A reunião para a eleição da presidência correu tudo bem. Paulo tornara-se CEO do Grupo Eon e com isso, grandes e novas responsabilidades vieram. Os compromissos dele também incluíam Clara, que teve que mudar seus horários para poder acompanhá-lo em viagens e jantares. O Final do ano se aproximava e o movimento na importadora também. Clara mal tinha tempo de respirar. Ela teve que contratar mais funcionários para a loja e uma assistente administrativa para ajudar Rosana.
- Pronto, Clara. A listagem da mercadoria que chegou já está feita. Agora vamos passar para etiquetagem para ir para a loja e... – Rosana interrompeu o que estava falando, Clara estava com o olhar perdido em um ponto da parede e parecia que não a ouvia. – Clara, o que tá acontecendo? Tenho notado você um pouco aérea esses dias e até triste. Vocês brigaram? O Paulo fez ou falou alguma coisa que você não gostou? – Perguntou Rosana preocupada, deixando a pasta de arquivo de lado e se sentando perto dela. Clara a olhou com desânimo.
- Eu não sabia que ser esposa de um CEO fosse tão desgastante. Os compromissos sociais dele são inúmeros. Você mesma vê, eu nem paro aqui mais. Eu não sei se posso aguentar tudo isso. Agora eu sei porque ele precisava tanto de uma esposa. E não é só isso, Paulo tem uma personalidade forte. Ok, eu sabia disso quando me casei com ele, até a mãe dele me alertou e pediu que eu tivesse paciência. Eu posso lidar com isso, mas o que me deixa muito estressada é ele se meter na minha vida e decidir as coisas da maneira dele, sem me consultar, coisas minhas, particulares. Agora para não me cansar, ele manda pessoas em casa para me atender. Cabeleireiro, manicure, massagista. Se eu digo que preciso de alguma coisa, ele manda vendedores em casa com sacolas e mais sacolas para eu "escolher o que eu quiser no conforto do nosso lar", como ele diz. No começo eu achava fofo, mas isso está me irritando e ele sempre diz que é para eu não me cansar porque ele sabe da correria que se tornou minha vida. – Clara falava sem quase respirar, Rosana apenas ouvia. Ela deu uma pausa.
- Você já disse para ele o que você pensa sobre essa intromissão toda?
- Já, mas ele apenas fala para eu não me preocupar e não me cansar e que ele está apenas me protegendo. Então, para não desagradá-lo eu vou aceitando isso e agora não sei mais o que fazer. Nem sei mais quando foi a última vez que fomos ao cinema ou tomar sorvete. Nossa vida social é sempre jantares com outros diretores, presidentes de empresas e viagens. Eu não tenho mais vida própria. Eu não falo nada porque percebo que ele também está cansado e quero estar com ele e dar o apoio que ele precisa. Ainda bem que não vendi meu apartamento, às vezes vou pra lá e fico horas trancada lá pensando na minha vida.
- Clara, você disse que quer dar apoio a ele e quem te apoia? Se não fosse eu, com quem você estaria conversando? Com as esposas dos diretores, que também devem passar pelo mesmo problema? Eu acho que você deveria ser mais sincera com ele. Dizer o que você e pensa estabelecer limites. Afinal de contas você também tem uma empresa para cuidar. – Clara tinha cabeça encostada no ombro dela e permanecia calada.
- Tá tudo bem, poder falar com você, me ajuda muito. Pelo menos agora a correria é só aqui. Os diretores entrarão de recesso a partir de amanhã e Paulo poderá descansar mais. Ele queria que eu ficasse em casa também, mas fui bem sincera com ele. Não dá. Parece que ele entendeu. Mas e você e o Antônio, como estão?
- Muito bem. Ele também está mais ou menos no mesmo ritmo que o Paulo, mas bem menos compromissos. Ele vai tirar alguns dias de férias no começo de janeiro e ele quer que eu vá numa viagem com ele, mas eu já disse que não será possível. Temos que...
- Por que não? Esses novos funcionários já estão bem treinados e na primeira semana de janeiro eu vou estar aqui. Vá passar uns dias com ele, você merece, tem trabalhado muito e nem sei quando foi que você tirou férias a última vez. – Interrompeu Clara.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contrato de casamento
Storie d'amoreO que você faria pra realizar o sonho da sua vida? Clara aceitou casar-se com o excêntrico Paulo Matsumoto para conseguir dinheiro e ampliar a sua loja em um shopping. Mas até que ponto os negócios não serão afetados por sentimentos nobres que começ...