Capítulo 3

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Ela entrou na sala e se jogou no sofá. Ficou com o olhar perdido por algum tempo. Não sabia se estava sonhando ou se realmente isso aconteceu. Sentia-se vazia por dentro. Ela não conseguia definir as emoções que lhe atormentavam nessa hora. Estava frustrada, se sentindo péssima, a sensação de vazio tomou conta de seu interior. Duas mensagens chegaram e o som do telefone a trouxe de volta de seus pensamentos. Uma era de Rosana querendo saber se ainda estava no encontro, ela achou melhor ignorar, não tinha cabeça para falar com a amiga nesse momento. A outra era do aplicativo. "Esqueci de pegar seu número, anote o meu e me passe o seu, por favor. Paulo". Ela ficou olhando o telefone por alguns instantes sem forças para realizar qualquer outra ação. Um novo som de mensagem a fez piscar. "Me conte quando você chegar". Era Rosana. Mais uma vez ela ignorou a mensagem da amiga. Não sabia o que faria, mas nesse momento ela não queria conversar com ninguém. Ela adicionou o número que ele passou e respondeu a mensagem dele, passando o número dela, sem nem mais um comentário. Ela se levantou e foi para seu quarto. Um banho quente a faria bem. Apesar de não ter comido nada, não sentia fome. Após o banho, ela automaticamente secou os cabelos e deitou. Antes ela tomou um calmante para dormir, pois sabia que não conseguiria pegar no sono no estado em que ela estava. Funcionou, ela adormeceu em seguida.

Ela acordou com o barulho da chuva, não era nem seis horas ainda. A noite de sono lhe fizera bem. "Preciso reagir a essa tempestade de loucuras que vivi ontem, se eu contasse, ninguém acreditaria, é melhor manter segredo mesmo, ou vão achar que eu sou louca. Eu sou uma mulher de negócios, parece que vou usar minha beleza para ter algum beneficio, por que eu estava achando estranho? Eu tenho o que ele precisa, ele me paga e pronto. É apenas uma transação comercial. Não preciso ter sentimentos, vou ganhar uma boa grana e poder abrir minha loja no shopping. Não poderia ser melhor. Um ano passa rapidinho. Eu já não namorava mesmo, não vai me fazer falta nenhuma ficar mais um ano sem um namorado. Pronto! Vida que segue." Depois dessa mudança de atitude, ela se levantou e preparou um bom café da manhã, torradas com mel, omelete, frutas e café preto. Comeu, se arrumou e foi para a loja. Como sua casa não era muito longe, ela decidiu ir caminhando, era bem cedo ainda e Rosana nunca chegava antes das oito horas. Não poderia contar a Rosana sobre a negociação e sobre o fato dela se tornar em breve uma "esposa de mentirinha". Rosana certamente a criticaria e ela não tinha forças nem vontade de argumentar com a amiga. De qualquer maneira ela diria que foi maravilhoso e tudo correu bem. Apesar de elas serem amigas íntimas, Rosana era discreta e não faria qualquer pergunta inconveniente. Ela tratou de colocar um sorriso no rosto e começar o dia de trabalho de forma radiante. Como era sábado, ela ficaria no escritório só até a hora do almoço. A tarde ela iria correr um pouco, estava tensa e a corrida a ajudaria a dormir bem, sem remédios. Como ela já esperava, apesar de um pouco receosa, Rosana chegou cheia de perguntas e queria saber se ele era real de verdade. Como Clara já estava com os pensamentos mais organizados e o choque já havia passado, foi fácil contar como foi o encontro. Óbvio que ela não mencionaria a parte do casamento contratual. Ela foi discreta nas palavras e descreveu que ele era realmente lindo, muito educado e que talvez o namoro desse certo. Ela disse que eles teriam um próximo encontro também. Isso foi tudo. Como ela sorria bastante ao falar, Rosana não fez mais perguntas, para o alívio dela.

(...)

- "Incrível, até agora não acredito que ela não fez qualquer pergunta ou algum escândalo. Eu já estava preparado para esse tipo de comportamento, mas confesso que ela me surpreendeu. E como ela é linda. Ruiva natural, isso é muito raro. Acho que a primeira mulher discreta que eu conheço". – Paulo pensava consigo mesmo ao chegar em casa. Ele realmente estava satisfeito com sua escolha, ela superou as expectativas dele. Dificilmente uma pessoa conseguia essa façanha. As feições delicadas dela, a maneira discreta de movimentar e falar e aqueles incríveis olhos azuis. Era perfeito. Ele deixaria para apresentá-la para a família depois de mais um tempo, queria conhecê-la melhor primeiro. Selar o contrato, os exames e informações básicas antes de expor sua vida aos demais. O som de mensagem fez vibrar o telefone. Ele leu a mensagem que ela mandou. "Só isso? Apenas o número e nenhum outro comentário". No fundo ele estava um pouco decepcionado, queria que ela perguntasse mais ou argumentasse alguma coisa, mas ela permanecia discreta. Pensando com frieza, isso era muito bom. Não saberia como lidar com uma mulher que tivesse as emoções à flor da pele.

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