Fuga em Massa

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Sirius informara que Monstro fora encontrado escondido no porão, procurando relíquias da família Black para guardar em seu armário antes que o atual herdeiro as jogasse fora. A notícia foi dada de forma fúnebre, como se o bruxo esperasse que o elfo tivesse morrido asfixiado no meio de tanta poeira.

A medida que o feriado de Natal foi chegando ao fim, a melancolia de Sirius voltava, mas o bruxo tentava não quebrar o ritmo de alegria que enchia a casa com a alta de Loui Holmes do hospital. O Curandeiro Smethwyck fizera sua mágica e encontrara um antídoto para o que quer que fosse que a cobra tinha nas presas. Agora, tudo o que o paciente precisava fazer era não se meter em situações arriscadas novamente.

Outra pessoa que também não conseguia ficar alegre era Sherlock. A oclumência parecia uma boa alternativa ao risco de possessão que marcava seu destino, mas muitos pensamentos atormentavam a sua cabeça, deixando-a túrgida. Estava tão obcecado em descobrir mais coisas sobre sua ligação com Voldemort que a falta de peças o deixava inquieto. Na noite de réveillon, enquanto boa parte dos moradores estavam na praça do Largo Grimmauld assistindo ao show de fogos, o rapaz estava em seu quarto, sentado na cama, encarando o coquetel, hesitando em beber um gole sequer. Talvez a poção da euforia e a poção calmante estivessem afetando o seu cérebro. Não estava pensando direito. Quem sabe se não bebesse aquilo sua mente seria arejada?

"Que desculpa esfarrapada", a voz de John sussurrava ao seu ouvido.

– Não é uma desculpa. – Sherlock respondeu para a voz imaginária – Essas poções são alucinógenas. E se essa bebida afetar minha forma de pensar?

E mais uma vez a voz soou: "Isso é o que você quer acreditar. Mas vá em frente. Vamos ver o que acontecerá quando você estragar seu próprio cérebro."

O rapaz resmungou algo ininteligível e bebeu o coquetel num único gole, fazendo uma careta de desgosto. O efeito era sempre o mesmo. Todos os pensamentos que o atormentavam se dispersaram para dentro de baús em seu Palácio Mental. Agora estava estranhamente calmo e muito mais apático do que de costume. Seu olhar parecia morto. Seu corpo, uma casca vazia.

A porta do quarto estava aberta, mesmo assim, Sirius bateu nela com o nó do dedo indicador. Sherlock não olhou para trás. Continuou sentado na cama, contemplando os fogos que coloriam o céu pela janela.

– Parece que você ficou com o quarto com a melhor vista – disse o homem.

Sirius sentou-se na beira da cama, ao lado do rapaz, e franziu o cenho quando viu a taça vazia na mão dele e o semblante inexpressivo do garoto.

– Sabe – Black comentou –, foi Snape que passou esse coquetel. Dumbledore mandou, é claro, mas se isso estiver atrapalhando você...

Sherlock baixou a cabeça e a balançou negativamente. Se o herdeiro Black tivesse aparecido um pouquinho mais cedo e dito isso, a taça não estaria vazia.

– Eu sempre reluto na hora de tomar – confessou o corvino, coçando bastante o nariz –, mas depois que eu tomo parece que a minha cabeça não vai mais explodir – ele esfregou as narinas com a costa da mão marcada e fungou.

Um fogo de artifício subiu ao céu e se abriu num chafariz verde neon.

– Por que não foi com os outros? – perguntou o garoto, mostrando sua vontade de mudar de assunto – Sua forma canina não gosta de fogos também?

Sirius emitiu um grunhido rabugento e só então Sherlock notou que ele estava com uma garrafa de cerveja amanteigada, agora bebendo-a pelo gargalo e virando a cabeça para trás.

– Moriarty – revelou Black depois de baixar a bebida – me reconheceu na forma de cão quando fui com você para a plataforma 9 ½ . Agora o Ministério da Magia sabe que não estou longe, e como só querem achar um culpado... Dumbledore acha que se eu sair daqui colocarei minha vida em risco.

Potterlock - A Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora