4 - Uma pitada de segredos

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— Você vai me levar para o Kansas? Em um carro? — Rosalie perguntou ao se apoiar contra a traseira do carro.

A revelação tinha tirado completamente sua atenção de Nikolai, que carregava o carro com as malas. Ela já tinha passado dez minutos simplesmente assistindo os músculos dele se moverem enquanto ele trabalhava, quase não ouvindo nada do que ele dizia. Nikolai levantou o rosto para encontrar o olhar dela, que continuava a encará-lo com as mãos estendidas, para as unhas secassem.

— Sim. Algum problema com isso? — ele arqueou uma das sobrancelhas, apoiando as mãos na cintura.

— Deve levar pelo menos dois dias para chegarmos ao Kansas — continuou ela, sem se deixar abalar pelo que aquela pose de super-herói fazia com os músculos dele.

— Três, na verdade. A não ser que queira passar mais de dez horas por dia na estrada.

— Por que não pegamos um avião? Estaríamos lá em duas horas.

Nikolai revirou os olhos.

Ele estava colado nela antes que Rosalie pudesse piscar, perto o bastante para ver seus olhos arregalados por trás dos óculos escuros e sentir seu perfume doce agarrando-o pelo pau. Ela engoliu em seco, a respiração acelerando. Era difícil não se deixar levar por pensamentos impulsivos e inadequados quando ele parecia tão perigoso e sexy pra caralho.

— Tem ideia do quão fácil seria sequestrá-la em um aeroporto, Rosalie? — ela negou, os olhos ainda arregalados, quase o fazendo rir. — Sei o que estou fazendo. Confie em mim, essa viagem não vai ser tão ruim assim.

Ela sentiu seu coração disparar ao ver o sorriso carregado de ironia dele, quase abrindo um buraco em suas costelas. "Para você não vai ser. Para mim..." A mente dela disparou em resposta. Desviou os olhos para baixo, procurando evitar aquele olhar que trazia o pior dela a tona.

— Entre no carro, por favor — ele pediu em uma voz calma e suave, completamente estranha.

Rosalie levantou as mãos, colocando-as bem na frente de seu rosto, e quase borrando o esmalte ao esbarrar em sua pele quente.

— Não posso abrir as portas, minhas unhas ainda estão molhadas — o sorriso irônico dela espelhava o dele.

Nikolai soltou uma risada baixa, escondendo o sorriso ao baixar a cabeça. Estava perdendo a batalha contra ela e suas frases sarcásticas. Ele tinha acabado de se abaixar para pegar o baú que ela tinha insistido em trazer, quando a voz dela cortou o barulho da cidade.

— Cuidado com isso ai, Ivanov!

Ele revirou os olhos e, sabendo muito bem que tipo de reação isso provocaria nela, jogou o baú de dentro do porta-malas.

— Qual foi a parte do "cuidado" que você foi incapaz de entender? — resmungou, irritada, enquanto ele fechava o porta-malas.

— Não sou seu empregado, Rosalie. Trabalho para o seu pai, não para você. Além disso, o que tem de tão importante ali?

Rosalie levantou o rosto, um sorriso sínico brilhando nele.

— Vibradores. Algum problema com isso?

Ele definitivamente não esperava por essa resposta. Ela riu baixinho, adorando a expressão surpresa dele.

— Por que você precisa de vibradores? Já não tem sexo suficiente na vida?

Pensar nela, coberta de suor, corada e descabelada assim como na tarde anterior, dando prazer a si mesma, fazia com que suas calças se tornassem bem mais apertadas.

— Não trabalho aos domingos — Rosalie deu de ombros, ainda sorrindo.

Ele abriu a porta para que ela pudesse entrar no carro e tentou se afastar o máximo que o espaço permitia. Ela se espremeu entre ele e a porta, usando as unhas como uma desculpa para passar bem perto dele. Nikolai encarou seus olhos, segurando aquele momento de proximidade acidental ao máximo que podia. Rosalie se inclinou para a frente, fazendo seu cabelo roçar no braço que ele mantinha apoiado contra a porta.

O doce sabor do pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora