Capítulo 8 (Cristina Mendes - 20 anos)

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Finalmente, foi encontrado um bom marido para mim, todas as minhas amigas já estão casadas ou estão quase a casar, e eu estava a ficar para trás, sinceramente, estava a ficar preocupada com a possibilidade de ficar para tia. Nesta idade e ainda não estar a noivar é bastante preocupante porque é sinal que poderei passar do tempo e não conseguir procriar nem encontrar um homem para casar, isso significa que são defeituosas e as minhas amigas teriam de deixar de ser minhas amigas porque iria parecer mal. O stress e a pressão de ainda não ter um marido é demasiado angustiante, as pessoas olham e comentam como se soubessem que ainda não tenho noivo e já se ouve pelos cantos que devo estar avariada e por causa disso ainda não casei.

O meu pai optou por apresenta-lo em jantar formal, por isso, foi necessário fazer jus às minhas tarefas como esposa e fazer uma limpeza da casa, preparar o jantar de requinte e ainda recebê-lo bem-vestida, não tinha grandes opções se queria arranjar um noivo e não ficar passada do tempo. Corri de lado para outro, limpei tudo ao pormenor e a pressão de ter de fazer boa figura só me deixa mais nervosa, desconfortável e com vontade de mandar tudo para o alto, mas também não posso ficar para tia e ser gozada o resto da vida. Como seria ele? Teria os cabelos negros ou castanhos? Seria simpático ou bruto? Tenho tantas perguntas na minha cabeça sobre a sua aparência, mas não importa muito porque não tenho de o amar, só tenho de casar com ele e arranjar um filho para mostrar que sou boa esposa.

Quando já era meio da tarde, o sol punha-se reluzente lá ao fundo e deixava o céu mesclado de laranja, amarelo e rosa, os nervos estão á flor da pele com o aproximar da hora do jantar de apresentação. O jantar já está mais do que adiantado, a casa limpa até aos tijolos, e eu estou super nervosa porque não sei nada dele e o medo de ele não gostar de mim é enorme, se ele não gostar, poderá rejeitar o casamento arranjado e eu ficarei com a reputação arruinada. Sempre que imagino ele recusar casar comigo e eu ficar com a reputação de má esposa, é uma condenação aos comentários e a uma vida sozinha, um desgosto para a família e um isolamento imortal.

Fui-me preparação para receber o que poderá ser o meu futuro marido, fui preparar-me umas 2h antes da chegada dele porque queria ter a certeza na roupa mais adequada, do apanhado do cabelo e do perfume para estar pronta. Respirei fundo, mas os nervos tremem em todo o meu corpo, o coração só dá palpitações, o suor é miudinho e os tremores misturados com calafrios. Os nervos parece que tornaram o tempo muito rápido, num piscar de olhos faltavam meros minutos, o coração dispara com o medo de ouvir o bater na porta, porque isso significa que ele chegou e em breve irei conhecê-lo. Se ele não gostar de mim, estarei arruinada e mais ninguém quererá casar com uma rejeitada, por isso, tem de ser tudo perfeito.

Quanto mais depressa falasse, mais depressa batiam na porta e quando ouvi o bater na porta, soube que o momento chegou e que tinha de ser perfeita. Dei um último ajuste no cabelo, ajeitei o vestido, fechei os olhos momentaneamente e respirei fundo, o meu pai estava bem vestido com os braços atrás das costas em sinal de ordem enquanto a mãe estava num ar sério e luxuosamente arranjada, quase a fazer concorrência a mim. Abri a porta e abri o melhor sorriso que tenho, ali estava ele, bastante sorridente e meio desajeitado, honestamente pensei que seria um homem mais ajeitado e rico, mas já tendo 20 anos e não me posso queixar.

Continuei a sorrir porque não tenho grandes opções, ou aceito o que há ou fico solteira, por isso, encaminhei-o para a mesa enquanto os meus pais já estavam a sentar-se, deixaram-no ficar de frente para mim, o que me deixou desconfortável porque apesar do seu olhar carinhoso, ele tinha uma postura de homem de poucas poses e isso significa que não ia ter uma vida melhor que esta. Ele não é muito atraente, mas serve para casar e não ficar com reputação de má esposa, ele sentou-se a aguardar que o servisse como boa esposa. Servi-o cuidadosamente e servi também os meus pais, sendo a última a inicial a refeição, que curiosamente, estava muito bem feito. Comemos um pouco e quando terminamos, o meu pai começou a fazer as questões para organizar o contrato de casamento:

O Amor e a Morte, vencem o mais forte (Edição Especial)Onde histórias criam vida. Descubra agora