O Alerta de Dobby

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Sherlock curvou a coluna para frente e forçou as mãos contra as têmporas. Sua cabeça latejava de dor. Estava com Snape na sala das masmorras; um ambiente mal iluminado, com estantes cheias de compotas e alguns pergaminhos enrolados em canudos. Entre os dois, reluzia uma Penseira.

– Falhou, Holmes – disse o professor com severidade.

Dessa vez Snape havia pegado Sherlock desprevenido, usando o feitiço não verbal para invadir sua mente. Por mais que o professor não tivesse acesso às emoções que as lembranças do garoto traziam, era quase impossível Sherlock não deixar uma porta aberta quando se tratava de seus pensamentos.

– Como uma pessoa não consegue raciocinar? – bradou o aluno, inconformado – É impossível!

Snape contraiu os lábios. Parte do seu rosto macilento se escondia pela cortina de cabelos negros e escorridos.

– Acontece, Holmes, que há muitas emoções em seu raciocínio. Complexas, mas acessíveis. Curiosidade, prazer, empolgação, euforia... Você pode saber lidar com os sentimentos e instintos primários, mas não consegue se desfazer daquilo que o deixa agitado.

Eles se encararam. Ouviram-se passos corriqueiros do lado de fora, no entanto, nenhum dos dois deu importância a isso. O rapaz sentia-se tão revoltado que quase relutou em absorver as palavras do bruxo.

Snape apontou-lhe a varinha mais uma vez e falou de forma arrastada:

– Esvazie sua mente.

Como esvaziar uma mente tão acostumada a captar quaisquer estímulos? Sherlock se fez essa pergunta enquanto seus olhos encontravam os do professor. Para ele, manter a mente atribulada era como respirar, mas precisava achar uma solução se quisesse impedir que um invasor acessasse a sua cabeça. O seu mundo.

Seu mundo... se o Palácio Mental foi criado por Sherlock, então ele deveria ter domínio desse lugar, mais do que qualquer invasor, certo? E se tentasse algo além de ficar bloqueando os acessos de Snape às suas lembranças?

Aconteceu na velocidade de uma sinapse. Snape lançou o feitiço e tudo ficou escuro.

Um cenário começou a tomar forma a medida que a escuridão se esvaía. Era uma sala rústica, revestida de madeira polida, mal iluminada, grande e antiga. Não havia nenhum móvel, nenhuma porta ou janela, dando a sensação de que era um cativeiro muito requintado. Sherlock se viu no centro desse ambiente assim que abriu os olhos, e quase sorriu ao perceber que havia um novo visitante. Um bruxo aparentemente perdido: Severo Snape.

O professor caminhava olhando para todos os lados, visivelmente perplexo, com a boca aberta e o semblante cismado. Talvez o orgulho o impedisse de perguntar onde ele estava, mas o embaraço do sonserino era visível.

– Holmes... diga o que aprontou! – exigiu Snape.

– Só estou treinando Oclumência, professor.

– Isso não é Oclumência! Diga logo o que você fez!

– Eu quis saber o que aconteceria se eu alterasse a técnica. Deixei o senhor entrar e depois fechei minha mente. Tranquei esse lugar.

Snape arregalou os olhos, enrijeceu a mandíbula e encarou o aluno como se estivesse diante de um inimigo em potencial. Fez um gesto parecido ao de apanhar a varinha, mas percebeu que a arma não estava mais em sua mão.

– Esse é o meu Palácio Mental – disse o aluno, orgulhoso. – Eu construí esse lugar pra organizar meus conhecimentos quando eu era criança, mas hoje eu o uso para fazer várias coisas.

Potterlock - A Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora