Potterlock - A Ordem da Fênix

Cartas para Watson

No dia seguinte ao Dia de Reis, outra determinação foi afixada no quadro do salão principal, cobrindo, mais uma vez, todos os outros avisos.

POR ORDEM DA ALTA INQUISIDORA DE HOGWARTS

A partir da presente data, os professores estão proibidos de passar informações aos estudantes que não estejam estritamente relacionadas com as disciplinas que são pagos para ensinar.

A ordem acima está de acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Sete

Assinado: Dolores Joana Umbridge, Alta Inquisidora

Essa havia sido a forma que Umbridge dispusera para impedir que a política do Ministério da Magia fosse questionada pelos professores e alunos. Tudo indicava que a notícia da fuga de Azkaban deixara a Alta Inquisidora mais maldosa do que antes. Foi com certo prazer que ela anunciou na frente de todos, durante o café da manhã, que os professores Trelawney e Hagrid estavam em observação. Sendo assim, vez ou outra ela aparecia para fiscalizar as aulas de Adivinhação e Trato das Criaturas Mágicas, escrevendo efusivamente em sua prancheta. Como consequência, os dois professores se sentiam tão nervosos que mal conseguiam lecionar.

Trelawney estava cada vez mais histérica, dando espasmos e gesticulando muito quando era bombardeada com perguntas sucessivas de Umbridge. Hagrid, por sua vez, não estava mostrando nada mais assustador que um crupe (uma criatura fofa que parecia um cãozinho terrier com duas caudas), mas vivia distraído, perdendo o fio da meada em suas explicações e respondendo errado às perguntas, sempre olhando ansioso para a avaliadora.

A verdade era que a forma como Umbridge descontava sua indignação nos professores e alunos fazia Snape parecer um bebê unicórnio muito manso.

No final da aula sobre pelúcios, Sherlock e John esperaram todos irem embora para conversarem com Hagrid, mas o professor os proibiu de visitarem-no na cabana, temendo as consequências que os jovens sofreriam por desobedecerem a nova ordem. Nas palavras da Alta Inquisidora, "professores são pagos para lecionar, não para conversar".

– É como se ela quisesse acabar com tudo de bom que tem nessa escola – dizia John revoltado, andando ao lado de Sherlock pela grama úmida, carregando o Animais Fantásticos e Onde Habitam debaixo do braço – Não sei por que ela está avaliando eles. Ela já decidiu que vai tirá-los!

– Para ela conseguir tirá-los – falava Sherlock, racionalmente – tem que convencer a todos que eles são incapazes.

– Isso prova que pra ser cruel não precisa ser um Comensal da Morte.

– Se lhe serve de consolo, Hagrid é um ótimo professor de Trato das Criaturas Mágicas. Vai ser mais difícil convencer o Ministério a tirá-lo. Já em relação à professora Trelawney, eu não posso dizer o mesmo.

Assim que se aproximaram do saguão, John observou Sarah Sawyer conversando com Soo Lin Yao. Ao vê-la, o rapaz corou até a raiz dos cabelos e seu estômago deu um salto desconfortável. Não dava pra ser indiferente ao beijo que trocaram até pouco tempo.

Sarah disse alguma coisa para a amiga, que olhou para John e depois foi embora um pouco contrariada por ter sido despachada. Assim que os dois rapazes subiram os degraus de pedra, ela os cumprimentou:

– Oi, gente.

– H-hei. – John quase engasgou.

– Vejo vocês na aula – disse Sherlock categoricamente antes de se afastar às pressas.

John teve vontade de pedir para que ele ficasse, mas isso seria muito estranho. Com pesar, viu-o sumir pelos portões e, depois, olhou para a garota. Percebeu que ela também estava um pouco encabulada.