Capítulo 5

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- Sim, está dando tudo certo, minha família gostou muito dela. Não se preocupe ela não vai nos dar trabalho. Assinamos o contrato essa semana. Em breve estaremos casados e poderei assumir a presidência na próxima reunião dos acionistas o mês que vem.

Clara entrou de novo no banheiro para que ele não a visse. Ela se sentiu péssima. A frase "ela não vai nos dar trabalho" não saía de sua cabeça. Seu estômago revirou e ela quase vomitou. Ela lavou o rosto com água fria e molhou os pulsos. Por que se sentia assim? Sentiu raiva de si mesma por estar com esses sentimentos que ela não sabia. Ela está participando de um negócio. Ele não mentiu para ela. Isso não é um casamento de verdade, ela vai receber a maior grana, então estava tudo bem. Sua loja no shopping seria aberta, mas por que ela não estava feliz? Mesmo assim ela respirou fundo, enxugou o rosto e saiu. Paulo estava procurando por ela, Lucas queria mostrar algo para ela. Ela pediu desculpa com o semblante sério e foram até onde Lucas estava. Paulo percebeu a mudança de comportamento dela, o que será que foi? Quando ela viu Lucas ela forçou um sorriso e ele a puxou pela mão para mostrar o desenho dela que ele tinha feito e ele queria que ela levasse o desenho com ela.

- Você pode me levar pra casa, por favor. Não estou muito bem. – Disse secamente.

- Você está com alguma dor? Precisa de alguma ajuda? – Perguntou Paulo veramente preocupado.

- Nada sério, não se preocupe, só estou com dor e cabeça. – Disse evitando e desviando o olhar dele. – Em casa eu tomo um remédio e ficarei bem logo.

Eles foram se despedir de todos e sob protestos de Aiko e Eiji foram para a casa dela. O trajeto até sua casa ocorreu sob um pesado silêncio. Clara permaneceu de olhos fechados e Paulo a observava a todo tempo, mas não ousou perguntar nada. Chegaram.

- Clara, porque você não me falou que falava japonês, eu estou realmente impressionado e...

- Por que eu falaria sobre a minha vida com você, você não é meu amigo, não é alguém que se importe, não tem nenhuma cláusula no contrato dizendo que sou obrigada a falar da minha vida pessoal a você.

- Clara, eu...

- Eu vou cumprir o contrato à risca, porque sou uma mulher de palavra, se tiver alguma mudança nos dias que devemos nos encontrar, deixe mensagem ou mande um e-mail. E não se preocupe, não vou dar trabalho a você e ao seu advogado. – Ela disse isso, saiu do carro e correu até a escadaria que dá acesso ao hall de entrada. Na hora Paulo percebeu que essa mudança de humor era porque ela tinha ouvido a conversa de alguma maneira. Mas por que ela estava tão zangada? Ele deixou bem claro que o que ele queria era uma esposa e não um relacionamento.

- Clara! Espere, Clara! – Ele gritou em vão. Ele saiu do carro para tentar se explicar, mas ela já tinha entrado e fechado o portão principal. – Droga! – Paulo entrou no carro visivelmente alterado e saiu a toda velocidade.

- Que idiota eu fui em ter concordado com essa loucura. E agora, o que vou fazer? E o pior, nem tenho ninguém para conversar... – Ela abriu a porta, se jogou no sofá e chorava copiosamente. Seu telefone tocava insistentemente, era Paulo preocupado. Ela jogou o telefone no chão e apenas chorava sem saber o que fazer. Depois de um longo tempo sem forças para qualquer ação, ela decidiu tomar um banho. Ela deixou que a água fria do chuveiro caísse sobre sua cabeça o que lhe fez bem. Após o demorado banho, ela foi para cozinha e preparou uma omelete. Ela sentou e comeu de forma automática, sua cabeça estava vazia. Pegou o celular, dezesseis chamadas de Paulo, nove mensagens e uma chamada de Rosana.

- Oi, você me ligou?

- Sim, né. Onde você passou o dia todo? Eu estava preocupada.

- Fui conhecer meus sogros hoje.

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