Capítulo 9 (Júlio Duarte - 16 anos)

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O sonho começou a ser constante e cada vez que acordava, tinha que tentar esconder o desejo e excitação que tinha, mas o pior era estar na mesma divisão que ela e que o meu pai, estarmos a jantar e parar para olhar para os ombros dela sabendo que no meu sonho ela está de camisa de dormir de ceda e eu sinto o seu corpo contra mim. De repente a cabeça já não está ali na hora de comer, mas sim no sonho em que ela é só minha e eu posso senti-la, posso tocar-lhe e sentir o seu perfume. E aí, fico estático com os olhos parados e fixos nela, as imagens passam-me na mente como um filme e o corpo fica todo acelerado, com suores e uma desejo inconsolável que não sei explicar. Nesses momentos, sinto-me mal porque é o meu pai que me acorda dos pensamentos e eu estou a desejar a mulher dele...

Ultimamente, termino de comer e vou para o quarto, não consigo conviver com o meu pai sabendo que passo as noites sonhando e desejando a tia Sara na minha cama, é como uma traição à única pessoa que ficou comigo desde que a mãe se foi embora, mas não consigo evitar e esta sensação persegue-me porque eu sei que temos idades próximas e ela poderia ser facilmente minha namorada. No quarto, perco-me imaginando e revivendo o sonho uma e outra vez até enlouquecer com o suposto cheiro do perfume, o corpo dela colado nas minhas costas, a sua voz e muito mais... Ai fico completamente perdido de desejo por ela, revejo cada pedaço da sua pele e imagino-me a beijá-lo, mas depois sinto-me culpado por estar a perder-me de desejos pela mulher do meu pai, cobiçando-a como se fosse uma mulher qualquer e não a mulher dele, e também minha tia.

E esta manhã quando fui tomar o pequeno-almoço, ela estava com uma camisa de dormir muito semelhante à aquela do sonho, imediatamente, despertou-me a atenção e o desejo, os movimentos suaves e toda aquela pele, ela estava tão perfeita que pensei que ainda estivesse a dormir e era outra versão do sonho, mas não. Peguei o pão de cima da mesa e fiquei encostado às costas dela, o perfume entrou-me pelo nariz e fez-me salivar, o tecido suave favorecia o melhor dela e do nada, olhei para ela e ela para mim. Foi estático, engoli em seco e pareceu-me ver uma pontada de desejo nela também, os lábios dela estavam entreabertos e bastante hipnotizantes, mas não estiquei mais a corda e retirei-me de trás dela para me sentar. Mas o ambiente permaneceu estranho, sentia-se um certo desejo e tensão no ar, como se estivesse para acontecer alguma coisa, mas ninguém tomava a decisão. Limitei-me a fingir que não me apercebi disso, comi e fui para a escola, ma sei que ela me olhou de outra forma quando saí, acho que ela descobriu que sentia desejo por ela.

Desde aí, ela tem me evitado todo o dia, quase como se tivesse nojo de mim ou medo, não sei bem, e isso fez-me sentir muito mal, horrível e culpado de andar com pensamentos impróprios sobre ela, por causa disso estragar uma boa relação de amizade que existia entre nós. Sempre que descia do quarto e ela me via, fixava o olhar e em segundos falava alguma coisa e desaparecia para ir à casa de banho ou há rua, senti-me uns monstro ou um doente que ninguém quer ter por perto. Ainda tentei falar com ela, mas ela não respondia nem dava atenção, senti-me completamente idiota e ignorado, por isso, tranquei a cara e deixei-me ficar no quarto, bati a porta com força para mostrar o meu descontentamento e esperei até o pai chegar para ver se ela mantinha uma fachada e me chamava para comer ou mandava ele vir aqui. Tal como previa, pediu que o meu pai viesse chamar-me com o pretexto de "não saber se poderia estar nu" e fazia sentido ir um homem chamar-me, abanei a cabeça em sinal de não entender esta situação e considerá-la estupida, mas mantive esses pensamentos exclusivamente para mim.

Foi durante o jantar que me apercebi que algo tinha mudado nela, que ela tentava não olhar para mim, não me respondia diretamente e estava um ambiente muito doentio e de culpa, como se ela quisesse que eu admitisse perante o meu pai que estou na adolescência, mas a verdade é que não lhe toquei e ela não tem motivos para se armar em santinha. Também anda por aí expondo o perfume cheiroso e sensual, veste camisas de dormir ainda de manhã mostrando a pele e no fundo, mostra-se toda desejosa, mas não tem coragem de mostrar a rameira que é e depois banca de anjinho inocente. Honestamente, dá-me vontade de mostrar ao meu pai a verdade por trás desse fingimento, mostrar que ela também se fez a mim e que ela está a ter pensamentos infiéis contra ele, mas se desse a minha opinião, o meu pai não acreditaria ou nem fazia nada.

O Amor e a Morte, vencem o mais forte (Edição Especial)Onde histórias criam vida. Descubra agora