Capítulo 10 (Júlio Duarte - 16 anos)

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No dia seguinte, acordei mais feliz do que o normal e depois lembrei-me que ontem tinha conseguido por a tia Sara na linha como manda o pai, ela teve medo e ficou no seu lugar, por isso, acho que fiz o meu trabalho como homem. Sinto-me orgulhoso porque mantive a honra do pai e finalmente, ela tinha percebi que não era tão santa e que se fugisse na linha, iriamos ter problemas. Vesti-me e preparei-me para tomar o pequeno-almoço, hoje sinto-me revigorante e honestamente, muito feliz e em paz, finalmente já não tenho este desejo cego por ela, algo que só poderia ser feitiçaria dela. Ela enfeitiça o homens e devia de ser castigada por despertar sentimentos do diabo, mas em breve ela pagaria também por andar a comentar atos de Satanás.

Desci tranquilamente e muito empenhado pelo que o dia iria reservar, desci estrondosamente e feliz, mas quando cheguei ao andar de baixo, não havia nada na mesa, estava completamente vazia. A paz que sentia transformou-se em raiva e só me apetecia descarregá-la na incompetente que deveria garantir a alimentação da família, ela estava a desafiar-me a paciência e a ver se volto a bater-lhe, a raiva volta a remoer-me por dentro, faz pulsar o sangue e os nervos à flor da pele. Ela ia pagar muito caro! Virei rapidamente a esquina para a cozinha e não encontrei ninguém, a raiva ficou maior e quando cheguei à sala é que reparei num papel que avisava o pai tinha saído e só voltava daqui a uns dias. Então fez-se luz na minha cabeça.... Estávamos apenas eu e ela em casa!

O cérebro trabalhou a nível abismal e percebi que se ela não estava aqui, só poderia estar no quarto deles dormirem, por isso subi de novo na ânsia de a confrontar com esta atitude pouco digna de mulher. A porta estava fechada, mas nem bati, limitei-me a abrir a porta de rompante porque ela não tinha direito a privacidade se não cumpria os seus deveres. Entrei desvairado e só depois que vi que o quarto estava vazio, a cama feita e a janela aberta para entrar o sol, ela já tinha saído há algum tempo e provavelmente quando o pai foi embora, mas preferiu nem me avisar depois de tê-la colocado na linha.

Fez de propósito para sair com ele e não ficar a sós comigo, fez disso a desculpa para não cozinhar nem deixar aviso prévio, mas ela vai saber o peso dos seus atos. Ela gozou com a minha cara e eu nem reparei nem ouvi, mas detesto que gozem comigo, por isso, irei esperar até regressar.... Soltei a raiva e o instinto bruto sobressaiu, desfiz os lençóis, abri as gavetas e espalhei pela cama, deitei abaixo as fotografias e rasguei algumas das suas roupas para que parecesse uma galdéria. Deixei a porta aberta e deixei a minha própria roupa espalhada pela casa, umas calças na cadeira da sala, uma camisa no sofá, umas meias no chão e depois, fui embora. Peguei nas minhas coisas e fui embora para a escola, iria ter de comer alguma coisa pelo caminho porque ela é uma desleixada, mas aproveitei esse momento para fazer propaganda contra ela.

Cheguei ao café que faz esquina, o mesmo café que sempre conheci pelo seu balcão no meio do café, um balcão que ia até ao fim do café, fazendo tipo um ovo. As casas de banho como se fosse um bar do Texas, todo feito em madeira e as decorações são foices e outros utensílios da agricultura, mas o melhor é o pequeno baloiço com espelho que fica na parede para que o papagaio cinzento e vermelho poça voar dentro do café, receber uns mimos e ir lá acima comer e ver-se ao espelho. O café fica mesmo em frente à escola, pedi ao balcão uma sandes de manteiga e um copo de leite, a senhora Maria já me conhece desde que nasci, inclusive sabe a história toda dos meus pais, mas também é uma fala barato e conta a vida de toda agente, portanto sei bem que ela trataria de partilhar o mexerico e nunce se lembrar de onde veio. Ela sorriu-me carinhosamente e fez um ar de confusa porque não é normal eu parar aqui pela manhã, apenas nas pausas das aulas, isso deu impulso para ela começar a conversa (fazendo quase o meu trabalho todo de espalhar a notícia):

- Então rapaz, hoje não te deram comer em casa? – perguntou ela com uma pontada de curiosidade.

- Não, hoje quando saí de casa nem tinha comida. A tia Sara saiu e pronto.

O Amor e a Morte, vencem o mais forte (Edição Especial)Onde histórias criam vida. Descubra agora