3 - Nada como uma visita ao lar

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Dois dias se passaram antes que Rosalie tivesse permissão de voltar ao seu apartamento. Dois dias vivendo a sombra de seu protetor, enfiada em um quarto de hotel. Nikolai a levou para fora da cidade, longe o suficiente para que estivesse segura e ninguém soubesse exatamente onde ela estava e ainda contava com dois homens gigantes que ficavam de vigia dia e noite. Ele a visitava ao menos três vezes ao dia, para garantir que ela não iria morrer de tédio, e cada visita era uma pequena tortura.

Ela podia jurar que, em toda a sua vida, nunca tinha sentido tanta falta do sexo. Todas as vezes em que ele chegava e o quarto se enchia com o cheiro de seu perfume, ela sentia seu corpo esquentar, implorando para que ele a tocasse. Quando a visita acabava, ela tinha de lidar com sua "frustração" por si mesma.

Porém, naquela manhã, ela viu a máscara de profissionalismo dele vacilar. Nikolai travou ao abrir a porta e encontrá-la estendida na cama, usando um pijama quase transparente. Estava distraída, com o rosto enfiado em um livro e fones de ouvido, deitada de barriga para baixo e com as pernas cruzadas na altura dos tornozelos. Rosalie levantou a cabeça, sentindo o olhar dele queimar sua pele. Um sorriso aliviado surgiu em seu rosto enquanto ela se levantava, quase correndo na direção dele.

Ele piscou, tentando se livrar da névoa causada por ela e pela quantidade tentadora de pele exposta bem na sua frente. Era incrível como Rosalie parecia não ter noção do quanto era provocativa, especialmente quando não estava tentando ser. Ela parou junto dele, seu calor irradiando pelo espaço vazio e fazendo com que Nikolai tivesse de respirar fundo. O cheiro dela impregnava aquelas paredes, doce o suficiente para fazer sua boca salivar.

Aquelas visitas estavam sendo uma fonte inesgotável de material para sua mente ociosa. Desde que tinha a conhecido, era difícil não imaginar qual seria a sensação de pegá-la no colo e fodê-la, invadir completamente aquele pequeno corpo sedutor e saciar seu tesão por aquela pela mulher. Ainda assim, ele se recusava a ultrapassar aquele limite.

Metade da sua relutância era porque ele conhecia Osman. Se o velho soubesse que ele tinha sequer beijado a garota, sua vida estaria em risco. E havia a sua moral. Ou o pouco que ainda restava dela. Rosalie estava doente. Muitos homens adorariam dormir com uma ninfomaníaca, mas Nikolai conhecia bem de perto os efeitos que um transtorno psicológico podiam ter.

Tirar vantagem dela não estava em seus planos.

Rosalie era seu trabalho. Um trabalho muito bonito que estava quase de joelhos aos seus pés, implorando por ele, mas ainda era um trabalho. Ele já tinha problemas suficientes na vida sem ter Osman querendo sua cabeça e sem a culpa de ter se aproveitado da doença dela para conseguir o que queria.

Ela estalou os dedos bem na frente de seu rosto, o tirando daquele torpor.

— Tem alguma coisa para mim, Ivanov? — perguntou, o tédio transparecendo em seu rosto.

Rosalie lançou um olhar para a sacola em suas mãos, tentando espiar.

— Vista-se — Nikolai respondeu em seu tom habitual autoritário.

Ela arqueou uma das sobrancelhas.

— Por quê? Minha quase nudez te incomoda?

Nikolai respirou fundo e lhe entregou a sacola, ansioso para acabar com sua tortura diária. Ela saltitou até a cama, satisfeita por ter uma nova distração.

— Que porra é essa? — Rosalie ergueu o macacão azul-marinho no ar.

Ela revirou o macacão, tentando encontrar um zíper. Não era preciso ser um gênio para saber que era grande demais e que ela acabaria parecendo uma criança.

— Recebi notícias do hospital. Nathan acordou, o que significa que temos que te tirar da cidade o mais rápido que pudermos. A polícia está fazendo uma "varredura" em seu apartamento. Vamos manter as aparências do seu desaparecimento. Isto, — ele apontou para as roupas com o queixo — é a sua chance de ir até lá e pegar tudo o que precisar antes de começarmos a viagem.

O doce sabor do pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora