Clara acordou com o som de mensagem do seu celular. Ela pegou o celular, pensando que fosse uma mensagem de algum amigo da sua rede social. Era do aplicativo de encontros.
- Ué, tenho um candidato a namorado. Hum, que interessante. Vamos ver quem é o felizardo. – Disse bem humorada.
- "Olá, gostaria de ter um encontro com você e te fazer uma proposta tentadora. Vejo você na sexta às dezessete horas num Café em frente ao monumento central. Até lá." – Seu maxilar caiu e permaneceu assim por alguns segundos.
- Que mensagem doida é essa? – Ela releu a mensagem mais algumas vezes e quanto mais ela lia, menos acreditava que alguém mandaria uma mensagem dessas para um primeiro encontro. Mas isso só aguçou a curiosidade dela. – "Vejo você na sexta feira às dezessete horas". Ele nem perguntou se posso ir, se estou a fim de ir. Como isso é possível? – Ela estava tão impressionada com a mensagem seca e direta que se esqueceu de olhar a foto do perfil do "seu futuro namorado". – A foto! Vamos ver quem é. Ah! Claro, tinha que ser japonês... Isso explica tudo, mas que homem lindo... Só pode ser um perfil fake, não é possível um homem tão bonito desse jeito ser solteiro. Trinta e quatro anos. Empresário. Tem alguma coisa errada... Já que ele foi tão direto assim, farei o mesmo. – No perfil não tinha nenhuma outra informação além da foto, idade e profissão. Ela respondeu apenas um "Ok". – Não perco esse encontro por nada desse mundo!
Clara Blinov tinha pais ucranianos, mas nasceu no Brasil. Ela tinha trinta e dois anos e era filha única. Os pais dela vieram para o Brasil, logo após se casarem. Chegaram aqui na segunda metade da década de mil novecentos e oitenta, vieram tentar a sorte num lugar distante, por causa do grave acidente em Chernobyl, que era bem próximo de onde eles moravam. Estabeleceram-se em São Paulo e abriram uma loja de produtos importados. Estavam indo bem, no entanto quando Clara tinha dezoito anos, sua mãe morreu de câncer, talvez provocado pelo contato com a irradiação antes da chegada deles aqui. Três anos mais tarde seu pai também veio a falecer pelo mesmo problema. Estava confirmado; a irradiação encurtou a vida de seus pais. Desde então ela vive sozinha. Quando seu pai morreu, ela recém tinha terminado a faculdade de administração e transformou a lojinha da família numa grande importadora de produtos eletrônicos, seu principal fornecedor era o Japão. Ela era alta, magra, com longos cabelos avermelhados como o fogo, incríveis olhos azuis e feições delicadas. Gostava de comida apimentada e dificilmente haveria algo que ela não comeria. Ela não gostava muito de cozinhar, por causa da bagunça que ela aprontava na cozinha. Era algo que ela precisaria trabalhar. Seu apartamento era bem próximo à sua loja, não era muito grande, mas bem organizado e ela mesma fazia a faxina. Não gostava de estranhos andando por sua casa. Tinha personalidade marcante e um senso de justiça bastante aguçado. Às vezes tinha problemas por não saber ficar calada na hora certa, ela se expressava com eloquência e tinha uma resposta pronta para tudo. Por causa dos negócios, teve que aprender japonês, pois ela frequentemente tinha que ir ao Japão tratar de negócios. Eles ficavam impressionados com o perfeito japonês dela e ela também escrevia muito bem. Nunca teve um namorado sério, ela achava os rapazes da sua idade bobos e com interesses fúteis. Rosana, sua gerente e melhor amiga que lhe sugeriu se cadastrar num aplicativo de namoro. Quem sabe ela encontraria o grande amor de sua vida? Ela só se cadastrou para agradar a amiga, mas não tinha esperança de encontrar ninguém e mesmo se encontrasse, provavelmente seria um desses bobões que ouve música alta no carro em velocidade... Bom, alguém se interessou pelo seu perfil. Ela pegou o telefone e ligou para Rosana imediatamente.
- Você está sentada? – Perguntou à amiga, fazendo mistério.
- Clara, mas o que aconteceu? – Preocupou-se ela.
- Calma, relaxa. Recebi uma proposta de namoro pelo aplicativo.
- Sério? – Rosana arregalou os olhos e colocou a mão na boca. – Me fala, como ele é?
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Contrato de casamento
RomanceO que você faria pra realizar o sonho da sua vida? Clara aceitou casar-se com o excêntrico Paulo Matsumoto para conseguir dinheiro e ampliar a sua loja em um shopping. Mas até que ponto os negócios não serão afetados por sentimentos nobres que começ...