O Resgate de John

118 24 83
                                    


Terça feira de chuva.

John acordou sem saber se queria ou não sair da cama. Todos os seus dias estavam começando assim e nada do que ele fazia mudava aquela situação. Não se sentia bem em casa, não se sentia bem no Largo Grimmauld, não estava se sentindo bem em Hogwarts... a sensação que imperava era a de que não havia mais lugar no mundo para ele.

O despertador digital em cima do malão ao seu lado marcava 7:40. Sua primeira aula seria de Transfiguração e estava morrendo de vontade de faltar, mesmo sabendo que McGonagall arrancaria sua cabeça se não o visse lá. Quem sabe assim não seria expulso? Largaria o mundo da magia e voltaria a ser um "sangue ruim" obrigado a viver com os trouxas?

Virou-se de peito pra cima e cobriu os olhos com um dos braços. As coisas seriam tão mais fáceis se Voldemort tivesse matado Sherlock no lugar de Mary... Conseguia se imaginar tentando vingar o corvino enfrentando o Lorde das Trevas de uma maneira irrealista... então, em sua mente, Voldemort o assassinava e, assim, haveria dois túmulos no final dessa história, de preferência enterrados lado a lado. Mary continuaria seu caminho na Terra. Provavelmente ela ficaria triste com a perda do namorado, mas depois de algum tempo seguiria em frente e arranjaria outra pessoa. Sua família também ficaria triste, mas seus pais ainda tinham Harry.

Tirou o braço dos olhos e encarou o teto. Estava pensando cada besteira...

Esperou mais um tempo. Juntou forças e se sentou na cama, mas demorou a ficar de pé. Demorou a vestir o uniforme. Demorou a se aprontar. Podia dizer que estava doente, mas aquilo só o faria se sentir mais patético.

Sherlock não era o único que precisava reagir. Ele também precisava.

Com moleza, ficou de pé e se arrumou.

No salão principal, quase todos os alunos estavam terminando seu desjejum. Quando John se sentou à mesa, Sally, Henry e Witty lhe desejaram bom dia. Havia muita comida na sua frente, mas nada lhe despertava o apetite. Sally checava o seu material de Transfiguração, Witty alongava e modelava os cílios com a varinha e mirava seu reflexo no côncavo de uma colher pra checar o efeito e Henry assistia a esse processo um tanto fascinado pelo trabalho minucioso.

Harry e Clara se juntaram a eles logo depois.

– Bom dia – cumprimentou Harry – Ontem foi um dia e tanto, heim?

– Por que? – inquiriu Sally terminando de guardar suas coisas.

– Aula inspecionada de Feitiços – respondeu Clara passando geleia na fatia pão – foi meio tenso.

– Não consigo imaginar o professor Flitwick recebendo nota baixa em uma inspeção – confessou John. – Ele é tão pacífico.

– Mas ela bem que tentou provocá-lo. Ficou fazendo comentários maldosos com a altura dele. Mas o professor Flitwick a tratou como convidada de honra e ela acabou sem ter o que falar. Vão ter aula de que agora?

– Transfiguração. – John, Sally, Henry e Witty responderam em uníssono. Os dois últimos meio concentrados em suas "tarefas".

Harry soltou uma risada:

– Será que a Umbridge vai avaliar essa aula? Que inveja de vocês. Eu bem que queria ver a professora Minerva colocando aquela vaca no lugar dela. Umbridge nem ia saber o que a atingiu.

Terminado o horário do café, todos se dirigiram às suas respectivas aulas e um imbróglio rodou na barriga de John quando ele chegou à sala de Transfiguração. Sherlock estava arrumando as coisas na sua carteira e o assento ao lado dele estava vazio. Percy Phelps estava sentado mais lá na frente, prestando algum tipo de assistência a Soo Lin Yao.

Potterlock - A Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora