Na Terra dos Gigantes

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John mal tinha conseguido dormir e mesmo assim acordou cedo demais. Às seis horas da manhã de domingo já estava com os olhos bem abertos. Do lado de fora só dava para ver uma neblina muito espessa e um céu quase branco. Ficou se revirando na cama, mas além do sono não voltar, aquele ócio enchia sua mente de pensamentos ruins. De alguma forma, não conseguia ficar mais com raiva, ou mesmo triste. Agora se sentia mais conformado, como se sua consciência gritasse que ele realmente mereceu tudo o que estava acontecendo. Perder a vassoura, a vaga no time...

A necessidade de se livrar daquela energia ruim lhe deu forças para se arrumar e descer para o café. Como era de se esperar, os corredores estava praticamente vazios e muito gelados fazendo John agradecer por ter escolhido o seu casaco mais quentinho e ainda ter trazido o cachecol.

A mesa ainda não havia sido posta. Provavelmente a comida só seria servida às sete horas, mas foi só pensar nela que seu estômago roncou um pouquinho. Olhou para o relógio de pulso e viu que ainda eram seis e meia. Uma pena que uma das tais leis dos limites da transfiguração era a de que a comida não podia ser criada.

Decidiu dar uma volta pelo jardim no intuito de se distrair. Ao sair do castelo, no entanto, se surpreendeu ao ver Sherlock já do lado de fora, vestindo um sobretudo azul claro, bem trajado, parecendo andar às pressas à sua frente.

– Sherlock? – John o chamou.

O corvino parou o que fazia e virou-se para ele com cara de quem teve uma boa surpresa.

– John? Isso foi um timing e tanto! Eu estava mesmo querendo lhe encontrar antes de... – mas parou de falar quando passou a olhar para o amigo mais atentamente – aconteceu alguma coisa? Tá com uma cara...

O grifinório respirou fundo e fez uma pausa antes de replicar:

– Por favor, me dê uma boa notícia.

– Você não deveria estar abatido. Não depois daquela vitória.

– Eu não estaria se o Moriarty não tivesse destruído a minha vassoura e aquela vaca da Umbridge não tivesse me expulsado pra sempre do time!! – Bradou de repente e de uma vez.

Quando John deu por si, já estava deslanchando toda a história em tom de desabafo e sem vírgulas, mal parando para respirar. Havia repetido o mesmo discurso para seus amigos e para todo o resto do time da Grifinória e, ainda assim, não parecia suficiente.

Ao terminar, sentiu-se cansado. Olhou para Sherlock e viu nele uma expressão pasma, mas que, aos poucos, foi ganhando lentamente traços de raiva. Não aquela raiva explosiva que tomava conta de todo o restante do time, e sim, uma raiva gélida, impassível.

– Moriarty e Umbridge lhe atacaram porque você anda perto de mim – falou o corvino secamente.

– Eu sei.

– Precisam ser parados.

– Não. – John se aproximou de Sherlock, segurou a mão direita dele e puxou a borda da luva para baixo até mostrar a cicatriz "não devo contar mentiras", mais funda e rubra do que antes. – Não – repetiu veementemente, ajeitando a luva –, só me diga que tem uma notícia boa.

Sherlock desviou a mirada como se precisasse de alguns segundos.

– Não sei se vai compensar... – disse o corvino mais manso – mas Hagrid voltou.

O grifinório arregalou os olhos e um sorriso incrédulo se formou em sua face.

– E o que fazemos aqui parados? Vamos logo vê-lo!

Potterlock - A Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora