24 - Amigas de terapia

212 38 2
                                    

— Alexandra conseguiu um substituto. Ela não vai voltar — Nikolai disse ao ver Rosalie entrar na sala.

Ela se apoiou contra o sofá, fechando o zíper da bota. Não podia dizer que estava triste com aquela notícia. Ainda não sabia bem o que tinha acontecido para que ela fosse embora, mas só de não ter que aguentar a megera já estava feliz.

— Não sei por que preciso de mais gente atrás de mim. Você e Eric não são o suficiente?

— Eu tenho outros trabalhos e Eric precisa de uma folga. Três pessoas já é uma segurança leve, confie em mim.

— Quando ele chega? — ela parou junto dele.

— Amanhã à noite.

— Tudo bem, vou me preocupar com isso amanhã. Agora preciso ir para a minha consulta obrigatória antes que meu pai apareça aqui e me arraste até lá.

Rosalie se colocou na ponta dos pés, esmagando um beijo rápido na boca dele antes de sair. O consultório estava vazio e cheirava a dinheiro. Tudo era claro, limpo e elegante. Sofás bancos estavam espalhados pelas paredes bege, com detalhes em dourado. O chão de madeira era reluzente e combinava perfeitamente com o balcão onde a secretaria baixinha se escondia.

A porta se abriu e uma garota alta entrou. Rosalie notou imediatamente o quanto ela era bonita, do tipo que fazia as modelos chorarem. Seu rosto era feito de linhas bem desenhadas, e seu cabelo ruivo, escovado e liso, a faziam parecer uma princesa. Ela acenou para a mulher atrás do balcão.

— Me desculpe pelo atraso. Meus vizinhos estavam transando como loucos as cinco da manhã e perdi o sono. Quando consegui descansar, acabei dormindo demais.

— Tudo bem, Nellie. Ela está te esperando — a voz baixa e infantil da secretaria respondeu.

— Obrigada — a ruiva sorriu e correu para dentro da sala.

Rosalie revirou os olhos. Então era por ela que estavam esperando? Exatos trinta minutos depois, ela saiu acompanhada de uma loira. As duas se despediram e a loira vasculhou a sala com os olhos.

— Rosalie? — Chamou.

Rosalie respirou fundo, levantando-se em um salto. Eric permaneceu onde estava, o olhar sempre focado na porta. Ela se arrastou para dentro da sala. A loira sorriu, fechando a porta atrás dela.

— Sou Camille Bernard — anunciou, lhe estendendo a mão. — Sente-se.

Rosalie sentiu um arrepio atravessar sua espinha. Os olhos dela eram quase dourados e pareciam estar desvendando cada pedaço de sua alma apenas olhando para ela. Camille se sentou do outro lado da mesa e agarrou uma das pastas em cima da mesa.

— Você não é muito nova pra ser uma psiquiatra? — Rosalie perguntou, fazendo-a sorrir.

— Sim, eu sou. Tecnicamente sou superdotada e também psicóloga, mas não gosto de me gabar. Seu pai me contratou para cuidar de você, mas não se preocupe. Tudo o que disser aqui vai ficar só entre nós.

— Como alguém como você termina trabalhando para alguém como meu pai?

O olhar dela endureceu.

— Todos temos segredos. Mas não estamos aqui para falar sobre mim. Como eu estava dizendo, nada do que você disser vai chegar aos ouvidos dele. Só tenho de dizer se você está vindo.

— Como isso vai funcionar, então?

— Eu faço as perguntas, você responde. De resto, vamos tentar entrar em um acordo sobre o que fazer. Vamos começar com perguntas simples. Quantas vezes por dia você tem pensamentos relacionados a sexo?

O doce sabor do pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora