Capítulo 15

272 23 53
                                    


- Por que esse riso bobo estampado na sua cara? – Clara perguntou, mas já sabia que Antônio tinha algo a ver com essa felicidade toda.

- Olha quem fala... Você não para de olhar esse relógio desde manhã. – Respondeu Rosana rindo da expressão de "ofensa" que Clara fez. – É hoje que o Paulo chega?

- Sim, às dezessete e cinquenta.

- E você não vai ao cabelereiro se arrumar para esperar seu marido?

- Vou sim, daqui a pouco tenho um horário marcado. Você não me respondeu o porquê dessa sua felicidade toda...

- Eu e o Paulo estamos namorando! – Declarou à amiga. Clara colocou as mãos na boca num gesto de surpresa.

- Que notícia ótima! Estou feliz por vocês.

- Obrigada. – Respondeu sem parar de sorrir.

(...)

De longe Clara identificou um japonês alto com cabelos em desalinhos, olhando para todos os lados procurando por alguém. Seu pai e Henrique vinham logo atrás. Henrique falava ao telefone. Ele despediu-se rapidamente do pai e do irmão e já estava com o celular na mão para ligar quando ele a viu. Clara sorria ao ver a impaciência dele. Ele correu até ela e a rodou no ar com um abraço apertado que expressava toda sua saudade.

- Você não imagina como é bom te ver. – Disse com a boca colada na dela.

- Também estava com saudades, senti muito a sua falta. Fizeram boa viagem?

- Sim, foi muito proveitosa. Não só conseguimos nos justificar, como conseguimos uma importante parceria com o governo da Costa do Marfim. Os quatro sabotadores estão presos e serão julgados por crime internacional. – Os dois seguiam abraçados para o estacionamento do aeroporto. – E como foi o processo do seu ex-funcionário?

- Tudo bem e muito mais fácil que eu imaginei. O Antônio é mesmo excelente. Você tinha razão. Ah, ele e a Rosana estão oficialmente namorando. – Informou sorridente.

- Sério? Então o Antônio realmente estava falando sério quando disse que queria mudar essa vida vazia dele. – Durante o trajeto Paulo foi contando para ela como o país era bonito e sobre as novas parcerias que eles haviam fechado também. Chegaram.

- Você com fome? – Ela perguntou, mas ele nem respondeu e praticamente a arrastava para o quarto. – Paulo, o que foi? – Ela corria para acompanhá-lo.

Ele a abraçou, sem dizer nada e sua boca foi de encontro da dela. Como se fosse o primeiro beijo deles. Ele a suspendeu pela parte interna das coxas e foram até a cama sem deixar de beijá-la. Clara correspondia ao beijo cheio de saudades na mesma intensidade. Ele desabotoou o vestido que ela usava e num gesto delicado deslizou as duas alcinhas ombros abaixo e seguia explorando com os lábios e a língua um caminho por seu pescoço, colo e costas. Ela murmurava baixinho reagindo intensamente a trilha de fogo que sua boca ia traçando em suas costas, seios. Ela se agarrou ao pescoço dele e seu corpo arqueava involuntariamente ao toque apaixonado dele. Amaram-se com intensidade e dormiram um nos braços do outro.

Clara acordou. Paulo não estava no quarto. Ela abriu a porta e o cheiro de ovos mexidos e torrada, a fez insalivar. Ela foi para a cozinha e ele estava de costas pegando algo no armário. Ela parou por alguns instantes maravilhada com os músculos das costas dele sem camisa. "Meu Deus, ele é meu marido"... Correu até ele e o abraçou de costas. Ele virou-se, a suspendeu e a colocou sentada no balcão da cozinha, dando-lhe um beijos de bom dia.

- Você dormiu bem? – Ela perguntou.

- Sim, muito e você? Tá com fome?

- Insanamente faminta. E sim, dormi muito bem. – Ele a desceu do balcão e foram para mesa comer. – Você vai trabalhar hoje?

- Não, de jeito nenhum. – ele respondeu já olhando para ela informando não verbalmente que ela também não iria. – Vou passar o dia com a minha esposa.

- O que tá acontecendo com você? – Ela estava realmente surpresa. Pois sabia quão workaholic ele era.

- Não está acontecendo nada, só estava com muita saudade e quero apenas passar o dia deitado com você no sofá. E também tenho dificuldade de lidar com o fuso horário.

- Não vou nem perder meu tempo discutindo com você. Não vou ganhar mesmo. Ok. Vou ligar pra Rosana avisando que não irei pra loja hoje. – Comentou bem humorada. Ele sorriu contente. Eles terminaram o café e ele a puxou até o sofá. Ela sentou e ele se deitou no seu colo. E como sempre ele colocou a mão dela nos cabelos dele. Ele a olhava intensamente, sério enquanto ela falava ao telefone com Rosana e acariciava seus cabelos.

- Sabe aquele dia que você me disse que o Antônio estava interessado na Rosana? – Perguntou assim que ela desligou o telefone. – Eu senti uma ponta de inveja deles.

- Por quê?

- Porque eles estavam felizes, pareciam que iam ter um relacionamento normal e nós não tínhamos. Pensei que nunca poderia te tocar, ter você nos meus braços como tenho agora. Isso me entristeceu.

- Isso já passou. Por que você fica pensando nessas coisas? – Quis saber com doçura na voz.

- É verdade. É tão bom estar aqui com você que às vezes nem acredito que isso é real. – E abraçou sua cintura de olhos fechados, ainda no colo dela. De repente ele se levantou e foi até o escritório trazendo uns papéis e um isqueiro, trazendo junto um cestinho de lixo. Clara o olhava intrigada.

- O que é isso?

- Nosso "contrato de casamento". Clara, desculpe a minha insensibilidade de ter tido coragem de te fazer uma proposta dessas. Por causa desse contrato e de minhas palavras, eu provoquei grande sofrimento para nós dois. Eu não quero mais ver esses papéis na minha frente. A única coisa que eu quero de você é seu amor e sua companhia. – Clara o olhava sem saber o que dizer. Estava emocionada. – Posso queimar? – Ela assentiu.

- Imagina se sua família fica sabendo disso.

- Não só pela minha família, mas qualquer pessoa e por isso mesmo, vamos dar um fim nisso. – Ele pegou as duas vias do contrato e queimou, deixando as cinzas caírem dentro do cestinho de lixo. – Ele a abraçou aliviado.

- Vamos assistir a uma série? – Sugeriu com a cabeça no ombro dele.

(...)

- É hoje que vocês vão ao planetário? – Perguntou Clara.

- Sim. Acredita que eu nunca fui lá?

- Nem eu, apesar de amar astronomia. Vou falar para o Paulo me levar lá qualquer dia. Não tem mais nada importante agora, vá logo pra casa para se arrumar. Eu também já vou. O Paulo disse que tem uma surpresa para mim hoje. – Elas saíram e foram juntas para o estacionamento.

Rosana foi direto para um salão. Ela cortou um pouco os cabelos e fez as unhas. Antônio passaria para apanhá-la às dezoito horas. Eles veriam uma apresentação sobre astronomia e depois iriam jantar.

Quando Clara chegou em casa, havia duas pessoas esperando por ela. A funcionária da limpeza disse que aquelas pessoas estavam lá para fazer as unhas e cabelos dela. "Por que o Paulo fez isso? Eu já tinha horário marcado no salão hoje. Bom, deve ser mais uma das excentricidades dele". Apesar de não ter gostado muito da ideia, ela ligou para o salão e desmarcou seu horário. Paulo tinha ido visitar Lucas que não estava muito bem de saúde. Ele estaria em casa ao anoitecer. Quando ele chegou ela estava de unhas e cabelos arrumados.

- Você tá linda. – Deu um longo beijo nela.

- Por que você mandou essas pessoas para cá? – Perguntou cautelosamente.

- Apenas para você não ter que sair. Imaginei que você chegaria cansada. Só por isso. – Respondeu bem humorado. Clara o observava pensativa.

Contrato de casamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora