O Pedido de Hagrid

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Madrugada. Sherlock se via sentado no extremo de uma grande mesa retangular em uma sala escura com cortinas puídas, iluminada apenas por dois castiçais com três velas. Seus dedos finos e anormalmente brancos estavam entrelaçados em cima da mesa. Ao seu lado direito e esquerdo sentavam várias figuras encapuzadas vestidas de preto.

– Fui mal aconselhado, pelo que parece – disse ele num tom de voz gélido.

– Milorde, peço o seu perdão – a voz do sr. Moriarty soou do lado direito, servil, mas firme. – Milverton disse que Bode sabia que não poderia... sem dúvida foi essa a razão por que lutou tanto contra a maldição imperius lançada por mim.

– Você fez bem em me informar. Muito bem... pelo visto, parece que estamos num impasse... mas não importa... Estamos mais perto agora. Você tem a gratidão de Lorde Voldemort, Moriarty.

– É sempre uma honra servi-lo.

Sherlock deu um suspiro longo e pesado. Ao seu lado, a enorme serpente mostrava a língua bifurcada. Os comensais à mesa mantinham-se num silêncio tenebroso.

– Talvez eu mesmo tenha que pegá-lo...

Ele parou de falar, sentindo um estranho mal estar. Depois repousou a palma das duas mãos na mesa e direcionou uma até uma colher de prata. Pegou-a e encarou o próprio reflexo. Ao ver seu rosto ofídico no côncavo do talher, sentiu sua raiva eclodir.

– NÃO!!

Sherlock acordou de repente, com as costas no chão e um dos pés ainda na cama. A cabeça doía tanto que por um instante era como se ela fosse explodir. Suava frio, tremia. Ainda era madrugada, e as trovoadas lá fora quase abafavam o chiado forte da chuva. Ainda assim, seus colegas dormiam tão profundamente que dava pra ouvir os roncos de Wilkes vindo da cama da frente.

Desenrolou-se das cortinas e engatinhou até o seu malão, abrindo-o. Puxou de dentro um alfarrábio cheio de recortes do Profeta Diário e sentou-se com ele na cama. Conjurou o lumus, fazendo a ponta de sua varinha se iluminar, e começou a folhear o grosso caderno até chegar à matéria sobre Broderico Bode, morto por um visgo do diabo no hospital St. Mungus. Juntando os fatos, claro estava que Bode foi parar no hospital porque Moriarty usara o imperius para forçá-lo a pegar o artefato, e como a vítima sabia que não conseguiria pegá-lo, resistiu à maldição.

Bode enlouqueceu porque tocou no artefato.

A dúvida agora era: Por que Voldemort acha que conseguirá segurar o aludido objeto?

~O~

John teve que comparecer mais cedo à sala de Transfiguração para realizar sua orientação vocacional com a professora McGonagall. Ao entrar no local, viu-a sentada à sua mesa. Na frente dela estava a professora Umbridge com sua conhecida prancheta, e, entre as duas, uma cadeira vazia, de frente para a orientadora.

– Pontual, Watson – disse McGonagall, sisuda. – Sente-se.

O rapaz obedeceu mesmo que a ideia de ficar de costas para Umbridge fosse muito desagradável.

Por um bom tempo, McGonagall ficou mexendo em pergaminhos, arrumando folhas e pegando cartões, tudo sob o tic tac do grande relógio de parede, que, aos ouvidos do aluno, estava mais alto e perturbador que o normal. Finalmente, a professora colocou na mesa o histórico escolar de John e ergueu a mirada para ele antes de começar a falar:

– Muito bem, Sr. Watson, como bem sabe, esse é o dia de sua orientação vocacional e, como diretora da sua casa, é meu dever instruí-lo. Diga-me, há alguma carreira em mente?

Potterlock - A Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora