Quase Um Encontro

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John perdera as contas de quantas vezes teve que admitir que Sherlock tinha razão. Os dias que se seguiram obedeceram ao que o corvino previra, pois não se via um único pedacinho de O Pasquim na escola inteira, mas parecia que todo mundo estava ciente de todos os pormenores de "Sherlock Holmes e o Caso do Cálice de Fogo". Vez ou outra, John passava pelos corredores e percebia os olhares em sua direção. Quando estava com Sherlock, então, as pessoas sequer disfarçavam a mirada. Nas reuniões da AD, os membros já estavam tão cientes que o corvino passou a metade da aula sobre o Feitiço-Bomba - bombarda - tentando se desviar das perguntas sobre o que ocorreu no cemitério.

Os professores, obviamente, tinham sido proibidos de mencionar a história para os alunos, mas assim mesmo encontraram maneiras de expressar suas opiniões. Uma sorridente Sprout concedeu à Grifinória vinte pontos só porque John lhe passou o regador de água; depois da aula de Feitiços, Flitwick ofereceu ao rapaz uma caixa de ratinhos de açúcar que guinchavam; a professora McGonagall elogiou a guirlanda conjurada por ele duas vezes em menos de meia hora; e até a professora Trelawney irrompeu em soluços nervosos para anunciar a toda classe que John viveria até os cem anos, seria Ministro da Magia, casaria com o amor da vida dele e teria doze filhos.

Mais tarde, o Watson ficou sabendo que dois colegas de Sherlock - Wilkes e McFarlane - não só foram se desculpar com ele como também colocaram seus nomes no pergaminho para participarem da AD.

Umbridge rondava a escola, parando alunos a esmo e mandando-os mostrar os livros e os bolsos, provavelmente procurando exemplares do Pasquim, mas Irene Adler ensinara uma técnica que se alastrou na escola; a arte de transfigurar as páginas para parecerem cópias de livros-texto se mais alguém as lesse, ou apagadas por magia até que seus donos quisessem tornar a lê-las.

– Eu tenho um estoque muito grande de sujeira de metade da escola – a sonserina contou vantagem em uma vez que se encontrou com Sherlock a caminho da Sala Precisa –, então pode ter certeza que eu sei como esconder essas coisas.

O rapaz ficou interessado:

– E você tem alguma sujeira da Umbridge? – inquiriu.

– Oho! Está aí uma informação que eu não lhe daria de graça.

– Eu dou aulas pra você de graça.

Ela fingiu refletir sobre o argumento, olhando dissimuladamente para o teto enquanto batia um indicador no meio do queixo. Depois respondeu:

– Não, não me convenceu. Mas falando nas aulas, acho melhor você fazer alguma coisa antes que a sua cunhada nos denuncie.

Sherlock pensou um pouco.

– A irmã do John? – arriscou.

– Ah, então você sabe de quem eu to falando.

– As pessoas acham que John e eu somos namorados, então ninguém mais se encaixa na descrição. O que tem ela?

– Todos os dias ela visita a Sala Precisa, uma hora alguém vai descobrir que fazemos alguma coisa lá. – A Garota revirou os olhos e bufou – Só tem inconsequente nessa família ou o que?

– John não é inconsequente – defendeu.

– Ah, ele é. E você concordaria comigo se soubesse do que ele é capaz.

– Isso tem a ver com ele ter enganado Mary ou algo assim?

Adler o mirou, surpresa.

– Ele me disse que a enganou – Sherlock esclareceu, objetivamente –, mas não falou mais nada. Honestamente, não consigo imaginá-lo aos beijos com uma menina nos cantos da escola enquanto anda de mãos dadas com outra em público.

Potterlock - A Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora