(Angel)
O tempo pareceu congelar quando Luke me beijou. Uma brisa fria passou pelo ambiente e soprou meus cabelos para trás quando ele pressionou os lábios nos meus com carinho.
E o beijo foi suave, leve e delicado.
Mas, apesar de ter sido bom, não pareceu certo.
E não acho que o motivo disso foi o ato em si...
Sem jeito, coloquei uma das mãos em sua bochecha com cuidado e me afastei lentamente, ainda com os olhos fechados.
Quando abri-os, Luke encontrou o meu olhar, então mantive as mão em sua bochecha, sentindo sua pele macia, ao sussurrar:
ㅡ Eu... ㅡ acariciei lentamente seu rosto, me afastando. Me faltavam palavras.
ㅡ Tudo bem... ㅡ Luke segurou minha mão, pressionando-a contra seu rosto levemente antes de retirá-la aos poucos. ㅡ Não quero pressionar você, sei que foi um dia difícil...
Como se os deuses elementais quisessem me ajudar a sair daquela situação desconfortável, um trovão alto ressoou pelo céu e gotas grossas começaram a pingar com velocidade.
Luke olhou para cima e disse:
ㅡ Acho melhor nós irmos embora, parece que essa chuva vai apertar.
O menino me ofereceu uma das mãos e me ajudou a levantar.
No segundo seguinte, saímos correndo para a trilha e, quando finalmente chegamos até a parte de baixo do Setor Leste, Luke parou e disse:
ㅡ O pessoal deve estar reunido na Base de Ar pra comemorar a vitória. Você vem?
ㅡ Acho que vou deixar passar dessa vez ㅡ Era notável o cansaço em minha voz.
ㅡ Tudo bem, descansa ㅡ ele deu um beijo em minha bochecha molhada como despedida, tomando seu caminho para o prédio do Ar em seguida.
Antes que eu pudesse me dirigir aos alojamentos femininos, a chuva de fato ganhou intensidade, e poucos minutos sob ela já foram suficientes para que eu ficasse completamente encharcada.
Honestamente, minha maior vontade depois desse dia era de chegar ao meu quarto e desabar na cama.
No alojamento, Sophie estava diante da mesinha da sala comendo um lanche e tomando algo que parecia ser um suco de frutas vermelhas.
Ela me olhou, reparou nas roupas pingando de chuva e riu.
ㅡ Chuvinha boa?
Ergui o dedo do medo e ri em sequência.
ㅡ Me sinto exausta ㅡ suspirei.
ㅡ Imagino, hoje foi um dia... inusitado ㅡ Sophie se levantou e veio até mim.
Ela olhou novamente para as minhas asas, maravilhada diante delas.
Minha colega de quarto ergueu a mão hesitante.
ㅡ Posso... posso tocá-las?
ㅡ Claro ㅡ abri-as um pouco mais.
Sophie passou os dedos suaves pelas penas molhadas, realizando uma carícia a cada toque.
ㅡ Me lembre de arrumar uma dessas um dia. É tão linda.
ㅡ Essas aqui são de grife, o preço é caríssimo, querida! ㅡ brinquei.
Sophie soltou uma risada engraçada.
ㅡ Bem, madame, você está fedendo a queimado e suor, então sugiro que tome um bom banho e depois venha pro meu quarto pra bater um papinho.
Ergui uma sobrancelha em questionamento.
ㅡ Temos umas coisinhas pra conversar.
A menina apontou o indicador e o dedo do meio para os próprios olhos e depois para mim, indicando que estava "de olho em mim".
Sem mais demoras, fui direto pra minha suíte.
Antes de entrar no chuveiro, voltei à minha forma normal, desconjurando as asas que antes estavam presentes em minhas costas.
Depois de longos minutos retirando a fuligem presa no meu corpo, coloquei um pijama largo e confortável e fui até o quarto de Sophie. Encontrei-a sentada na cama com uma toalha enrolada no cabelo molhado, assim como eu, e pintando as unhas do pé com esmalte azul marinho.
ㅡ Ok, dona Angel, enquanto eu dou um jeito nas suas unhas, você vai me atualizar sobre tudo que tem acontecido.
ㅡ Fechado.
Me acomodei diante de Sophie e botei os pés pra cima para que ela pudesse pintá-los.
ㅡ Cruz credo! ㅡ ela exclamou e deu um pulo pra trás.
ㅡ O que foi? ㅡ perguntei assustada.
ㅡ Que pés esquisitos, garota! Seu dedão parece um capacete de astronauta ㅡ Minha colega de quarto me lançou diversas caretas de horror. ㅡ Ainda bem que você não é fã de sandálias.
Comecei a rir incontrolavelmente, pois esse tipo de comentário e situação eram típicos de Sophie.
ㅡ Ei, se você continuar ofendendo meus pezinhos angelicais, vou embora pra minha suíte!
A menina revirou os olhos e balançou os cabelos azuis levemente desbotados.
ㅡ Tá, tá, parei. Agora desembucha ㅡ ela pigarreou. ㅡ O que tá rolando entre você e McGyver?
Franzi a testa.
ㅡ Aron?
ㅡ Não sei, Angel, prefere chamar ele assim? ㅡ Sophie lançou uma entonação sarcástica.
ㅡ Besta ㅡ revirei os olhos. ㅡ Não há nada entre nós.
Será que não?
Afastei a voz em minha cabeça.
ㅡ Nós só tivemos algumas situações em comum e ficamos alguns momentos trabalhando juntos.
Sophie ficou pensativa.
ㅡ Olha, So, deixa isso quieto por agora... minha cabeça tá cheia. Só quero relaxar.
ㅡ Ok, ok. Já terminei de pintar seu pé feioso de qualquer forma ㅡ ela disse ao guardar o esmalte na cabeceira. ㅡ Agora vem cá.
A menina veio até mim e me deu um abraço apertado, acariciando meus cabelos.
ㅡ Tô sempre aqui por você, ok?
ㅡ Eu sei ㅡ abracei ela com força e depois fui pro quarto para uma boa e longa noite de sono.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Elementais: O Legado das Trevas
Fantastik! CONTÉM SPOILERS DO PRIMEIRO LIVRO (Os Elementais: A Ascensão da Fênix) ! - - - - Angel Foxtrot Aurum, a fênix de Ouro, agora sabe sua real ascendência e a verdade sobre seus pais, Ignis e Caeli, os elementais originais do Fogo e do Ar. Através de...