o meu foco principal… É estranho e ao mesmo tempo engraçado, ter se passado tanto tempo, e eu ainda não me decidi, se quero casar, se quero ter filhos, formar uma família, enfim… Mas de uma coisa eu tenho quase certeza, algo que está gritando em mim, chamando pelo nome… Guinevere).
--- Vai, quero saber, me fala, como é essa tal moça? Eu conheço? -Perguntou radiante.
--- Eu acho que você não conhece, sei lá, mas enfim, não quero falar sobre isso agora, tenho uma pilha enorme de relatórios pra fazer… Vamos deixar esse papo pro café.
--- Ahhh não Arthur, fiquei curioso (Risos), fazia tempo que eu não via você assim, todo atrapalhado por causa de alguém. Quero dizer, teve uma vez no colégio que você ficou assim por causa daquela menina, que te deu um fora depois, qual era mesmo nome dela? Ahhhh, lembrei…  Luiza.
(Porra, acho que o Henrique errou de profissão, ele devia ser arqueólogo, porque talento ele tem pra desenterrar as coisas do passado).
--- Ahhh, cara, não viaja, não queira comparar aquela época com a de agora.
--- Foi apenas um comentário. (Sorriu). Mas, fale logo, vocês já saíram? Já Ficaram?
--- Ouuhhh… Como você está adiantado, cara, já falei, no café eu conto.
--- Então tá, mas vou querer saber os detalhes.
(Fala sério).

TriânguloOnde histórias criam vida. Descubra agora