8 - Brincando com fogo

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Rosalie suspirou irritada ao olhar para o relógio. Nikolai tinha desaparecido assim que ela saiu do carro e agora estava atrasado. Para alguém que dizia estar sempre preocupado com sua segurança, ele não parecia se importar em abandoná-la por mais de quinze minutos. Ainda assim, mesmo que estivesse sozinha, não conseguia afastar aquela sensação de estar sendo observada.

A cidade era, como Nikolai disse, uma cidade de subúrbio onde os herdeiros dos antigos fazendeiros ricos iam para se refugiar. O lugar mais seguro do país. Pessoas com dinheiro pagavam bem por sua segurança e isso podia ser visto em tudo o que eles usavam. Não era nada como os ricos de Nova York e sua ostentação criativa, mas dava para ver que tudo o que eles usavam era caro.

Estar em uma cidade nova, onde ninguém sabia quem ela era, trazia uma oportunidade nova. Aquela era a sua chance de ter uma vida quase normal pela primeira vez, de abandonar seu passado. Agora ela tinha novos documentos, com um novo sobrenome e uma nova história. Ainda não sabia ao certo o que ia fazer com sua vida, mas sabia que não queria voltar a ser uma prostituta.

Mesmo tivesse de admitir que aquele trabalho tinha suas vantagens, elas não eram o suficiente para cobrir o preço que vinha com a profissão. Gostava de pensar que aquela nova vida também podia ser uma oportunidade de melhorar ela mesma. Ela tinha comprado um dos jornais locais antes de ir ao ponto de encontro e agora se apoiava sobre uma caixa de correio, passando os olhos pelas notícias desinteressantes.

Tudo naquele lugar girava em torno de festas comunitárias, vendas beneficentes, jardinagem e declarações da prefeitura. O tédio subentendido nas notícias quase a fazia sentir falta dos assassinatos e roubos de Nova York. Fez uma bola com o chiclete de morango a estourou enquanto analisava os anúncios de emprego do jornal. Não havia nada que chamasse sua atenção, exceto uma psicóloga que precisava de uma assistente.

Aquilo poderia ser interessante.

— Olá, forasteira. Nova na cidade?

Ela levantou os olhos para encontrar o belo estranho parado ao seu lado.

Ele tinha cabelos castanhos desleixados, bagunçados com estilo ao redor de um rosto atraente. Era um pouco mais alto do que ela e esguio de uma maneira estranhamente sensual. Estava usando uma camisa dois números mais larga, os primeiros botões abertos propositalmente, ela podia ver alguns músculos escondidos.

Definitivamente bonito demais para ser ignorado. E também a primeira pessoa não branca que ela via naquela cidade.

Ele sorriu e soprou a fumaça do cigarro para longe dela. O cheiro a atingiu como uma bomba cheia de memórias. Brandon costumava gostar daquele mesmo tipo de cigarro chique e fedorento. Era impossível não pensar nele enquanto o estranho dava a volta na caixa de correio, chegando ainda mais perto.

— É tão obvio assim?

Ele enfiou as mãos nos bolsos da frente dos jeans, fazendo com que sua camisa semiaberta flutuasse e oferecesse uma bela visão da sua pele.

— Na verdade, não. Você se mistura perfeitamente, até certo ponto — ele apontou para si mesmo, indicando que sabia como era estar constantemente cercado por pessoas de outra etnia. — Mas conheço todas as pessoas mais bonitas daqui e definitivamente iria me lembrar de tê-la visto alguma vez na vida.

Rosalie quase revirou os olhos, aquele era um flerte muito fraco.

— Vai me cantar sem nem me dizer seu nome primeiro? — Arqueou as sobrancelhas, esperando por uma resposta.

— Ethan. Ethan Carter — ele agarrou sua mão, levando-a aos lábios em um gesto que era adorável e cafona. — Como se chama, senhorita?

— Rosalie — ela suspirou baixinho, receosa em usar seu novo sobrenome pela primeira vez. — Davis.

O doce sabor do pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora