Maratona de Estudos

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Mais uma vez Sherlock estava deslizando pelo corredor escuro do Departamento de Mistérios. Atravessava uma sala circular, sorrateiramente, nas sombras. Foi ali que atacara Loui Holmes, mas agora não havia ninguém para impedi-lo. Passou por uma porta sem dificuldades e deslizou por uma sala ampla, com vários artefatos aparentemente antigos. Não deu atenção a eles e se deteve a focar-se na próxima porta, que dava para uma sala cavernosa, cheia de estantes em que se alinhavam as esferas de vidro empoeiradas. Precisava encontrar a certa.

O rapaz acordou como se uma força o expulsasse do mundo dos sonhos. Sua cabeça doía agudamente, fazendo-o se contorcer na cama e virar-se de lado. Suava frio. Pelo quadrado formado pelo aro que sustentava as cortinas da cama dava para ver que acabara de amanhecer. Sentou-se e puxou um frasco de baixo do travesseiro. Destampou-o, fazendo soar um barulho parecido ao de um desentupidor, e virou o líquido goela abaixo antes que mudasse de ideia. Jogou o frasco pelo colchão e apoiou a testa suada em uma das mãos.

Estivera na mente da cobra dessa vez, e Voldemort estava muito perto do artefato. Nada impedia o animal de abocanhar a esfera que procurava e mandá-la de volta ao seu senhor, a menos que ele também corresse risco de ficar louco que nem Bode. Sherlock precisava avisar a alguém, no entanto, Umbridge deixou bem claro que as corujas estavam sendo interceptadas e as lareiras vigiadas.

Precisava pensar em alguma coisa e rápido. Seja lá o que fosse o tal artefato, se Voldemort estava tão empenhado em obtê-lo, boa coisa não poderia ser. Por um instante passou pela cabeça do rapaz usar a capa da invisibilidade e fugir da escola. Poderia chegar ao vilarejo de Hogsmeade e pegar um nôitibus andante - o ônibus dos bruxos - para voltar ao Largo Grimmauld e fazer algo mais útil que seguir as regras da nova diretora.

"O plano é bom, mas essa decisão é muito ruim, não acha?" uma voz imaginária com o mesmo timbre da voz de John soou em sua cabeça. "Umbridge só quer um motivo para lhe expulsar".

– Decisão ruim, decisão ruim...

Ele colocou os pés no chão e abriu as cortinas que o ladeavam. As camas de seus colegas ainda estavam cobertas. Abriu seu malão, colocou a mão debaixo de uma pilha de camisas dobradas e puxou o pacote que Sirius lhe dera depois do Natal. De acordo com o herdeiro Black, o rapaz deveria usar o que tinha dentro do pacote se precisasse de ajuda ou se estivesse prestes a tomar uma decisão ruim. Se isso não era uma dica de que se tratava de um meio de comunicação, Sherlock não fazia ideia do que poderia ser.

Abriu o pacote e tirou um espelho retangular, menor que a palma da mão, com uma moldura prateada, cheia de relevos. Riu sem querer. Há muito tempo dissera para John que existiam espelhos especiais que podiam ser usados para os bruxos mandarem mensagens. Se era um espelho desse tipo que estava segurando, então Sirius era um bruxo mais esperto do que se imaginava.

Descalço, Sherlock saiu do dormitório e desceu as escadas de fininho. Sentou-se no último degrau e sussurrou bem baixo:

– Sirius? Sirius Black?

Por um tempo, só viu o próprio reflexo; uma cara amassada de quem acabou de acordar, com cabelos apontando para todas as direções, e duas bolsas inchadas abaixo dos olhos. No entanto, uma névoa abafou sua imagem e, ao se dissipar, deu visão a um bruxo de rosto ossudo, barba por fazer e cabelos negros, bagunçados.

– Sherlock! – Sirius estava com os olhos arregalados – O que aconteceu?

– Sirius! Que ideia brilhante essa do espelho!

– É um espelho de dois sentidos. Eu usava pra me comunicar com Tiago. Você está em perigo? Ranhoso ou Umbridge andaram perturbando você?

– Não e não importa. – O garoto aproximou o espelho de si – Sirius, eu sei do que Voldemort está atrás, e ele está quase conseguindo! A cobra está no Departamento de Mistérios nesse instante, eu acabei de ver!

Potterlock - A Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora