A segunda visita a Hogsmeade foi no primeiro domingo de dezembro, sob um céu branco e uma camada grossa de neve cobrindo o chão. Na mesa do café da manhã, Henry via seu próprio reflexo pelo côncavo da colher enquanto tentava ajeitar o cabelo com os dedos.
– Eu ainda não acredito que você vai pra Hogsmeade com o Sherlock – disse Sally com o braços cruzados em cima da mesa.
O herdeiro Baskerville deixou a colher perto do prato e a fitou antes de perguntar:
– Ainda tá implicando com ele?
– Não, não é isso. É que eu conheço Sherlock desde criança, cara. Imaginar ele num encontro é, tipo... impossível! A cena tenta se materializar na minha cabeça, mas ela desaparece.
– Talvez não o conheça tão bem assim. O que acha, John?
O jovem Watson abriria mão do seu café da manhã inteiro para não ter que responder àquela pergunta. E olha que na mesa tinha tortinhas de abóbora, suas favoritas. Ele suspirou e apoiou o queixo em uma das mãos enquanto dava uma mordida no doce.
– Sinceramente – respondeu desanimado – eu nunca achei que Sherlock aceitaria ir a um encontro. Ou melhor, eu achava que a única pessoa que conseguiria essa proeza com ele era a Adler.
Sally deu uma risada em forma de ronco:
– Gryffindor! E olha que você é o melhor amigo dele! Como pode errar feio desse jeito?
– Que?!
– O esquisito odeia pessoas invasivas e a Adler o beijou sem permissão.
– Mas... – John franziu o cenho, confuso – ele disse que retribuiria o beijo se ela tivesse dado tempo.
– Eu ouvi ele dizer que não sabe se retribuiria. E mesmo que retribuísse, seria só isso. Ele é orgulhoso demais pra aceitar que invadam o espaço pessoal dele. – Ela revirou os olhos – Por isso não arranja ninguém. Enfim, vamos juntos? Podemos chamar o Greg.
– Achei que iria com o Anderson.
O sorriso dela instantaneamente desapareceu:
– Ah, não. Nós brigamos – esclareceu chateada – Ele ficou muito feliz quando eu falei que Moriarty destruiu sua vassoura e que você estava proibido pra sempre de jogar quadribol. Quando o chamei de mal perdedor, ele começou a dizer que a culpa foi sua por ter aceitado a provocação.
– Como se John fosse aguentar isso calado – Henry resmungou – Foi bem feito ele ter revidado. Só é uma pena que a madame Pomfrey tenha consertado a cara do Moriarty.
John sentiu-se comovido pela lealdade dos amigos, mesmo que parte disso se devesse ao fato de que o time não queria perder tempo arranjando outro apanhador. Ainda assim, era quase um bálsamo diante do fato de Henry estar a um passo muito pequeno de ter Sherlock como namorado, uma realidade que teria que aceitar.
Perguntava-se se conseguiria conviver com isso. Talvez, mais cedo ou mais tarde, a insatisfação fosse tão corrosiva que ele mesmo iria querer ficar bem longe de dois dos seus melhores amigos e, assim, tentar encontrar outra pessoa. Considerando que se formariam em dois anos e meio, não seria tão fim do mundo assim.
Depois do café da manhã, ele e Sally se despediram de Henry e foram juntos para a estação. Na hora de passarem pela revista de Filch, encontraram Lestrade e se juntaram a ele.
– Ainda bem que vamos juntos – confessou Greg indo com os dois para o trem – Molly sempre vai com o Tom e agora Tobias tá de namorada nova. Uma garota do quarto ano. É nessas horas que eu sinto falta de namorar.
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Potterlock - A Ordem da Fênix
FanfictionO relacionamento entre John e Sherlock encontra-se mais conturbado do que nunca. Para piorar, Voldemort retornou e mesmo a Ordem da Fênix se reunindo para combatê-lo, o Ministério da Magia nomeou Umbridge para por um fim aos boatos sobre a volta do...