Capítulo 9

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- Clara, Clara! – Chamou Rosana pela segunda vez. – O que está acontecendo com você? Você passou o dia aérea. – Observou Rosana entre divertida e preocupada.

- Desculpa, eu tô um pouco preocupada com o Paulo. Está acontecendo alguma coisa na empresa dele. Ele foi chamado às pressas, ele disse que me ligaria assim que terminasse e já são quase cinco horas e até agora ele não ligou.

- Ah sim. Não fica assim, se ele falou que ele ligaria, ele vai ligar. Espera mais um pouco se até a noite ele não ligar, você liga para ele, não é possível que ainda estejam em reunião até a noite.

- Você tá certa. Não me resta nada além de esperar.

- Clara, nós estamos com dois problemas graves aqui também. Eu estava esperando você melhorar um pouco para te falar isso. – Rosana colocou uma pasta sobre a mesa. Clara olhou séria para ela, com preocupação.

- O que aconteceu?

- Temos dois funcionários que pediram conta e vão nos levar na justiça porque eles dizem que o acerto que o RH fez não está correto, pedem porcentagem de vendas, alegam que não foi paga horas extras e também irregularidade na contratação. O valor que eles estão pedindo é exorbitante. E como você bem sabe, a justiça brasileira sempre privilegia o empregado e não o empregador. Além disso, estamos sendo processados por um cara que comprou um drone. Ele usou o drone de maneira inadequada, por causa disso, o drone parou de funcionar, daí, ele mesmo abriu para consertar e claro que piorou, agora ele quer que a garantia cubra o que ele quebrou, sendo que ele não poderia mexer no aparelho. Se ele detectou irregularidade, ele deveria trazer o drone aqui e óbvio que o trocaríamos. Precisamos de um BOM advogado. O que faremos? – Disse ela preocupada.

- Eu não acredito nisso... Você que assinou a rescisão desses dois funcionários? – Rosana afirmou. – E o que eles estão pedindo é justo?

- Claro que não. Eles estão agindo de má fé. A Karen do RH analisou o pedido deles e não tem nada errado com a rescisão, temos todos os documentos, mas como eles vão levar para a justiça, precisamos de um advogado.

- E como você descobriu que o cara do drone abriu ele mesmo o drone?

- Ele veio aqui na loja e o Carlos, o funcionário que vendeu o drone para ele, analisou o aparelho e descobriu que tinha sido violado. Eu gravei tudo. Esse caso será mais fácil resolver. – Clara estava passada.

- Não sei o que faremos, vou procurar um advogado amanha mesmo. Vamos para casa, não tenho mais cabeça pra pensar em nada hoje...

- Você quer ir comer lá em casa?

- Não, minha amiga. Eu vou para casa, quem sabe o Paulo liga, eu fiquei preocupada.

Clara decidiu ir caminhando para casa, quando ela estava na calçada, o Bentley branco parou na frente dela. Ela arregalou os olhos. Paulo abriu a janela e fez um sinal para ela entrar no carro. Ela correu até ele.

- Paulo! Como vai? Você está bem? – Perguntou entrando no carro.

- Agora sim. Preciso falar com você.

- Vamos para minha casa, pode ser? – Ele concordou.

Chegando lá, Clara fez um chá e os dois se sentaram no sofá.

- O que aconteceu? Eu passei o dia preocupada com você. 

- Como você sabe, o Henrique é projetista de navios. Ele fez dois projetos para uma subsidiária do Grupo Eon e o projeto dele foi alterado para nos prejudicar. A alteração foi criminosa e os engenheiros responsáveis pela execução não perceberam o grave erro e construíram os navios, um deles acabou de afundar hoje com quase trezentos funcionários na Costa do Marfim. Graças a Deus não houve vítimas por causa das rígidas normas de segurança, todos se salvaram, mas toda a mercadoria se perdeu e o navio afundou. Agora a empresa que comprou o navio está processando o Grupo Eon, além do mais, o governo da Costa do Marfim, está nos processando também pelo imenso dano ambiental que os produtos químicos causaram em quase todo o litoral do país. Meu pai, o Henrique e eu estamos indo para Yamoussoucro, capital do país para conversar com as autoridades locais e nos defender. Estamos juntando documentos e fazendo uma pesada investigação. Assim que tivermos tudo em mãos, iremos, acredito que em uma semana ou dez dias, vai depender da investigação. O outro navio deu problema antes mesmo de começar a funcionar, o dano não foi tão grande, mas repor um navio, não é como repor uma TV com problemas. Os gastos de tudo é uma fortuna, também teremos que investigar e ver quem foram os responsáveis por tudo isso, O Antônio acredita que seja um órgão só. Nos próximos quinze dias não terei muito tempo para te ver. Todos ainda estão no meu escritório e não temos hora para sair de lá. Eu pedi para sair só para vir aqui te contar o que aconteceu, porque imaginei que você estivesse preocupada. Tô indo voltar para lá. – Clara tinha os olhos arregalados e mal respirava.

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